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03/06/2010 - 13h07

Israel teria conduzido matança e atirado corpos no mar, diz brasileira

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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Após a chegada de centenas de ativistas à Turquia, detalhes sobre o ataque de Israel ao comboio de seis navios que levavam ajuda humanitária a Gaza, que deixou nove mortos, começam a ser divulgados pelos sobreviventes que passaram por prisões israelenses antes de serem deportados.

Os membros da missão humanitária para Gaza atacada por Israel foram recebidos como heróis e chamaram de "matança indiscriminada" a operação das Forças de Defesa de Israel.

Murad Sezer/Reuters
Na Turquia, milhares acompanham funeral dos oito turcos mortos no ataque de Israel a barcos
Na Turquia, milhares acompanham funeral dos oito turcos mortos no ataque de Israel a barcos

Em entrevista à BBC Brasil, a cineasta brasileira Iara Lee disse que os israelenses teriam jogado corpos no mar.

Detida por tropas israelenses na ação militar, Lee relatou à BBC Brasil ter visto "muito sangue" e que começou "a passar mal" quando subiu ao convés do barco em que viajava.

Ela disse ainda que os atiradores de elite do Exército de Israel entraram no principal navio da frota, o Mavi Marmara, "atirando para matar".

"Era muito sangue, eu comecei a passar mal, tive ânsia de vômito e até desisti de procurá-lo." Iara disse à BBC Brasil que não testemunhou as mortes, mas que '"outras pessoas que estavam no barco contaram ter visto soldados atirando corpos no mar".

Desaparecidos

Em sua chegada ao aeroporto de Istambul procedente de Israel, o presidente da ONG islâmica turca IHH (Fundação de Assistência Humanitária), uma das principais organizadoras da flotilha de ajuda a Gaza, afirmou que há mais mortos do que os anunciados.

"Devolveram-nos nove corpos, as famílias vão identificá-los. Mas a lista de mártires é mais extensa", disse Bulent Yildirim.

"Há pessoas desaparecidas: nossos médicos entregaram a eles 38 feridos. Em troca, nos disseram que há apenas 21 feridos", denunciou.

Americano entre os mortos

Um comunicado do gabinete do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, confirmou a identidade das vítimas nesta quinta-feira. Todos eram homens entre 19 e 61 anos, e o mais jovem era de nacionalidade americana.

O jornal israelense "Haaretz" também confirma a informação de que os mortos eram oito turcos e um americano, ao contrário do que se divulgou inicialmente, quando acreditava-se que todas os corpos levados à Turquia eram de cidadãos turcos.

Os corpos foram entregues às famílias, após os exames forenses em Istambul.Especialistas citados pela agência de notícias turca Anatólia disseram que todos foram mortos a tiros e que um deles recebeu um disparo a queima-roupa.

As circunstâncias exatas das mortes poderão ser estabelecidas apenas após estudos que levarão um mês.

Relações Israel - Turquia

Ainda nesta quinta-feira o presidente turco, Abdullah Gül, afirmou que as relações da Turquia com Israel "nunca mais serão as mesmas".

A Turquia -- membro da Otan (Aliança para o Tratado do Atlântico Norte) -- era o maior aliado de Israel na região. Mas "a partir de agora, as relações nunca mais serão as mesmas", disse Gül durante uma visita à cidade de Corum (noroeste), informaram redes de televisão.

O mandatário afirmou que o ataque contra a flotilha deixará "sequelas irreparáveis" nas relações bilaterais, e acrescentou que "Israel cometeu um dos erros mais graves de sua história."

Israel, que enfrenta uma avalanche de acusações, rejeitou nesta quinta-feira uma resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU que aprovou a realização de uma investigação internacional a respeito do ataque.

"A autoridade desse Conselho que se posiciona mais uma vez de forma obsessiva contra Israel alcançou o zero absoluto", declarou à AFP o porta-voz do Ministério de israelense das Relações Exteriores, Ygal Palmor.

Mais tarde, no entanto, o chanceler israelense Avigdor Lieberman admitiu que Israel pode aceitar uma investigação com observadores internacionais, desde que seja liderada e chefiada pelo próprio Estado judeu.

Liga Árabe e EUA

O secretário-geral da Liga Árabe, Amir Mousa, anunciou ao término de uma reunião realizada na quarta-feira à noite no Cairo que os chanceleres árabes decidiram romper e desafiar "por todos os meios" o bloqueio israelense imposto à faixa de Gaza desde 2007, quando o movimento islamita Hamas tomou o poder nesse território palestino.

O enviado americano ao Oriente Médio, George Mitchell, pediu nesta quinta-feira para que a comunidade internacional não deixe que "tragédia" da flotilha humanitária aniquile os "progressos limitados, mas reais", das negociações de paz entre Israel e a Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia.

"Não podemos deixar que a tragédia desta semana saia do nosso controle e solape os progressos limitados, mas reais, que foram registrados", declarou Mitchell em Belém (Cisjordânia), em uma conferência internacional sobre investimentos na Palestina.

"O que aconteceu faz com que sua tarefa aqui e a vontade de seguir adiante sejam ainda mais cruciais", acrescentou.

Recepção

No total, 488 militantes do comboio marítimo, entre eles cerca de 50 não-turcos, chegaram a Istambul de madrugada a bordo de três aviões com equipes médicas, informaram autoridades do governo.

Eles eram aguardados no aeroporto por cerca de mil pessoas com bandeiras turcas e palestinas que gritavam palavras de ordem contra Israel.

Um C-130 do Exército grego levou à Grécia 35 militantes que estavam na flotilha. Chegaram também ao aeroporto de Argel 31 membros da delegação argelina procedentes de Amã.

Três militantes -- um irlandês, uma italiana e uma australiana -- permaneceram em Israel "por motivos técnicos" e outros sete passageiros da flotilha internacional ainda estavam hospitalizados em Israel.

Arte/Folha

COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

 

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