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Após eleições, Austrália tem apuração acirrada; novo governo pode levar meses
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A confirmação de um Parlamento sem maioria após as eleições de sábado (21) na Austrália deve movimentar diferentes facções políticas em busca da formação de uma coalizão de governo. A apuração dos votos segue acirrada e ainda não foi concluída.
Os resultados oficiais, com 75% das urnas apuradas, dão 72 cadeiras no Parlamento para os trabalhistas e 69 para os conservadores. Para formar a maioria são necessários 76 assentos. O respeitado instituto de pesquisas ABC previu bancadas de 73 deputados para cada partido, o que deixaria três deputados independentes e um parlamentar do Partido Verde como fiéis da balança.
A atual primeira-ministra Julia Gillard e o líder oposicionista Tony Abbott foram a Canberra (capital) para conversar nesta semana com parlamentares "oscilantes."
A possibilidade de um governo conservador --que arquivaria propostas trabalhistas, como a de um novo imposto de 30% sobre a mineração e a criação de um mecanismo de créditos de carbono-- fez com que o dólar australiano se recuperasse de perdas anteriores e as ações das mineradoras fechassem o dia em leve alta.
Gillard, que assumiu o cargo há menos de dois meses, por uma decisão partidária, afirmou que os trabalhistas tiveram mais votos que os conservadores e "isso significa que a maioria dos australianos quis um governo trabalhista."
A hipótese de um governo conservador depende de a oposição obter mais deputados que os trabalhistas, e de os independentes confirmarem sua tendência a se alinharem aos conservadores.
COALIZÃO
A formação de um governo de coalizão na Austrália pode levar meses, na opinião de muitos analistas, após a eleição de um Parlamento sem maioria pela primeira vez desde 1940.
Os trabalhistas da primeira-ministra Julia Gillard e a oposição conservadora de Tony Abbott não alcançaram as 76 cadeiras necessárias para ter maioria no Parlamento, que tem 150 deputados.
Cada lado tenta convencer os três deputados independentes e um verde a aceitar um acordo para formar um governo de coalizão.
O Parlamento deve reunir-se 30 dias depois da comissão eleitoral confirmar o nome dos deputados, o que deve acontecer no máximo até 27 de outubro.
"Isto poderia permitir à primeira-ministra Julia Gillard convocar a Câmara de Representantes no mais tardar para 26 de novembro, o que daria até três meses de prazo para um acordo com os deputados independentes", afirmou Donald Rothwell, professor de Direito da Universidade da Austrália.
Gillard pode permanecer como chefe de governo interina até esta data.
ACORDO
Michael Coper, também professor de Direito da Universidade da Austrália, considera mais provável que Gillard ou Abbott alcancem um acordo para formar um governo antes de novembro.
"Pela importância (da situação política) nos mercados, uma solução pode ser alcançada dentro de duas semanas", opinou Ian McAllister, outro professor do mesmo centro de ensino.
De acordo com Gillard, que perdeu a vantagem que os trabalhistas tinham nas pesquisas há algumas semanas, o país deseja sobretudo um "governo estável, o que significa que a maioria dos australianos deseja um governo trabalhista".
A ex-advogada de 48 anos, tornou-se primeira-ministra em junho após uma rebelião dentro do Partido Trabalhista contra o então líder de governo Kevin Rudd.
Já Abbott, que foi ministro no último governo conservador, derrotado nas urnas em 2007, afirma que a atual primeira-ministra perdeu a legitimidade.
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