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30/11/2012 - 06h30

Israel não deve se preocupar, diz negociador

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ISABEL FLECK
DE SÃO PAULO

Israel "não precisa se preocupar" com a adesão da Palestina como Estado observador da ONU, avisa o negociador-chefe dos palestinos, Nabil Shaath. Segundo o alto funcionário, os palestinos não pretendem acionar o TPI (Tribunal Penal Internacional) por "crimes já cometidos".

"Se eles não vão cometer novos crimes, não têm com o que se preocupar", disse Shaath à Folha, durante rápida passagem por São Paulo.

Shaath, que veio ao país representar o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, no Fórum Social Mundial Palestina Livre, em Porto Alegre, diz que o Brasil é "importante candidato" a integrar uma eventual extensão do Quarteto para o Oriente Médio (EUA, Rússia, União Europeia e ONU).

*

Folha - O que realmente representa para a Palestina tornar-se Estado observador da ONU?

Nabil Shaath - É um reconhecimento internacional do nosso direito de ser um Estado nas fronteiras de 1967 [Cisjordânia e faixa de Gaza, ocupadas na Guerra dos Seis Dias], com Jerusalém Oriental como capital. Mas é um reconhecimento que deveria ter vindo em 1948, quando Israel foi reconhecida pela ONU. Os israelenses consideram que a nossa terra está sob disputa --o que significa que eles podem pegar o quanto quiserem dela. O reconhecimento como Estado nega a eles o direito de pegar nossa terra.

Tecnicamente, agora a Palestina pode levar Israel ante o TPI por crimes contra um 'Estado ocupado'. Há essa intenção?
Nós não vamos acionar o tribunal por crimes que eles já cometeram. Se eles não vão cometer novos crimes, não têm com o que se preocupar.

A ANP não participou das negociações do cessar-fogo entre Gaza e Israel. Isso a enfraquece politicamente?
Claro, mas o que podemos fazer? Desde 2007, Gaza tem um regime separado porque Israel se retirou de lá e a colocou sob um cerco, separando-a totalmente da Cisjordânia. Íamos sendo informados das negociações pelo Hamas, mas quem liderou foi o Egito.

A vitória na ONU pode recolocar a ANP como um ator político relevante?
Isso ajuda, obviamente. E é bem possível que, como resultado dessa guerra [os ataques entre Gaza e Israel] e dessa vitória nas Nações Unidas, haja uma união entre Gaza e a Cisjordânia. Imediatamente após a guerra, o Hamas apoiou o nosso pleito na ONU. No começo, eles eram contra. E já é possível perceber mais liberdade para o Fatah atuar politicamente em Gaza e o Hamas na Cisjordânia.

Dentro de um Estado, a Autoridade Palestina terá controle sobre os braços armados dos grupos de Gaza?
Nós não temos controle total em Gaza, mas entre 2009 e 2011, eles não atiraram nenhum foguete [em Israel]. Se os israelenses realmente anunciarem que querem se comprometer com os acordos que já assinaram, não haverá uma bala vinda de Gaza.

O Brasil fez campanha entre os vizinhos pela votação na ONU. Como veem esse apoio?
Foi fundamental. O Brasil nos ajudou não só reconhecendo nosso Estado em 2010, mas instando outros países a fazer o mesmo. Desde o presidente Lula, o Brasil se tornou um grande apoiador da Palestina.

Fala-se muito em expandir o Quarteto para melhorar sua eficiência. O Brasil poderia ser uma opção para integrá-lo?
Totalmente. Não só o Brasil, mas Índia, África do Sul, China e Turquia são importantes candidatos para um novo "Quinteto", "Sexteto" ou "Octeto". O Quarteto sozinho não conseguiu nada.

A Palestina vai tentar de novo se tornar um membro pleno?
Sim, quando os americanos decidirem não usar mais o veto no Conselho de Segurança.

O que deve demorar...
Não necessariamente. As coisas mudam.

 

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