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Parlamento dividido pode alçar radicais anti-imigração ao governo holandês
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O resultado apertado das eleições legislativas que aconteceram ontem na Holanda aumentou a possibilidade de que o radical a anti-islâmico Partido da Liberdade integre a nova coalizão governista. Com a apuração quase no fim, o número de assentos da legenda mais que dobrou, de 9 para 24, fazendo dela a terceira maior força da Casa, atrás do VVD e do Trabalhista, com 31 e 30, respectivamente. Há, no total, 150 vagas no Parlamento, que nunca, em sua história recente, havia saído tão dividido de um pleito.
O fundador do polêmico Partido da Liberdade é Geert Wilders que deixou o VVD em 2004 por considerá-lo moderado demais na questão da imigração. Embora o VVD defenda limites para a imigração, Wilders propõe medidas radicais, como vetar imigrantes de países muçulmanos e multar muçulmanas que usarem véus. "Mais segurança, menos crime, menos imigração, menos Islã. É o que a Holanda escolheu", disse Wilders. Os muçulmanos representam atualmente 6% da população.
Radical, Wilders será julgado ainda neste ano por ter incitado o ódio ao comparar o islamismo ao nazismo e pedir um veto ao Alcorão, o livro sagrado muçulmano.
Devido a essas controvérsias, o Partido da Liberdade é visto como um peso político, e vários partidos, incluindo o Trabalhista, o rejeitam em uma coalizão. Por outro lado, o Trabalhista e o VVD têm grandes diferenças de princípios, como o papel do Estado. O primeiro quer manter o bem-estar social, enquanto o segundo quer promover cortes na máquina para equilibrar o deficit.
Como chefe da maior bancada, o líder do VVD Mark Rutte, 43, deverá ser o primeiro a tentar formar novo governo. "Gostaria de ver um governo formado o quanto antes por causa da gravidade da crise econômica", disse. "É um resultado complicado, mas, por outro lado, o eleitor soberano falou, e cabe aos políticos organizarem um gabinete do jeito como está."
Os parlamentares holandeses levam, em média, 87 dias para formar um novo governo após uma eleição. Desta vez, terão de articular uma coalizão não de dois mas de ao menos três partidos --já que, mesmo somadas, as maiores bancadas não atingem a maioria de 76 cadeiras. Uma eventual demora nas negociações seria má notícia para o país, que luta para combater seu crescente deficit --o rombo deve chegar a 6,6% do PIB ainda neste ano.
O grande derrotado da eleição foi o premiê Jan Peter Balkenende, no cargo há oito anos, que decidiu deixar a política depois de seu partido Cristão-Democrata ter a pior votação em três décadas e ficar com somente 21 cadeiras --antes, eram 41. Os números oficiais de cadeiras só serão divulgados no próximo dia 15, após a apuração dos votos depositados no exterior.
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