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16/07/2010 - 20h30

Colômbia pede reunião de emergência da OEA para debater crise com Venezuela

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DE SÃO PAULO

Após acusar Caracas de esconder membros das guerrilhas colombianas Farc e ELN e trocar acusações com o governo de Hugo Chávez, a Colômbia pediu à OEA (Organização dos Estados Americanos) que convoque uma assembléia extraordinária para discutir a presença de "terroristas" em território venezuelano.

Colômbia prova presença de Farc e ELN
Em meio à crise, Chávez diz que Uribe é "mafioso"

Em comunicado, o presidente da Colômbia Álvaro Uribe pede que a OEA convoque "o mais breve possível uma reunião extraordinária do Conselho Permanente para examinar a presença de terroristas colombianos" na Venezuela.

William Fernando/AP
O governo de Álvaro Uribe acusou a Venezuela de esconder líderes das guerrilhas colombianas Farc e ELN
O governo de Álvaro Uribe acusou a Venezuela de esconder líderes das guerrilhas colombianas Farc e ELN

O texto foi divulgado aos jornalistas pelo secretário de Informação e Imprensa do país, César Mauricio Velásquez.

O comunicado oficial acrescenta que o pedido "está antecedido por inúmeros esforços fracassados para a solução deste grave problema por meio do diálogo direto com a Venezuela e das ocasiões nas quais se comunicou esta situação à OEA e a seu secretário-geral [José Miguel Insulza]".

De acordo com a Presidência colombiana em diversos momentos "o governo da Colômbia entregou informações ao governo da Venezuela e o tema foi abordado em reuniões privadas dos presidentes".

Uribe deixa claro ainda em seu comunicado que já pediu para outros países ajudarem a intermediar o diálogo com Caracas, entre eles a Espanha, Cuba e o Brasil.

O comunicado assinala também que, "segundo foi acordado na reunião de Cancún de 22 de fevereiro de 2010, os dois governos aceitaram a facilitação, acompanhados pelo Brasil, México e República Dominicana".

De acordo com o texto, o presidente dominicano, Leonel Fernández, chegou a ir à fronteira entre Colômbia e Venezuela para tratar do assunto, mas sua ação "foi desautorizada pelo governo da Venezuela".

CRISE DIPLOMÁTICA

Três semanas antes de deixar o governo da Colômbia, o presidente Álvaro Uribe agravou a crise diplomática com a Venezuela ao denunciar que Caracas esconde guerrilheiros em seu território. Em resposta, Hugo Chávez convocou seu embaixador em Bogotá, negou as acusações, exigiu provas e afirmou que o líder colombiano é "mafioso".

Fernando Llano/AP
Em reação, Chávez convocou seu embaixador em Bogotá e disse que o presidente colombiano é "mafioso"
Em reação, Chávez convocou seu embaixador em Bogotá e disse que o presidente colombiano é "mafioso"

"É uma patranha do governo burguês da Colômbia, governo apátrida da Colômbia. Não vou cair em provocações", declarou o venezuelano em um ato transmitido nesta sexta-feira em rede nacional de rádio e TV.

Essa ação "obedece ao desespero de Uribe, que está de saída, mas não significa que vamos ficar calados", continuou Chávez, referindo-se ao mandato do presidente colombiano, que será encerrado em 7 de agosto. Ele "é um mafioso e é capaz de qualquer coisa porque está cheio de ódio", completou.

RETOMADA DE RELAÇÕES

As relações bilaterais entre Colômbia e Venezuela foram "congeladas" em julho de 2009 por Caracas, depois do anúncio de um acordo de cooperação militar entre Bogotá e Washington que Chávez considerou uma "ameaça para a segurança regional".

Chávez indicou que as acusações de Uribe constituem um obstáculo a qualquer iniciativa do presidente-eleito na Colômbia, Juan Manuel Santos, de tentar retomar as relações bilaterais entre os dois países.

"Isso que está ocorrendo é o desespero do grupo da extrema-direita que rodeia Uribe para tentar gerar um grande conflito e impedir Santos de voltar a estabelecer relações respeitosas com sua irmã Venezuela", afirmou Chávez.

"Acreditamos sinceramente que o novo governo da Colômbia tem agora um grande obstáculo que é o velho governo", afirmou o presidente.

Chávez disse ainda esperar que o "novo presidente da Colômbia honre seu posto (...) apesar de seu passado" e assegurou que o restabelecimento das relações bilaterais é "bom" para todos.

ACUSAÇÕES

Ainda na quinta-feira o ministério da Defesa da Colômbia anunciou à imprensa que possuía "provas contundentes" da presença de líderes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do ELN (Exército de Libertação Nacional) no país fronteiriço.

Segundo o titular da pasta, Gabriel Silva, estava "confirmada" a presença de diversos guerrilheiros, como Carlos Marín Guarín, apelidado de Pablito, do ELN, e Germán Briceño, o Grannobles, e Jorge Briceño, chamado de Mono Jojoy, estes dois últimos das Farc, na Venezuela.

Chávez destacou ainda que espera manter melhores relações com o futuro presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e disse esperar ainda que ele não siga as linhas políticas da atual administração, já que são "evidentes" as diferenças entre ambos.

"A Venezuela está com as mãos abertas para receber o novo governo, mas estamos em alerta e esperamos que a extrema direita da Colômbia esteja realmente de saída", enfatizou Chávez.

EMBAIXADOR

O governo venezuelano convocou seu embaixador em Bogotá, Gustavo Márquez, e nas próximas horas deverá anunciar "medidas políticas e diplomáticas" em resposta às "agressões" feitas pela administração do presidente colombiano, Álvaro Uribe.

"Chamamos o embaixador Gustavo Márquez para que venha a consultas em Caracas e se una à avaliação de uma série de medidas políticas e diplomáticas que serão tomadas nas próximas horas para rejeitar a agressão do governo colombiano", disse em entrevista coletiva o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro.

"O que Uribe quer com isto? Por que a poucos dias de entregar a Presidência arremete com todo seu ódio, com seus falsos escândalos midiáticos, contra a Venezuela?", questionou Maduro.

O chanceler disse ainda que "todas as vezes" em que Bogotá fez denúncias sobre a presença de guerrilheiros colombianos em território venezuelano, tanto os militares quanto a polícia "comprovaram a falsidade das acusações".

LÍDERES

De acordo com uma nota oficial divulgada ontem pela Colômbia, os líderes seriam Iván Márquez; Rodrigo Granda, conhecido como Ricardo; Timoleón Jiménez, conhecido como Timochenko; e Germán Briceño, conhecido como Grannobles (das Farc); assim como Carlos Marín Guarín, conhecido como Pablito (do ELN)". Segundo a Presidência colombiana, também estão na Venezuela "outros integrantes do grupo terrorista ELN".

Iván Márquez é membro do secretariado (comando central) das Farc, e em 2007 foi recebido em Caracas pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, quando este, a pedido de seu homólogo colombiano Alvaro Uribe, mediava uma troca de reféns da guerrilha por rebeldes presos.

Rodrigo Granda, considerado o "chanceler" das Farc, foi libertado por Uribe em 2007 para facilitar essa tentativa de troca. Timoleón Jiménez também faz parte do secretariado das Farc e foi o encarregado de anunciar, em 2008, a morte por causas naturais de seu fundador, Manuel Marulanda "Tirofijo". Germán Briceño é o irmão do chefe militar das Farc, "Mono Jojoy".

COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

 

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