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03/06/2010 - 19h05

Morte deve aumentar pressão dos EUA sobre Israel, diz jornalista; leia íntegra do bate-papo

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DE SÃO PAULO

O jornalista Marcelo Ninio, correspondente da Folha no Oriente Médio, participou de bate-papo hoje (3) sobre o ataque de Israel à uma frota de navios com ajuda humanitária aos palestinos na faixa de Gaza.

Participaram do bate-papo 213 internautas. Veja a agenda de bate-papo do UOL.

O texto abaixo reproduz exatamente a maneira como os participantes digitaram suas perguntas e respostas.

*

(05:01:14) MARCELO NINIO: Boa tarde a todos

(05:01:56) Barbie: Marcelo, como está a situação aí no Oriente Médio? As pessoas estão apreensivas?

(05:04:39) MARCELO NINIO: Olá, Barbie. De fora a situação quase sempre parece mais tensa do que é. O trágico episódio da frota interceptada por Israel tornou mais evidente que o impasse com os palestinos e o bloqueio a Gaza são uma situação insustentável e que deve ser negociada uma solução, de preferência com intermediação externa

(05:05:17) Carlos: vc pode nos explicar com uma visão de quem está no oriente médio, no meio do confronto, oq aconteceu? como foi a reação das pessoas aí?

(05:09:15) MARCELO NINIO: Carlos, o que aconteceu realmente aconteceu é difícil de dizer no momento, em meio à guerra de versões entre Israel e os militantes que estavam nos navios. O que´já está evidente é que Israel usou força excessiva contra um grupo desarmado, mas tambpem que esse grupo descarregou toda a sua raiva nos soldados. Em Israel a ação foi muito criticada pela falta de habilidade do governo, enquanto nos países árabes o episódio exarcebou a visão negativa de Israel

(05:10:04) Daniel Alves: marcelo, vc acha que esses ativistas estavam mesmo levando só ajuda? será que não tinha armas e tbm uma intenção de ataque da parte deles?

(05:12:57) MARCELO NINIO: Daniel, aparentemente não havia armas nos navios, se houvesse não tenho dúvidas de que Israel já as teria exibido ao mundo. Mas entres centenas de ativistas bem intencionadas, de mais de 30 países, também havia um núcleo duro de ativistas muçulmanos, principalmente turcos, cujo principal objetivo era desafiar o bloqueio a Gaza e deslegitimar Israel, e não entregar ajuda humanitária

(05:13:56) Lili: Marcelo, vium vídeo no You tube em que os soldados israeleenses eram agredidos com paus, cadeiras e barras de ferro. Você não acha que eles tinham qyue se defender de alguma maneira?

(05:16:50) MARCELO NINIO: Lili, as imagens realmente mostram claramente que soldados foram agredidos, em muitos casos as cenas lembram princípios de linchamento. Mas fica difícil entender como o comando militar israelense não esperava esse tipo de reação, dada a hostilidade que existe em relação a Israel hoje no mundo, especialmente nos mundos árabe e muçulmano

(05:17:24) edu-silva: olá marcelo! Oq vc acha desse ataque? Foi contra lei mesmo?

(05:20:25) MARCELO NINIO: Oi Edu. A lei internacional quase sempre deixa
margens para interpretação. Israel alega que uma ação preventiva é legítima quando há intenção hostil. O problema aqui é determinar a natureza da intenção, que os militantes dizem ter sido "humanitária" e Israel afirma ter sido clara provocação

(05:21:15) carol july: O ataque aconteceu mesmo em propriedade israelense?

(05:22:51) MARCELO NINIO: Não, Carol July, aconteceu fora das águas territoriais de Israel, portanto em área internacional. Como respondi à pergunta anterior, as opiniões se dividem sobre a legitimidade de uma ação preventiva nessas circunstâncias

(05:23:22) Tabita Mattioli: marcelo, quais sao as medidas que o conselho de segurança da ONU pode tomar para evitar que outra tragedia dessas aconteca? e o fato de um americano ser uma das vítimas fatais porque interferir na posição americana?

(05:27:22) MARCELO NINIO: Tabita, na prática o Conselho de Segurança pode fazer muito pouco. Pode aprovar uma resolução condenando Israel, e mesmo que isso ocorra, vencendo o tradicional veto americano em condenações a Israel, o efeito seria mais político e moral, sem obrigação de ser acatada. A vítima americana deve aumentar a pressão dos EUA sobre Israel para que modere suas posições e evite uma escalada de violência na região, o que aliás já está acontecendo. Mas não espere nada drástico por parte de Washington

(05:27:52) Márcio: Prezado Marcelo Boa Tarde, Você não acha que uma gurra contra Isrrael é inevitavel?

