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Resgate de reféns deve favorecer candidato governista na Colômbia
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DA FRANCE PRESSE, EM BOGOTÁ
O resgate de quatro policiais e militares que, por quase 12 anos, foram reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), uma semana antes das eleições presidenciais na Colômbia, fortalece o candidato da situação, Juan Manuel Santos.
Santos promete continuar as políticas do presidente em fim de mandato Alvaro Uribe e tem dado ênfase, ao longo de sua campanha, à necessidade de manter a "segurança democrática" de combate frontal às guerrilhas, mostrando-se como o "homem firme" capaz de levá-la adiante.
Nesta linha, Santos, do Partido Social da Unidade Nacional ('La U', direita), anunciou que, se vencer as eleições presidenciais, manterá a política de resgate de sequestrados e rejeitou qualquer possibilidade de troca de reféns por guerrilheiros presos, como propõem as Farc.
"Os eleitores se definiram no primeiro turno --em 30 de maio-- e apostaram novamente na agenda da segurança democrática do presidente Uribe. Obviamente, este resgate fortalece esta candidatura", avaliou León Valencia, da organização Novo Arco-Íris, que estuda o conflito armado.
"Em um momento da campanha eleitoral se pensou que a agenda ia mudar um pouco rumo a temas de corrupção. Mas foi uma ilusão, as pessoas pensaram que a segurança é o principal", acrescentou Valencia.
Para Alejo Vargas, cientista político da Universidade Nacional, este resgate "fortalecerá ainda mais a candidatura de Santos", sobre quem as pesquisas previam que, no segundo turno, poderia duplicar a votação de seu rival, o independente Antanas Mockus (Partido Verde), "mas que agora terá uma diferença ainda maior".
Santos foi ministro da Defesa de Uribe entre 2006 e 2009, quando renunciou ao cargo para disputar as eleições deste ano.
Operações
Em 2008, ele chefiou a "Operação Xeque-Mate", na qual foram resgatados a ex-candidata à Presidência Ingrid Betancourt, três cidadãos americanos e onze policiais e militares colombianos.
No mesmo ano, as forças de segurança bombardearam um acampamento de guerrilheiros das Farc no Equador, em uma operação na qual morreram 25 pessoas, entre elas o número dois da guerrilha, Raúl Reyes.
Também em 2008, Santos anunciou, em primeira mão, a morte, por causas naturais de Manuel Marulanda (aliás "Tiro Certo"), lendário fundador das Farc, demonstrando com isso a penetração dos serviços de inteligência na guerrilha, que dias depois confirmou a notícia.
Nesse contexto, o resgate dos quatro militares que estavam há mais tempo em cativeiro parece muito oportuno frente ao segundo turno presidencial, que confrontará no domingo Santos e Mockus.
"Trata-se de uma operação que tinha sido preparada há tempos e que estava reservada para estes dias. Pode diminuir a abstenção, despertando o entusiasmo dos leitores e se refletirá na votação para Santos", previu o analista Rubén Sánchez, da Universidade do Rosário.
Valencia, no entanto, disse que operações como a "Operação Camaleão", como se chamou o resgate dos quatro militares, "são preparadas com muita antecipação e não se pode descartar que tenha sido pensada para coincidir com o evento eleitoral".
"Uribe e sua coalizão de governo foram muito hábeis dar golpes à guerrilha e usar estes golpes politicamente", disse.
No entanto, Sánchez descartou que a operação incida numa diminuição da votação para Mockus, que no primeiro turno conseguiu 21,5% (3,1 milhões) de votos, contra 46,6% (6,7 milhões) de Santos.
"Os votos de Mockus já são dele e se trata de um protesto muito aberto e consciente à candidatura de Santos. Não deverão baixar", estimou.
Resgate
Os três primeiros resgates foram realizados no domingo (13) após um confronto entre 40 membros das Farc e pelo menos 300 homens do Exército colombiano. O quarto refém liberado, Gómez, foi encontrado horas depois, após ter se embrenhado na selva.
Os quatro haviam sido sequestrados em 1998, durante ataques da guerrilha a bases militares e à cidade de Mitú. O resgate ocorreu no marco da "Operação Camaleão", em uma área florestal nas proximidades de Calamar [no departamento de Guaviare]. As investigações para se chegar aos reféns foram coordenadas diretamente por Uribe por seis meses.
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