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03/08/2010 - 12h10

Em reação aos EUA e Seul, China começa cinco dias de exercícios militares aéreos

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DE SÃO PAULO
DA REUTERS, EM PEQUIM

A China iniciou nesta terça-feira cinco dias de exercícios aéreos, mobilizando caças e milhares de soldados em meio a um cenário de crescente tensão diplomática e militar com os Estados Unidos.

O exercício "Vanguarda 2010" ocorre nas Províncias de Henan (centro) e Shandong (leste), próximas ao Mar Amarelo, segundo a agência estatal de notícias Xinhua. Outra agência, a China News Service, disse que mais de 100 aeronaves do Exército, Aeronáutica e Marinha participam da atividade, disparando mísseis reais para simular a defesa de Pequim contra um ataque aéreo.

As manobras militares da China são interpretadas por analistas internacionais como uma clara reação aos exercícios conduzidos por Washington e Seul na península coreana, encerrados na última quarta-feira (28).

A operação "Espírito Invencível" foi centrada em ações antissubmarinos e contou com a participação do porta-aviões nuclear americano USS George Washington, 20 navios de guerra, 200 aviões de combate e 8.000 soldados.

Lee Jung-Hoon/Reuters
Cerca de 200 aeronaves, 20 navios de guerra e 8.000 tropas dos EUA e de Seul participaram das manobras
Cerca de 200 aeronaves, 20 navios de guerra e 8.000 tropas dos EUA e de Seul participaram das manobras

Pequim queixou-se publicamente a respeito do exercício patrocinado pelos EUA e também manifestou-se contra os comentários de Washington sobre uma disputa territorial no Mar do Sul da China.

O Exército chinês, no entanto, negou que as manobras estejam relacionadas com qualquer manifestação de apoio ao regime da Coreia do Norte (aliado chinês) ou às tensões regionais provocadas pela movimentação EUA-Coreia do Sul.

"O objetivo é elevar as capacidades de combate nesta região militar e tornar efetivos os preparativos para o combate militar", disse o general Zhao Zongqi, um dos responsáveis pela atividade, ao China News Service.

SEM ENSAIO

Segundo a agência, o exercício ocorre sem ensaio prévio, para que seja o mais realista possível, e envolverá sete tipos de aeronaves, inclusive helicópteros e aviões espiões.

A China tem ampliado os investimentos na sua Força Aérea, que agora está equipada com caças de origem russa Su-30 e Su-27, superiores aos F-16 usados por Taiwan, ilha autônoma que Pequim considera ser uma "província rebelde" da China e que insiste que tem de se unificar com a China continental, à força, se necessário.

AP
Foco da operação militar "Espírito Invencível" -- entre EUA e Seul -- foram os exercícios antissubmarinos
Foco da operação militar "Espírito Invencível" -- entre EUA e Seul -- foram os exercícios antissubmarinos

A imprensa chinesa tem anunciado vários exercícios militares nas últimas semanas, inclusive de forças navais, fatos normalmente sigilosos.

A publicação Semanário Militar disse que, embora os exercícios sejam normais e a China não tenha intenção de "buscar hegemonia", ela reagirá a eventuais agressões contra seus interesses.

"Embora os exercícios da China sejam discretos, eles passam um recado", disse o artigo. "Se outras pessoas ameaçarem os nossos interesses, temos suficientes meios militares e métodos tecnológicos para contê-los."

No mês passado, Pequim demonstrou indignação contra o exercício EUA-Coreia do Sul no Mar Amarelo (que também banha a China). A maior parte das manobras acabou sendo transferida para o Mar do Japão.

A China alegava que as manobras ameaçariam sua segurança e a estabilidade regional. Washington e Seul afirmavam que o objetivo dos exercícios era dissuadir a Coreia do Norte de eventuais agressões.

EUA-COREIA DO SUL

As manobras entre Seul e Washington foram encerradas na última quarta-feira (28), e foram uma "grande demonstração de força" para a Coreia do Norte, disse à imprensa uma autoridade do Estado-Maior Conjunto de Seul.

"Praticamos bem juntos e o Exército [sul-coreano] acredita que poderá dissuadir e derrotar uma agressão da Coreia do Norte em qualquer momento, graças a sua aliança com os Estados Unidos", acrescentou.

Apesar das ameaças de represálias com seu poder nuclear por parte de Pyongyang, os exercícios foram realizados sem informações sobre qualquer incidente.

A Coreia do Sul e os Estados Unidos, baseando-se nos resultados de uma investigação internacional, acusam Pyongyang de ter afundado um navio de guerra sul-coreano, o "Cheonan", no dia 26 de março próximo da fronteira marítima entre as duas Coreias, no Mar Amarelo. Quarenta e seis marinheiros sul-coreanos morreram. Pyongyang nega o ataque.

Coreia do Sul e EUA asseguraram que estas operações são de caráter defensivo, e informaram que devem realizar mais manobras conjuntas nos próximos meses na península coreana.

Segundo fontes militares da Coreia do Sul, os próximos exercícios conjuntos acontecerão em setembro no Mar Ocidental (Mar Amarelo).

REAÇÕES

Nos dias que antecederam as manobras entre Seul e Washington a China protestou criticando a introdução de equipamentos militares em larga escala no Mar Amarelo.

A Comissão Nacional de Defesa da Coreia do Norte prometeu lançar uma "guerra sagrada" contra os Estados Unidos e a Coreia do Sul a "qualquer momento que se faça necessário" em resposta às manobras e o país também ameaçou responder aos exercícios conjuntos no Sul por meio de uma "potente dissuasão nuclear".

 

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