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09/06/2010 - 16h22

Novas sanções da ONU contra Irã dividem governos de países

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A aprovação nesta quarta-feira da quarta rodada de sanções ao programa nuclear do Irã causou divergências entre os governantes dos países.

O documento foi aprovado nesta quarta-feira pelo Conselho de Segurança com 12 votos a favor, apesar de Brasil e Turquia votarem contra a resolução.

As novas sanções devem vetar investimentos exteriores iranianos em atividades e instalações relacionadas com a produção de urânio, serão estabelecidas restrições na venda de armas convencionais ao Irã. Além disso, o país será proibido de fabricar mísseis balísticos com capacidade de carregar ogivas nucleares.

Também deve haver novas restrições às operações financeiras e comerciais com o Irã, além do reforço do regime de inspeções das cargas dos navios e aviões iranianos para evitar que burlem o embargo internacional.

Confira as opiniões:

Brasil

O chanceler Celso Amorim lamentou o pacote de sanções conta o Irã aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU e disse que esperava uma reação mais positiva dos países que votaram a favor das medidas.

"Uns votaram por convicção, outros porque teriam alguma vantagem com isso", criticou Amorim, que está em audiência pública em comissão na Câmara dos Deputados.

Amorim alfinetou também a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) pela demora de envio de resposta à carta enviada pelo governo iraniano, que se comprometia a seguir o acordo assinado entre Irã, Brasil e Turquia.

O Irã entregou a carta à agência há três semanas, dentro do cronograma estabelecido pelo acordo. Segundo Amorim, a resposta da agência foi recebida apenas ontem, o que não deu a oportunidade de o Irã aceitar uma contraproposta.

"A carta foi entregue, e menos de 24 horas depois o pacote de sanções foi votado. Isso é algo de quem não quer um sim como resposta", disse Amorim.

O ministro reiterou que o acordo atendia a todos os requisitos colocados pelas potências e, ao mesmo tempo, era pioneiro e atraente ao Irã no seguinte aspecto: uma vez em vigor, os países reconheceriam, de forma tácita e implícita, que o país teria o direito de enriquecer urânio a níveis inferiores a 20%.

"Seria criada, pela primeira vez, a possibilidade de algum diálogo", afirmou. Amorim ponderou que o acordo não resolveria toda a questão nuclear iraniana, mas seria uma "porta de entrada para resolver os outros problemas".

Israel

Israel considera que as novas sanções votadas nesta quarta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU contra o Irã e seu programa nuclear representam "um passo importante numa boa direção", afirmou o vice-primeiro-ministro israelense Sylvan Shalom, em entrevista à rádio pública.

Mas, segundo Shalom, "elas não bastam, pelo que é preciso contemplar rapidamente outras medidas contra o Irã se o país não renunciar a seus projetos nucleares".

O ministério das Relações Exteriores israelense publicou um comunicado no qual afirma que Israel estima que a "decisão do Conselho é importante e outorga mais peso às exigências da comunidade internacional no que diz respeito ao Irã".

No dia 26 de maio, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, qualificou de "impostura" o recente acordo nuclear assinado por Irã, Brasil e Turquia. "O objetivo desta impostura é evitar ao Irã sanções internacionais", disse Netanyahu.

França

A França informou que "a porta do diálogo continua aberta" para o Irã, apesar da adoção nesta quarta-feira pela ONU, da quarta série de sanções contra Teerã.

"As sanções não vão pôr um ponto final ao assunto. Queríamos uma solução negociada, que respondesse às necessidades do Irã, mas tranquilizando a comunidade internacional", informou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Bernard Valero, em um comunicado.

A resolução "foi tomada devido à recusa do Irã em responder a inúmeras ofertas de diálogo e de cooperação que lhe foram oferecidas pelos membros permantes do Conselho de Segurança (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) e Alemanha", complementou.

A quarta rodada de sanções dirige uma mensagem clara ao Irã: "Se continuarem com essas atividades sensíveis violando o direito internacional, então, o país vai enfrentar um isolamento crescente. Esperamos que o Irã escolha cooperar e aceitar se engajar verdadeiramente nas negociações com os seis países".

Reino Unido

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, considerou que a aprovação das sanções contra o Irã foi "um passo muito significativo".

"É um passo adiante muito significativo. Mostra realmente a determinação da comunidade internacional sobre o tema (...) e que a tática iraniana de não querer negociar a totalidade de seu programa nuclear não vai funcionar", disse Hague à imprensa em Londres.

"É o mundo dizendo que eles não podem se recusar a negociar, e que não vai abandonar a questão em frente à sua recusa", completou.

