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Chanceler iraniano diz que o país prefere solução diplomática a confronto com EUA
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DA REUTERS, EM BRUXELAS
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, pediu nesta quarta-feira que as potências mundiais cooperem com o país em relação ao seu programa nuclear e afirmou que novas sanções não convencerão Teerã a abandoná-lo.
Falando durante uma viagem a Bruxelas, onde discutiu a atividade iraniana com o Parlamento Europeu, o ministro afirmou que o Irã estava pronto para seguir o plano de troca de combustível fechado por Irã, Turquia e Brasil, que recebeu críticas das potências ocidentais.
No entanto, Mottaki afirmou que o projeto iraniano de refinar o urânio em níveis mais altos, divulgado recentemente e que levantou suspeitas no Ocidente sobre as intenções de Teerã, seria ampliado pelo governo caso o país não conseguisse obter o material de outra forma.
"Definitivamente continuaremos com nossa produção de urânio (de grau mais elevado)", afirmou Mottaki durante um encontro no Centro de Política Europeia em Bruxelas.
Ao comentar as críticas sobre o programa de troca de combustível, Mottaki afirmou que Washington está relutante em buscar uma solução diplomática.
"Queríamos passar da postura com base no confronto para uma postura cooperativa. Agora acreditamos que há duas opções", disse ele a jornalistas.
"A primeira é essa iniciativa (turca e brasileira)...a diplomática. A outra é...baseada no confronto."
Mottaki encontrou-se com integrantes do Parlamento Europeu durante sua visita de dois dias, mas não com a chefe de política externa da UE, Catherine Ashton, que não se encontrava em Bruxelas.
Um porta-voz de Ashton disse neste mês que ela acredita que os esforços feitos pela Turquia e pelo Brasil poderiam ser um passo na direção correto, mas ainda permaneciam dúvidas sobre a proposta.
Reino Unido, França e Alemanha fazem parte de um grupo de potências globais que negociam com o Irã, que inclui ainda EUA, Rússia e China.
Potências mundiais
O Irã diz que seu programa nuclear tem fins pacíficos, mas as potências ocidentais suspeitam que o país planeja a construção de armas nucleares.
A República Islâmica começou em fevereiro a enriquecer urânio a 20%. Para a fabricação de bombas, o nível de pureza deve ser de 90%.
Sob o acordo mediado entre Brasil e Turquia em maio, o Irã enviaria 1.200 quilos de seu urânio baixamente enriquecido à Turquia, enquanto Teerã receberia urânio altamente enriquecido para seu reator médico. Teerã informou na ocasião, no entanto, que não pretendia abrir mão de enriquecer urânio por conta própria.
Os Estados Unidos disseram que o plano é uma tentativa de último minuto de Teerã de se desviar da pressão por sanções.
"A movimentação através do Conselho de Segurança vai matar essa iniciativa", disse Mottaki em Bruxelas. "Quando nós não precisarmos de urânio de 20%, não iremos produzi-lo."
"Eu não acredito que as sanções vão acontecer. Não há consenso", acrescentou.
Dúvidas
Enquanto as discussões sobre uma nova rodada de sanções ganham força internacional, um grupo de peritos de alto nível disse que as potências mundiais deveriam considerar seriamente o plano de troca de combustível recém elaborado, mesmo que ele não seja perfeito.
Os especialistas disseram que, enquanto o plano não conseguiu abordar os aspectos fundamentais do trabalho nuclear do Irã, abriria as portas para maior envolvimento diplomático.
No dia 31 de maio, um relatório de nove páginas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), afirmou que o Irã instalou um segundo conjunto de 164 centrífugas (máquinas de enriquecimento) para contribuir com o enriquecimento a 20%, mas que elas ainda não entraram em operação. O relatório anterior, de fevereiro, citava apenas um conjunto de centrífugas.
O Irã disse à agência que as máquinas adicionais vão dar apoio à operação de enriquecimento, permitindo que o material seja retroalimentado pelas máquinas. Analistas dizem, no entanto, que o sistema poderia ser configurado para ampliar a produção de combustível nuclear.
O último relatório da agência de inspeção nuclear da ONU reafirma a negativa do Irã em cumprir com requerimentos internacionais necessários para permitir conversas construtivas em seu programa nuclear, disse a Casa Branca.
"Este último relatório da AIEA claramente mostra o contínuo fracasso do Irã em cumprir com suas obrigações internacionais e sua sustentada falta de cooperação com a AIEA", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Hammer.
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