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20/08/2010 - 12h20

EUA convidam Israel e palestinos para retomar diálogo direto em setembro

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DE SÃO PAULO

Atualizado às 12h57.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, anunciou nesta sexta-feira que Washington convidou as lideranças palestinas e de Israel a retomarem o diálogo direto de paz nos próximos dias 1º e 2 de setembro, em uma reunião de três partes em Washington, nos Estados Unidos.

A retomada romperia 20 meses de interrupção no diálogo direto pela paz no Oriente Médio, um processo que se arrasta há 62 anos.

Diplomatas e fontes ligadas às negociações afirmaram nesta sexta-feira que as lideranças palestinas e de Israel aceitaram retomar as conversas diretas de paz.

Hillary falou apenas de um convite americano, embora o enviado especial dos EUA para a região, George Mitchell, que falou logo em seguida, tenha cravado o início das conversas de paz.

"Houve dificuldades no passado e haverá dificuldades agora. As conversas atingirão obstáculos e os inimigos da paz continuarão tentando nos prejudicar", disse Hillary, reconhecendo a dificuldade do processo.

Hillary afirmou ainda que as conversas tripartites devem acontecer "sem pré-condições, com boa fé e compromisso com seu sucesso". Apesar da ampla defesa de Israel por um diálogo sem agenda prévia, a liderança palestina foi clara em estabelecer suas condições para retomar as negociações.

Ela falou ainda em um prazo de 12 meses, que o Quarteto para o Oriente Médio (Estados Unidos, ONU, Rússia e União Europeia) diz ser o suficiente para um acordo.

A secretária não deu mais detalhes, mas Mitchell afirmou em resposta às perguntas dos jornalistas que as negociações têm como premissa a criação de um Estado palestino, "vivendo lado a lado [com Israel], em paz e segurança".

As demais bases do diálogo, incluindo a fronteira do novo Estado, serão definidas por israel e pela Autoridade Nacional Palestina.

PRAZO E PLANOS

Segundo o enviado, "o único jeito de isso acontecer é com diálogo direto" e os EUA vão atuar com paciência, determinação e perseverança.

Mitchell também reconheceu as dificuldades nas negociações de paz e disse que não espera que elas desapareçam na primeira reunião.

"Sabemos muito bem que a desconfiança entre as partes continua, a hostilidade residual desenvolvida em muitas décadas de confronto e em muitos esforços anteriores que não foram bem sucedidos", disse Mitchell.

"[As diferenças] não serão resolvidas imediatamente, mas acreditamos que a paz ampla no Oriente Médio, incluindo, mas não limitada, ao fim do confronto entre israelenses e palestinos, está dentro dos interesses de Israel, dos palestinos e dos EUA".

Quanto ao prazo de um ano, Mitchell disse acreditar ser possível --mas preferiu não usar a palavra prazo.
"É uma causa tão nobre, tão justa, que o esforço contínuo tem que ser feito", disse Mitchell, que rejeitou comparação de um jornalista de que demorou-se 20 meses apenas para retomar as negociações diretas.

O enviado americano lembrou ainda que os 12 meses foram citados pelo próprio Netanyahu, em sua visita em julho aos EUA e revelou que o presidente americano, Barack Obama, também acredita que um acordo pode sair neste prazo.

O anúncio, contudo, foi apenas o início de um processo de negociação. Nestes primeiros encontros, em setembro, as duas partes devem decidir as datas e locais das próximas reuniões. "Mas esperamos que algumas delas aconteçam na região", disse Mitchell.

O americano disse ainda que os EUA devem oferecer propostas conciliadoras, mas reconhecem estas conversas como essencialmente bilaterais e, portanto, as ideias principais devem vir de Israel e dos palestinos.

As conversas, ainda segundo Mitchell, devem incluir a participação de aliados como o Quarteto, Egito e Jordânia, que já atuam há tempos nos esforços de paz.

IDAS E VINDAS

As negociações de paz lançadas em Annapolis (EUA), no final de 2007, estão estagnadas desde dezembro de 2008, quando os palestinos abandonaram o processo de paz após o início da ofensiva militar israelense contra a faixa de Gaza, que deixou cerca de 1.400 palestinos mortos, na maioria de civis.

Posteriormente, Abbas se negou reiteradamente a voltar à mesa de negociação enquanto Israel não paralisasse totalmente a ampliação das colônias judaicas na Cisjordânia.

Em março passado, Abbas aceitou iniciar conversas indiretas de paz sem que se tivesse cumprido sua exigência, mas a aprovação da ampliação de uma colônia em Jerusalém Oriental, durante a visita do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, jogou por terra a possibilidade e originou a maior crise diplomática em décadas entre Israel e Washington.

Em visita à Casa Branca em julho, Netanyahu disse estar disposto a tomar passos concretos e seguir com o plano mediado pelos EUA de iniciar diálogo direto em setembro próximo. Ele não afirmou, contudo, quais seriam os requisitos israelenses, ou, ainda mais importante, o que Israel estaria disposto a ceder pelo diálogo.

Por outro lado, semanas depois, Abbas decretou o que considera os termos essenciais para retomar as conversas diretas.

Ele disse que Israel precisa concordar que o futuro Estado palestino deve incluir as terras ocupadas na guerra de 67. Os palestinos querem estabelecer seu Estado na Cisjordânia e na faixa de Gaza, com Jerusalém Ocidental como capital --pedido rejeitado por Israel, que considera toda Jerusalém sua eterna capital.

Segundo Abbas, deve haver ainda uma terceira parte garantir a segurança do futuro Estado palestino. A segurança da Palestina poderia ser entregue à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) --um compromisso que reduziria os temores de Israel de que os palestinos se armariam pesadamente. Israel, contudo, quer manter uma presença no vale da Jordânia, ao longo da fronteira da Cisjordânia.

Há ainda a condição de uma troca justa de terras pelas áreas da Cisjordânia ocupadas com assentamentos judaicos. Palestinos já disseram que não aceitariam uma ocupação superior a 2% do território cisjordaniano.

As pressões diplomáticas se intensificaram nos últimos dias, já que em 26 de setembro vence a moratória de dez meses para a construção de assentamentos nas colônias judaicas da Cisjordânia.

COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

 

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