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06/06/2010 - 14h15

Após iniciativa de presidente afegão, Taleban sinaliza disposição ao diálogo

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DA EFE, EM CABUL

Em um gesto para facilitar o diálogo com o movimento taleban, o presidente afegão, Hamid Karzai, ordenou hoje que vai revisar os casos de todos os prisioneiros insurgentes e se comprometeu em libertar os que estão presos sem provas sólidas.

Para colocar em prática seu plano, Karzai anunciou a criação de um comitê dirigido pelo ministério da Justiça e com representação do Tribunal Supremo, a Promotoria, a Comissão de Paz e Reconciliação e a equipe de advogados da Presidência, segundo um comunicado de seu escritório.

O painel revisará os casos dos prisioneiros que foram presos "por ligações com a oposição armada" e deverá elaborar uma lista com os detidos "sem provas legais suficientes para serem condenados".

"Como gesto de boa vontade, o governo do Afeganistão deve atuar de forma imediata e firme para libertar os detidos com base em informações imprecisas e acusações não comprovadas", diz o decreto.

O presidente emoldurou a iniciativa em um esforço para aplicar "as recomendações feitas pela histórica "jirga" (assembleia) de paz", convocada por ele mesmo e que se reuniu em Cabul entre os dias 2 e 4 de junho, com a ausência da oposição.

Um dos 16 pontos na declaração final da "jirga" era a libertação de prisioneiros. O decreto presidencial e a postura de Washington tornam complicadas saber ao certo o número de beneficiados.

Ainda está pendente a situação de Bagram, a prisão onde há o maior número de presos, que atualmente é administrada pelo Exército dos EUA, apesar de em janeiro o governo de Karzai ter anunciado que tinha chegado a um acordo para que em poucos meses a gestão passasse a ser totalmente afegã, algo ainda pendente.

Horas antes da divulgação na imprensa do decreto de Karzai, um porta-voz do movimento taleban, Zabiullah Mujahid, admitiu por telefone que vários pontos aprovados pela assembléia foram "aceitos" pela insurgência.

"Se o governo realmente der um passo adiante e aplicar a decisão da "jirga", então podemos pensar em falar com o governo sobre a paz", resumiu o porta-voz em uma das primeiras demonstrações públicas de disposição ao diálogo.

Forças estrangeiras

No entanto, Mujahid não se mostrou "muito otimista" sobre o processo, já que a assembleia não discutiu "a retirada das forças estrangeiras do Afeganistão", condição "sine qua non" para que os insurgentes iniciem conversas de paz.

Apesar das boas-vindas de algumas de suas ideias, os talebans consideraram como "propaganda" a assembleia e lançaram dois foguetes contra a tenda onde ocorria a reunião e organizaram um ataque que foi abortado pelas forças de segurança.

Mas poderia ter sido pior. O porta-voz do ministério do Interior, Zemarai Bashary, informou hoje em entrevista coletiva sobre a detenção de 15 talebans que tinham se dividido em três comandos para atentar contra a "jirga" e disse que as autoridades localizaram 700 foguetes que os fundamentalistas supostamente iriam usar para atacar a reunião. Um dos talebans foi detido dentro da tenda onde ocorreram as reuniões.

Entre as sugestões feitas na assembleia para abordar o diálogo formal com o movimento taleban destacam, além da libertação de prisioneiros, a retirada de nomes de insurgentes da "lista negra" da ONU e as garantias de proteção para os que desertem das fileiras talebans.

O documento divulgado à imprensa defende que "as leis devem ser aplicadas de forma igualitária para todos os cidadãos do país".

Apesar de admitir o "sofrimento" da população e pedir uma "paz justa que garanta os direitos dos cidadãos", a declaração não faz menção às medidas de compensação para as vítimas desta guerra de quase nove anos, nem de penas para os que violaram os direitos humanos.

Cerca de 130 mil soldados estrangeiros continuam no Afeganistão -- à espera do último reforço adicional, de 20 mil homens --, mas sua retirada deve começar em julho de 2011, de acordo com o calendário proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

Ataques

Neste domingo, um suicida que conduzia uma motocicleta se infiltrou em um comboio das forças da Otan na província oriental de Nangarhar e deixou 12 civis feridos e um agente afegão. Na sulina Kandahar, uma bomba explodiu na passagem de dois veículos e acabou com a vida de dois civis e um policial.

E na província noroeste de Badghis, dois militares espanhóis ficaram feridos em um ataque de um grupo de insurgentes contra uma patrulha de reconhecimento, segundo o Ministério de Defesa espanhol.

 

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