Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
29/07/2010 - 10h42

Presidente afegão sugere que Otan deve atacar alvos terroristas no Paquistão

Publicidade

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, afirmou nesta quinta-feira que os aliados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) têm a capacidade de atacar as bases do grupo islâmico Taleban no vizinho Paquistão, mas questionou o desejo das tropas de fazê-lo.

"A guerra contra o terrorismo não está nas vilas ou casas do Afeganistão, mas nos santuários, fontes de financiamento e treinamento e eles ficam fora do Afeganistão", disse Karzai, em entrevista coletiva em Cabul, sem citar explicitamente o país vizinho.

"É uma pergunta diferente se o Afeganistão tem a capacidade de atacar isso [...], mas nossos aliados tem esta capacidade e a questão agora é por que não estão tomando atitudes?", completou Karzai.

A acusação de que o Paquistão ajuda em segredo o Taleban ganhou força nesta semana com a publicação de mais de 91 mil páginas de documentos secretos da guerra no Afeganistão pelo site Wikileaks. entre as várias revelações, está a de que os serviços secretos de inteligência ajudam os talebans.

Na terça-feira, em uma primeira reação ao vazamento, o Conselho Nacional de Segurança disse que os Estados Unidos fracassaram em atacar os patrocinadores e apoiadores do Taleban escondidos no Paquistão ao longo dos quase nove anos de conflito.

O presidente afirmou que os documentos permitem uma mudança na forma de lidar com a guerra e provam que o Afeganistão estava certo sobre a causa da guerra --o apoio dos serviços secretos paquistaneses (ISI) aos talebans afegãos e outros grupos insurgentes.

Os agentes ofereceriam refúgio nas zonas tribais fronteiriças e, inclusive, organizariam seus ataques para enfraquecer o Afeganistão e defender os interesses de Islamabad.

O Paquistão era aliado do regime dos talebans (1996-2001) antes de unir-se aos Estados Unidos. Islamabad nega qualquer apoio à insurgência afegã.

"Após o vazamento dos documentos, espero que reconsiderem suas políticas", disse. "Não se faz nada no lugar de onde provém o verdadeiro perigo".

RISCO

Karzai classificou ainda de irresponsável e escandaloso o vazamento de documentos com os nomes dos informantes afegãos e afirmou que isso coloca suas vidas em perigo.

"Meu porta-voz me disse que nesses documentos são revelados os nomes de alguns afegãos que cooperam com as forças internacionais", declarou Karzai, indagado a respeito durante a coletiva.

"É extremadamente irresponsável e escandaloso porque, independente dessa agente que aja legitimamente ou não ao dar informações às forças da Otan, isso envolve vidas. E essas vidas agora estão em perigo", denunciou.

"Devemos examinar o contexto em que são mencionados esses nomes, e atuar em consequência. É um assunto muito grave que nos preocupa", acrescentou, insistindo em medidas necessárias para proteger os afegãos que informam às forças estrangeiras arriscando suas vidas.

O jornal britânico "The Times" afirmou que, depois de apenas duas horas revisando os documentos, foi capaz de encontrar dezenas de nomes de afegãos que, segundo os arquivos, passam informações detalhadas para as forças americanas.

O "Times" deu como exemplo um documento de 2008 que incluía uma entrevista detalhada com um combatente taleban, que planejava desertar.

O homem, que dá nomes de comandantes talebans e se refere a outros potenciais desertores, aparece identificado por seu nome, assim como seu pai e seu povoado. O que não se especifica é se, por fim, ele desertou.

Em outros documentos, alguns afegãos passam informações sobre os talebans. Em um relatório de 2007, um alto dirigente acusa personalidades do governo de corrupção.

Os documentos também revelam os nomes de mediadores, que facilitaram encontros entre talebans desejosos de entregar as armas, além dos locais e datas das reuniões com esse objetivo.

Mais de 91 mil documentos foram divulgados pelo Wikleaks com detalhes inéditos da guerra no Afeganistão retirados dos arquivos do Pentágono e de relatórios nos teatros de operações que vão de 2004 a 2009.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página