Panamá solicita formalmente à França extradição de ex-ditador Noriega

O Panamá solicitou formalmente nesta sexta-feira à França a extradição do ex-ditador Manuel Antonio Noriega, 76, preso no país europeu à espera de julgamento por lavagem de dinheiro, informou a chancelaria panamenha.

"A Embaixada (do Panamá) na França confirmou que no dia de hoje foi feita a entrega formal da solicitação de extradição do senhor Manuel Antonio Noriega à chancelaria francesa", disse Vladimir Franco, diretor de Assuntos Jurídicos e Tratados da chancelaria panamenha.

A solicitação de extradição foi entregue pela embaixada do Panamá em Paris à direção das Américas e o Caribe do Ministério das Relações Exteriores da França, confirmou, por sua vez, o responsável de negócios da delegação do Panamá, Arístides Gómez.

O ex-ditador também deseja regressar a seu país, alegando ser prisioneiro de guerra. Ele deve cumprir uma sentença de 20 anos de prisão, ditada em 20 de setembro de 1993, pelo desaparecimento do opositor Hugo Spadafora.

Spadafora desapareceu em setembro de 1985 e seu corpo, decapitado, apareceu dias depois na fronteira entre o Panamá e a Costa Rica.

O Ministério de Relações Exteriores panamenho tinha enviado na terça-feira à França o pedido de extradição de Noriega, que cumpre prisão preventiva em Paris desde 27 de abril, à espera de julgamento por lavagem de dinheiro do narcotráfico nos anos 1980.

Condenações

Mesmo com esse pedido, Noriega será julgado pelo Tribunal de Paris nos dias 28 a 30 de junho, para que responda à acusação de lavagem de 2,3 milhões de euros procedentes do cartel de Medellín, quando era chefe de Estado do Panamá (1981-89).

A França o julgou em ausência em 1999, o condenou a dez anos de prisão e pediu sua extradição aos EUA em 2004.

Capturado por soldados americanos que invadiram o Panamá em 1989, Noriega foi condenado nos EUA a 40 anos de prisão por tráfico de drogas, mas a pena foi reduzida e terminou em setembro de 2007.

Noriega foi extraditado à França em 27 de abril e está em prisão em Paris.

Na sexta-feira passada, a Corte de Apelações de Paris recusou um pedido de liberação do ex-ditador, que reivindica seu estado de prisioneiro de guerra e sua imunidade como chefe de Estado.