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Mortos podem chegar a 200 no Quirguistão; ex-líder pede envio de tropas
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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Após o agravamento dos conflitos étnicos no sul do Quirguistão, que já deixam 124 mortos segundo dados oficiais, e mais de 200 de acordo com líderes da comunidade uzbeque, o ex-líder Kurmanbek Bakiyev disse que somente com o envio de tropas estrangeiras será possível restaurar a paz no país.
A Organização do Tratado Coletivo de Segurança (CSTO), composta pela Rússia, Belarus, Uzbequistão, Cazaquistão, Tadjiquistão e Armênia considerou o envio de tropas de paz ao sul do Quirguistão, que também é membro do grupo, que é uma aliança militar semelhante à Otan (Aliança para o Tratado do Atlântico Norte).
Anvar Ilyasov/AP | ||
Refugiada uzbeque que perdeu a família após os confrontos étnicos busca asilo no Uzbequistão |
A aliança de ex-repúblicas soviéticas se reuniu nesta segunda-feira em Moscou para discutir a situação do país centro-asiático que desde a sexta-feira se encontra em estado de emergência.
"A CSTO tem à sua disposição tudo que precisa para agir em tais situações, incluindo um contingente de paz, [compostas de] forças de reação rápida e forças coletivas de envio rápido para a região da Ásia Central", disse o secretário-geral da CSTO, o general Nikolai Bordyuzha, citado pela imprensa russa.
Exilado em Belarus, Bakiyev pediu que as comunidades cheguem à uma solução, e aproveitou para tecer críticas ao governo que o depôs do cargo.
"Eu peço aos dois povos irmãos -- os quirquizes e os uzbeques -- que cessem as lutas sangrentas, já que o governo interino é incapaz de fazer isto", disse numa entrevista coletiva em Minsk, capital de Belarus.
Bakyiev disse que as tropas da CSTO poderiam "trazer a situação de volta ao normal".
O ex-líder negou qualquer envolvimento nos confrontos étnicos do sul do país e afirmou não ter planos de fazer um retorno à cena política quirguiz.
Forças CSTO
Após o encontro, a aliança militar formada por seis ex-repúblicas soviéticas mais a Rússia, que a lidera, deixou claro que considera a ideia de enviar tropas de segurança ao sul do Quirguistão, mas ainda não há conclusão definitiva.
"Deve-se pensar muito antes de usar estes meios, e a coisa mais importante é usá-los como parte de um conjunto de medidas", disse o secretário-geral da CSTO, o general Nikolai Bordyuzha.
Os últimos confrontos são o pior exemplo de lutas étnicas no Quirguistão desde 1990, quando quando o ex-líder russo Mikhail Gorbatchov enviou tropas soviéticas para Och depois de centenas de mortos devido a uma disputa de terras.
A situação preocupa a Rússia, os Estados Unidos e a vizinha China. Washington usa uma base aérea no país, em Manas, a cerca de 300 km de Och, como um importante entreposto para suas operações no Afeganistão. A Rússia também opera uma base militar no país.
Rússia & EUA
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tem recebido atualizações constantes sobre a onda de violência no Quirguistão.
De acordo com a Casa Branca as autoridades americana estão em contato permanente com seus colegas russos sobre a situação no país centro-asiático.
"O presidente tem recebido notícias constantes, e nosso pessoal no governo tem estado em contato direto com os colegas russos sobre a situação na região para garantir que estejamos sempre atualizados", disse o porta-voz da Casa Branca, Bill Burton.
Caos
Disparos e confrontos ainda são constantes nesta segunda-feira e as agências de notícias reportam um cenário devastador no sul do país centro-asiático. Além da violência ainda em curso, há cadáveres jogados nas ruas, carros e casas incendiadas e moradores em pânico tentando deixar as cidades.
"A cidade inteira está num estado de pânico porque todas as pessoas têm filhos", disse Galina Nikolayevna, moradora de Och.
Anvar Ilyasov/AP | ||
Campos de refugiados já estão sendo montados na fronteira; países temem crise humanitária |
Apesar da situação caótica, o governo interino anunciou ter prendido "uma pessoa muito conhecida", suspeita de incitar a violência, sem dar maiores detalhes. Suspeitos do Tadquijistão, Afeganistão e do próprio Quirguistão também estão detidos e dizem ter sido contratados por defensores do ex-líder quirguiz Kurmanbek Bakiyev, deposto em abril, informou o porta-voz Farid Niyazov. De seu exílio em Belarus, o ex-líder nega qualquer envolvimento nos confrontos.
União Europeia
Diversos países mostram preocupação com a deterioração da situação no sul do Quirguistão. A dificuldade de envio de ajuda humanitária aos refugiados, além de uma possível intervenção para deter a violência estão entre as ações que provavelmente serão tomadas com mais urgência.
A Alta Representante de Política Exterior da União Europeia (UE), Catherine Ashton, disse estar muito preocupada e anunciou que enviará seu emissário para a Ásia Central.
"É uma situação muito difícil e perigosa. É muito importante deter a violência", informou. Ashton disse ainda que vai falar com o primeiro-ministro do Quirguistão e com o presidente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
A Comissão Europeia (órgão Executivo da UE) anunciou no sábado o envio de um especialista em ajuda humanitária ao Quirguistão para avaliar as necessidades humanitárias diante da intensificação das lutas étnicas no país.
Ajuda humanitária
Os Estados Unidos, a Rússia e a ONU (Organização das Nações Unidas) trabalham para agilizar a entrega de ajuda humanitária por meio de aviões, enquanto o Uzbequistão montou acampamentos com urgência, para lidar com os cerca de cem mil refugiados na fronteira.
A maioria são mulheres, crianças e idosos, assustados e já passando fome, indicaram autoridades locais, que temem uma possível crise humanitária caso estes refugiados não recebam assistência rapidamente.
De acordo com a embaixada americana em Bishkek, capital quirguiz, um carregamento de ajuda humanitária deve ser enviado da base de Manas o mais rápido possível.
Refugiados
O Uzbequistão anunciou que fechará nesta segunda-feira sua fronteira com o Quirguistão, e pediu ajuda internacional para os 45 mil refugiados adultos e seus filhos que já foram oficialmente recebidos, informou o vice-primeiro-ministro uzbeque, Abdullah Aripov.
Segundo a agência "Kazinform", um grande número de refugiados está na fronteira quirguiz para atravessar para o país vizinho.
Faruk Akkan/AP | ||
Cerca de cem mil uzbeques aguardam para cruzar fronteira em Och, no sul do Quirguistão |
Historicamente, as relações entre a minoria uzbeque, que supõe entre 15 e 20% da população quirguisa, e os quirguises são tensas, em particular por motivos econômicos. Poderosos grupos mafiosos também são ativos na região.
Desde a independência do Quirguistão em 1991, após o fim da União Soviética, as tensões entre minorias étnicas se intensificaram no país.
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
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