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ONU mantém presidente de Ruanda como assessor, apesar de polêmica na Espanha
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DE SÃO PAULO
A ONU (Organização das Nações Unidas) declarou nesta sexta-feira que vai manter o presidente de Ruanda, Paul Kagame, como co-presidente do grupo de assessores para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), apesar de sua polêmica acusação por genocídio.
Kagame permanecerá liderando a comissão ao lado do premiê espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, apesar de ter sido condenado por uma corte espanhola em 2008 pelo assassinato de nove cidadãos espanhóis durante lutas étnicas em Ruanda na década de 1990.
"Os dois co-presidentes continuarão sendo os mesmos, já que o secretário-geral [da ONU, Ban Ki-moon] confia que ambos continuarão colaborando no trabalho do grupo assessor para preparar a cúpula de setembro em Nova York", disse o porta-voz das Nações Unidas, Farhan Haq, em entrevista coletiva.
Arturo Rodriguez/AP |
Manifestantes mostram sangue falso em suas mãos e um cartaz com foto do presidente da Ruanda em protesto |
Haq declarou que Ban Ki-moon agradeceu o papel desempenhado por Zapatero nesta iniciativa da ONU para promover os Objetivos do Milênio, assim como a presença do chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, que tomou o lugar do premiê na primeira reunião do grupo nesta sexta-feira, em Madri.
Moratinos então se reuniu com o secretário-geral da ONU e outros membros do grupo, como a ex-presidente chilena, Michelle Bachelet, e a esposa de Nelson Mandela, Graça Machel.
A presença de Kagame em Madri despertou polêmica devido às acusações de genocídio, crimes contra a humanidade e terrorismo no tribunal da Audiência Nacional espanhola.
Haq voltou a negar que a ONU queria surpreender o governo espanhol com a convocação de Kagame como parceiro de Zapatero, justificando que a ONU informou às autoridades de Madri sobre a decisão e que não tomou conhecimento de uma oposição do governo espanhol quanto à escolha de um líder incriminado nos tribunais espanhóis.
PROTESTOS
As declarações da ONU chegam no mesmo dia em que o premiê Zapatero se recusou a participar de reunião com Kagame, em Madri.
Zapatero deveria encontrar-se com Kagame e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na sede do governo espanhol nesta sexta-feira para uma primeira sessão do Grupo dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
Porém, reclamações de grupos de direitos humanos e partidos opositores levaram o governo a transferir o encontro para um hotel em Madri e enviar o chanceler Miguel Angel Moratinos em seu lugar.
"O presidente de governo foi sensível" às críticas ao encontro, explicou a vice-premiê María Teresa Fernández de la Vega.
ACUSAÇÃO DE GENOCÍDIO
Um processo judicial nos EUA acusa Kagame de ordenar que um avião carregando o presidente de Ruanda fosse abatido em 1994. O acidente provocou um genocídio, que deixou ao menos 500 mil mortos. O exército armado de Kagame ajudou a pôr fim aos cem dias de matança ao derrubar o poder.
Já o juiz espanhol Fernando Andreu emitiu, em fevereiro de 2008, uma ordem de prisão contra 40 militares do regime ruandês acusados de "genocídio" e de terem fomentado confrontos étnicos nos anos 1990, para tomar o poder e pôr em prática um "regime de terror".
Foi especialmente criticado o assassinato de nove missionários e colaboradores espanhóis testemunhas do massacre. O advogado dos familiares das vítimas espanholas, assassinadas pelas milícias tutsi de Kagame antes de assumir o poder, qualificou de "maquiagem" a posição de Zapatero.
Os dois líderes "não vão tirar fotos juntos e não vão se reunir em um prédio oficial", mas "o presidente [de governo] Zapatero não recusou o convite", denunciou o advogado Jordi Palou à rádio RNE.
INVESTIGAÇÃO
Ban Ki-moon pediu nesta sexta-feira a Kagame "uma investigação completa" sobre os últimos "incidentes" em seu país, após a morte de um jornalista e de um líder opositor, disse seu porta-voz.
Ban "manifestou suas inquietudes diante dos recentes incidentes que causaram tensões políticas", às vésperas das eleições em Ruanda, durante o encontro com Kagame.
O secretário-geral da ONU também ressaltou "a necessidade de respeitar os direitos humanos" e de "incentivar as autoridades ruandesas a realizar uma investigação completas sobre esses incidentes".
Três partidos de oposição em Ruanda pediram ontem "uma investigação internacional independente" sobre a morte de um dirigente da oposição, André Kagwa Rwisereka, cujo corpo foi achado na quarta-feira em um pântano no sul do país, assim como a morte, em 24 de junho, do jornalista independente Jean Léonard Rugambage.
COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
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