"Existe uma diferença entre os países sobre esta resolução, porém o Brasil e a Turquia têm objetivos iguais: que o Irã deve negociar, cooperar de maneira apropriada com as autoridades internacionais e deve respeitar as resoluções anteriores", afirmou Hague.

EUA

Após o resultado da votação, o presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou que o Irã deve ficar mais cada vez mais isolada enquanto o governo iraniano "seguir ignorando" as regras internacionais do TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear).

Em discurso durante a sessão, que acontece na sede da ONU em Nova York, a embaixadora americana, Susan Rice, voltou a elogiar a iniciativa de brasileiros e turcos de chegarem a um acordo. "O Brasil e a Turquia trabalharam duro", afirmou Rice, "o que reflete as boas intenções de seus líderes".

No entanto, disse, o acordo alcançado com o Irã no dia 17 de maio, na tentativa de evitar as sanções, "não responde às questões fundamentais" que geram desconfiança nos americanos, o que fez com que a resolução fosse necessária.

"Estamos nesse ponto porque o governo do Irã escolheu violar as regras da agência nuclear. Não suspendeu o enriquecimento de urânio e outras atividades nucleares", discursou Rice.

Ela disse ainda que as sanções "não são direcionadas ao povo do Irã", mas que "o governo escolheu um caminho que o levará ao isolamento". "Como todas as nações, o Irã tem direitos. Mas também responsabilidades. [...] Agora, o Irã deve escolher um caminho mais sábio."

A representante disse ainda que os Estados Unidos estão "prontos" para retomar um diálogo com a República Islâmica assim que essas medidas forem implementadas. "Esperamos poder mostrar ao Irã o quanto o país tem a ganhar caso comece a agir de maneira responsável, respeitando as regras internacionais", concluiu.

Rússia

O ministério russo das Relações Exteriores anunciou que a nova série de sanções contra o Irã visam a dar "um impulso" a uma solução diplomática para o controvertido programa nuclear da República Islâmica.

Segundo comunicado da chancelaria russa, a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança não impõe sanções "asfixiantes ou paralisantes" a Teerã e exclui o recurso à força.

A diplomacia russa advertiu contra a adoção de punições adicionais e unilaterais por parte de outros países: "Para nós, tais tentativas de posicionar-se acima do Conselho de Segurança são inaceitáveis".

Itália

O governo italiano destacou o "forte sinal político" emitido pela comunidade internacional contra a possibilidade de o Irã construir armas nucleares, afirmou o chanceler Franco Frattini, ao comentar a resolução do Conselho de Segurança da ONU.

"De Nova York veio um sinal político muito forte: a comunidade internacional não pode aceitar que o Irã possua armas nucleares promovendo uma corrida à proliferação que causaria efeitos gravíssimos à estabilidade regional e mundial", apontou Frattini.

"As sanções não são um fim em si, devem servir para reportar Teerã à mesa de negociações", complementou o italiano, que reiterou que seu país continua convencido de que "a única solução possível à questão nuclear iraniana é a diplomática".

"Desejamos fortemente que as autoridades iranianas, também após a resolução adotada hoje pelo Conselho de Segurança, mudem sua postura, respondendo construtivamente às demandas da AIEA [Agência Internacional de Energia Atômica] e esclarecendo todas as persistentes dúvidas sobre a natureza de seu programa nuclear", completou o ministro.

Alemanha

A chanceler alemã Angela Merkel elogiou "fortemente" as novas sanções adotadas pela ONU contra o Irã pelo seu programa nuclear.

"Estou bastante contente com a adoção desta resolução sobre o programa nuclear iraniano", declarou a chanceler à imprensa, destacando que esse texto "exprime claramente que o mundo garantirá que o Irã não consiga jamais construir um arsenal atômico".

"Demos ao Irã, em mais de dois anos, inúmeras oportunidades de ser transparente e deixar que as autoridades nucleares internacionais inspecionassem o país. O Irã jamais aceitou essas ofertas", continuou.

A chanceler destacou o fato de que as novas sanções não visam ao povo iraniano, mas somente aos responsáveis pelo programa nuclear, principalmente os Guardiões da Revolução e diversas empresas.

Turquia

O governo turco, que votou contra as sanções ao Irã, manifestou seu temor que a aprovação do novo pacote possa atrapalhar os esforços diplomáticos para buscar uma saída negociada do impasse.

Em comunicado, o ministério das Relações exteriores turcas pede que Teerã cumpra o acordo de troca de combustível, conseguido entre o país e com mediação do Brasil no dia 17 de maio.

"Nossa expectativa sincera e esperança é que todas as partes e o Irã continuem seus esforços para uma solução pacífica sem abandonar o diálogo", dizia o comunicado.

 

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