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Toneladas de escombros dificultam albergues no Haiti, 6 meses após terremoto
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DA EFE, EM PORTO PRÍNCIPE
Organizações humanitárias que atuam no Haiti desde o terremoto de 12 de janeiro que deixou mais de 300 mil mortos consideram que, seis meses após a tragédia, um dos principais problemas é liberar espaços ocupados pelos escombros ou obter terrenos para alojar as mais de 1,2 milhão de pessoas desabrigadas.
Em entrevista coletiva, o coordenador no Haiti do grupo Shelter Cluster for Haiti Earthquake 2010, Peter Rees, disse nesta quinta-feira que "o problema agora não é nem o dinheiro nem os materiais, (mas) tirar os escombros e encontrar terrenos".
"É um trabalho complicado," enfatizou Rees em suas declarações à imprensa.
A ONU (Organização das Nações Unidas) e o governo haitiano trabalham em um plano para retirar das ruas de Porto Príncipe 2 milhões dos 20 milhões de metros cúbicos de escombros em que se transformaram centenas de edifícios da cidade com a tragédia. Esse plano custará US$ 120 milhões, segundo as informações.
No entanto, os especialistas assinalaram vários fatores que dificultam a retirada dos escombros, entre eles, a relação das pessoas com seus lugares de moradia, assim como a capacidade material e técnica para fazê-lo.
"As pessoas estão ligadas emotivamente a suas antigas casas e seus escombros", ressaltou Timo Luege, assessor de imprensa da Shelter Cluster for Haiti Earthquake 2010.
Ele explicou que "não se pode tirar os escombros privados" sem autorização dos proprietários dos lugares, embora a questão da propriedade dos terrenos não esteja clara.
FALTA DE ESPAÇO
Outra dificuldade está relacionada com a disponibilidade de espaços para despejar o entulho.
"Há enormes escombros e não há espaço suficiente" para depositá-los, ressaltou Luege. Segundo ele, também não há caminhões suficientes para realizar tais tarefas.
"O trabalho não se pode fazer sempre com veículos pesados, que não podem se movimentar em população tão densa" como a vivida em alguns bairros da capital, acrescentou.
Ele deu como exemplo o bairro de Fort National, perto do centro de Porto Príncipe, onde o fenômeno causou muitos danos.
O fato de que a maioria dos desabrigados vivia em casas alugadas no momento do terremoto constitui outro elemento que faz parte do desafio atual.
Giovanni Cassani, coordenador da Organização Internacional para as Migrações (OIM), expressou estar "preocupado" porque entre 60% e 70% dos desabrigados eram inquilinos.
"Eles não têm capacidade para ter outro alojamento", ressaltou.
Sobre a situação dessas pessoas, Cassani disse que "resta muito a fazer" para estabelecer "condições de vida decentes" e chegar a "soluções duradouras".
O principal objetivo agora é "encontrar terrenos públicos para alojar pessoas deslocadas", disse.
ALBERGUES
As organizações internacionais indicaram que trabalham no estabelecimento de albergues provisórios que possam resistir à intempérie porque as centenas de milhares de pessoas que vivem sob carpas representam, segundo Peter Rees, um "desafio crucial".
Em Porto Príncipe estava previsto construir 125 mil alojamentos provisórios, mas até agora só foram concluídos 3.777, embora exista material para construir outros 14.412.
O problema se apresenta mais ou menos na mesma forma nas outras regiões afetadas pelo terremoto, como Jacmel (sudeste) e Leogane (oeste), onde 90% dos desabrigados viviam em casas alugadas quando ocorreu o tremor.
"As pessoas não têm nada", disse Thomas Carnegie, representante da Cruz Vermelha Canadense, organismo que planeja construir albergues para 15 mil famílias nas duas cidades.
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