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20/07/2010 - 22h59

TV opositora nega que governo da Venezuela poderá indicar representante do conselho

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DE SÃO PAULO

A TV venezuelana Globovisión afirmou nesta terça-feira que o governo da Venezuela não terá maioria no conselho da emissora, nem direitos sobre sua linha editorial, ainda que somasse 48,5% das ações da companhia. O meio mantém uma linha editorial muito crítica ao governo do presidente Hugo Chávez.

Em comunicado, a Globovisión afirma que os membros de sua junta diretiva são eleitos por sua Assembleia de Acionistas com voto de mais de 55% do capital social.

Fernando Llano/AP - 14.jul.10
O presidente Hugo Chávez alegou que o governo tem direito a 48,5% das ações da Globovisión
O presidente Hugo Chávez alegou que o governo tem direito a 48,5% das ações da Globovisión

Mais cedo hoje, Chávez tinha dito que o governo poderia nomear um membro para o conselho da Globovisión por ter 48,5% de suas ações --28,5% "tomadas" do empresário Nelson Mezerhane, dono também do Banco Federal, que teve prisão decretada e está foragido; e outros 20% de um homem que faleceu, visto que a concessão não é hereditária.

No dia 14 de junho, o governo venezuelano alegou problemas de liquidez e interveio no Banco Federal, de propriedade de Nelson Mezerhane, que também é acionista da Globovisión.

Na semana passada, Chávez disse que Mezerhane tem pelo menos 300 empresas, "inclusive a Globovisión". Delas, o Estado venezuelano deve se apoderar dos bens para se ressarcir do custo de compensação aos clientes do Banco Federal.

"Esse senhor Mezerhane tem uma empresa, que está sob intervenção agora, que tem 20% das ações da Globovisión, e outra que tem 8,5%", disse Chávez, segundo o jornal venezuelano "El Nacional". "Agora, nos próximos dias, a junta interventora está obrigada a designar um representante na junta diretiva da Globovisión, porque agora nós temos 28,5% das ações, e isso nos dá o direito."

"Há outros 20% [de ações da Globovisión] que estão no ar", acrescentou. "Porque a concessão foi dada a uma pessoa que morreu, e as concessões não são hereditárias. (...) Então temos 48,5% das ações."

COMUNICADO DA GLOBOVISIÓN

Em comunicado lido por Leopoldo Castillo, apresentador de um dos programas mais antichavistas da "Globovisión", e também divulgado em seu site, a empresa nega que a concessão tenha sido dada a uma pessoa física. "A única concessionária do canal de televisão Globovisión é a empresa "Corpomedios GV Inversiones, C.A." e que "nenhuma pessoa natural é concessionária no caso do canal".

Ainda segundo o comunicado, os acionistas da concessionária Corpomedios GV Inversiones, C.A. "são três pessoas jurídicas". Uma delas é "o Sindicato Ávila, cujo acionista é Nelson Mezerhane", com 20% das ações.

Ainda que o governo venezuelano tivesse direito a esses 20% tomados de Mezerhane, "os acionistas não têm o direito de designar membros da junta diretiva da Corpomedios", explica a Globovisión, usando como base os estatutos sociais da empresa. "Os membros do conselho são designados pela Assembleia de Acionistas, como voto de mais de 55% do capital social", informa a Globovisión.

O comunicado finaliza afirmando que "a linha editorial da Globovisión não tem porcentagem de ações. A linha editorial da Globovisión não pode ser expropriada nem sofrer intervenção".

PERSEGUIÇÃO?

No dia 1º, o Ministério Público da Venezuela emitiu uma ordem de prisão contra Mezerhane. A Justiça venezuelana já tinha emitido uma proibição de saída do país contra Mezerhane e outros 17 diretores do Banco Federal, que recebeu intervenção estatal em 14 de junho pelo governo de Hugo Chávez. O governo alegou que a instituição atravessava uma séria crise econômica agravada por uma importante falta de liquidez.

O Banco Federal é uma instituição privada de médio porte.

Mezerhane também é um dos diretores da emissora Globovisión, muito crítica ao governo de Chávez e cujo presidente, Guillermo Zuloaga, também teve a prisão decretada pela Justiça por suposta "usura" e associação para delinquir.

Zuloaga, por enquanto, está foragido da Justiça. Ele, assim como Mezerhane, assegurou que as acusações judiciais respondem a "pressões" políticas por parte do governo devido à linha editorial da Globovisión.

Chávez rejeitou as críticas, negando que se trate de uma perseguição contra a emissora. "Não é pelo canal, não é por nada, simplesmente este banco quebrou e estavam lidando irresponsavelmente com o dinheiro público", disse Chávez recentemente. "Estão fugindo por algum motivo. Quem não deve, não teme", completou.

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) anunciou nesta terça-feira que concedeu o Grande Prêmio à Liberdade de Imprensa a Zuloaga, por ser um "símbolo da defesa da liberdade de imprensa não só na Venezuela, mas em todo o mundo".

ZULOAGA

Zuloaga e seu filho foram formalmente acusados no dia 29 de junho pela Promotoria venezuelana pelos crimes de "usura" e associação para o crime, que contemplam penas de um a cinco anos de prisão.

Em declarações por telefone à Globovisión, Zuloaga explicou que não se entregará à Justiça e garantiu que tanto ele quanto a Globovisión são vítimas da "injustiça e a perseguição do governo de Chávez".

O empresário, de 67 anos, tem vários casos abertos na Justiça e estava proibido de deixar o país, já que em março foi acusado de divulgar informações supostamente falsas e de ofender o presidente venezuelano.

O presidente Chávez refutou as críticas e garantiu que a decisão da Justiça nada tem a ver com a linha editorial da Globovisión, que por sua vez tem vários processos abertos e foi ameaçada de fechamento em várias ocasiões.

COM AGÊNCIA DE NOTÍCIAS

 

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