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Presidente do Uruguai diz que seu único patrimônio é um fusca 1987
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DA FRANCE PRESSE, EM MONTEVIDÉU
Um velho Fusca 1987 é o único patrimônio declarado pelo presidente do Uruguai, José Mujica, um ex-guerrilheiro que cultiva um estilo desalinhado e austero, o que o situa entre os chefes de Estado mais pobres da região.
O único bem que Mujica, de 75 anos, tem em seu nome é o carro da marca Volkswagen avaliado em 37.500 pesos (cerca de R$3.500), segundo declaração apresentada em 31 de maio na Junta de Transparência e Ética Pública, publicada no Diário Oficial.
"Pepe" Mujica declarou como única renda o salário de presidente, de quase 230.000 pesos (cerca de R$ 21 mil), dos quais destina quase 70% como aporte a seu partido, a Frente Ampla, e a um fundo para um plano de moradia que ele impulsiona.
O presidente disse recentemente que fica com apenas 30.000 pesos (R$ 2.800) mensais, comentando: "por sorte por enquanto tenho minha esposa que 'banca'" as despesas.
Caracterizado pelo estilo informal e o linguajar popular, Mujica continua vivendo em uma chácara de Rincón del Cerro, zona rural do oeste de Montevidéu, ao lado da esposa, a ex-tupamara e senadora Lucía Topolansky, proprietária do local, segundo sua própria declaração de bens.
Ali, o casal de ex-guerrilheiros, que não tem filhos, cultiva flores e planta acelgas e outras hortaliças.
O presidente não tem conta bancária em seu nome, nem dívidas, embora segundo o canal de TV local devesse a licença de seu carro por vários anos, entre 2004 e 2009. Mujica saldou esta dívida em janeiro deste ano, antes de assumir a Presidência.
"Não temos cartões, nem contas bancárias. Somos antiquados", disse à mídia local Topolansky, que como legisladora recebe um salário de 86.300 pesos (R$ 8.200), parte do qual também envia a seu partido político.
Mujica foi o primeiro tupamaro a entrar na Câmara de Deputados, em 1995. No primeiro dia, chegou ao Legislativo em uma moto Vespa, vestido informalmente, e um policial que vigiava o local, perguntou: "vai demorar muito, senhor?"
"Eu trabalho aqui", foi a resposta do agora presidente, que viveu na clandestinidade desde 1969, participou de uma fuga maciça de 111 presos, em setembro de 1972 - após a derrota militar da guerrilha -, foi preso político da ditadura (1973-1985) até sua libertação em 1985, no âmbito de uma anistia.
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