(05:30:24) MARCELO NINIO: Márcio, discordo. Os inimigos de Israel não tem capacidade militar para se impor ao poderio israelense e poderiam, no máximo, fazer alguma ação por meio de grupos como o Hamas na faixa de Gaza e o Hizbollah no Líbano. Mas acho até isso pouco provável, apesar de haver rumores de guerra desde o começo do ano

(05:30:54) EDSON LIMA: O Brasil foi um dos primeiros países a repudiar a ação israelense e a pedir uma punição a Israel. Como você avalia essa nova ação brasileira nos conflitos do Oriente Médio?

(05:33:20) MARCELO NINIO: Edson, embora a diplomacia Lula-Amorim tenha se aproximado mais dos países árabes e do Irã, o Brasil sempre teve uma posição de simpatia em relação à causa palestina, desde os tempos da ditadura militar. Tanto que partiu do governo Geisel o apoio à resolução da ONU que equipara o sionismo ao racismo, que o Brasil manteve até ela ser revogada, nos anos 90.

(05:33:56) Lice: Marcelo, o povo de Israel tem a dimensão da repercussão negativa que esse ataque teve no mundo todo?

(05:38:12) MARCELO NINIO: Lice, acho que os israelenses sabem muito bem como esse episódio afetou negativamente a imagem do país no mundo. Mas a reação foi menos de questionar os possíveis erros do governo e mais culpar a incompreensão do mundo. Embora a desastrada interceptação do navio tenha sofrido pesadas críticas da imprensa, acho que a grande maioria das pessoas apóia o governo. Em momentos de pressão externa, a tendência é a população se unir

(05:49:49) Samuel Viana: Por que Israel simplismente não retoma a palestina, visto que a parte onde se encontra é reconhecida internacionalmente como território Israelense??

(05:51:15) MARCELO NINIO: Samuel, você está equivocado. A ocupação israelense dos territórios palestinos não tem reconhecimento internacional e é considerada ilegal pela maioria dos países e pela ONU

(05:51:37) marianne: vc está em que lugar do oriente médio? como é a vida por aí? muito difícil?

(05:54:22) MARCELO NINIO: Marianne, neste momento estou na faixa de Gaza, que está sob bloqueio israelense, portanto a vida não é fácil. A maior parte dos produtos disponíveis é contrabandeada do Egito por meio de túneis, o que os torna bem mais caros, e cerca de 70% da população está desempregada

(05:54:52) Fabiana: Marcelo, o governo daí interfere muito no modo de vida das pessoas? Como é isso?

(05:56:55) MARCELO NINIO: Fabiana, se você está falando de Gaza, depois que o grupo islâmico passou a controlar o território a interferência na vida das pessoas aumentou muito, tanto do ponto de vista dos costumes, quanto de segurança. Não chega a ser uma teocracia, porque uma grande parcela da população palestina é tradicionalmente laica, mas é o que o Hamas defende

(05:57:11) Perto do Fim: A ajuda humanitária estava sendo patrocinada pela maioria de turcos? Se sim, neste caso, esta ajuda humanitária não foi um movimento no tabuleiro de xadrez em que se encontra a questão atômica do Irã?

(05:59:52) MARCELO NINIO: Perto do fim, o maior navio dessa frota era de bandeira turca e uma organização de caridade do país, a IHH, estava por trás do comboio. A Turquia tem se projetado como potência regional e a aliança com o Irã e o apoio aos palestinos faz parte dessa estratégia.

(05:59:55) Mosaico: Honestamente, você acredita numa saída pacífica entre Israel e Palestina?

(06:03:17) MARCELO NINIO: Mosaico, sinceramente acredito, embora neste momento pareça tão distante. Os passos necessários para abrir caminho para a paz são: 1) Israel ter um governo mais conciliador, que aceite acabar com a ocupação dos territórios palestinos; 2) os palestinos se unirem e criarem uma única frente para a negociação, aceitando a existência de Israel

(06:04:08) MARCELO NINIO: Obrigado a todos pelas perguntas, um abraço e até a próxima

(06:04:24) Moderadora UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de Marcelo Ninio e de todos os internautas. Até o próximo!

 

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