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Vitória em pleito fortalece a ala militar do chavismo
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FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A CARACAS
A vitória do governo Hugo Chávez nas eleições estaduais de anteontem na Venezuela revelam que, além de quase todo vermelho, o país se tornou mais verde-oliva: 11 dos 20 governadores eleitos do chavismo têm origem militar.
A forte presença de ex-militares, muitos companheiros de Chávez desde a intentona liderada por ele em 1992, reforça a ala no governo no momento em que o presidente decidiu indicar um civil, o vice-presidente Nicolás Maduro, como herdeiro político.
"Quando Maduro foi apontado como sucessor, muitos viram uma derrota da ala militar. A vitória de ontem mostra que essa parte da coalizão governista está bem viva e reforçada", disse à Folha David Smilde, especialista em Venezuela e professor da Universidade da Geórgia (EUA).
Dado os baixos índices de popularidade de alguns governadores chavistas no poder, Chávez optou por vetar a tentativa deles de reeleição, pouco mais de um mês antes de, reeleito, se submeter à quarta cirurgia oncológica em Cuba, onde permanece.
A mistura de "dedocracia" --apontar ele próprio-- e olfato político montou um quadro com ex-ministros e muitos ex-militares que se mostraria exitoso nas urnas ao mesmo tempo que seria uma tentativa de construir um equilíbrio de forças e interdependência entre as áreas militar e civil do chavismo.
"Com exceção de poucos civis, Chávez mostra confiança nos militares", diz Ignacio Ávalos, diretor da ONG Observatório Eleitoral Venezuela.
Quatro governos que estavam com a oposição foram direto para a mão de militares, lembra Ávalos, incluindo Zulia, principal colégio eleitoral e coração petroleiro do país.
A eleição em Zulia de Francisco Arias Cárdenas, militar rebelde com Chávez em 1992 que chegou a romper com ele em 2000, merece análise à parte, diz Francisco Toro, blogueiro influente na oposição.
"Cárdenas tinha um governo paralelo em Zulia, com bastante dinheiro. Impossível andar por lá sem cruzar com um cartaz com a cara dele", diz.
NO CURTO PRAZO
Enquanto o governo tenta vender a vitória como o primeiro sucesso do "chavismo sem Chávez", cresce a avaliação de que a opção "lógica" seria optar por realizar novas eleições presidenciais no curto prazo, talvez no primeiro trimestre do ano que vem. Os motivos: o governo evitaria o ambiente econômico pior que se prevê para o ano que vem e aproveitaria o desnorteamento da oposição.
Para o cenário, no entanto, segue faltando uma variável crucial, o prognóstico de saúde de Chávez. O governo tem evitado criar a expectativa de que o presidente estará na posse de seu novo mandato, em 10 de janeiro.
Se ele não puder ser juramentado, a Constituição prevê que o presidente da Assembleia convoque novas eleições para em até 30 dias.
Enquanto isso, Maduro ocupa cada vez mais o palco presidencial. Ontem, após presidir cerimônia pelo aniversário de morte do prócer Simón Bolívar, pediu união "das forças patrióticas":
"Por amor ao povo, por amor a Chávez, vamos unir nossas forças para as batalhas que virão na construção dessa pátria, para blindar esse país frente ao imperialismo, para blindar frente à opressão midiática da imprensa burguesa", afirmou.
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