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Governo Kirchner tem histórico de disputas com a mídia; saiba mais
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DE SÃO PAULO
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, acusou nesta terça-feira os dois principais jornais argentinos, Grupo "Clarín" e o "La Nación", de "conspirar ilegalmente com ditadores" para assumir o controle da principal fabricante de papel jornal do país há três décadas, inclusive usando força e cometendo crimes contra a humanidade.
Não ficou imediatamente claro que tipo de medida concreta a presidente planeja adotar em relação à empresa fabricante do papel jornal, a Papel Prensa, que desde a ditadura de 1976-1983 tem três proprietários: o "Clarín", o "La Nación" e o governo argentino. Mas esta não é a primeira vez que Kirchner bate de frente com a mídia.
Veja a cronologia do conflito:
1 - TRANSMISSÃO DE FUTEBOL (ago.2009)
O Estado sela contrato milionário com a AFA (Associação do Futebol Argentino), para transmitir torneios pela TV pública (aberta). Para fechar o acordo, a AFA rompe pacto de exclusividade com o Grupo Clarín, que transmitia os jogos pela TV a cabo
2 - BLITZ DA RECEITA FEDERAL (set.2009)
Cerca de 200 agentes da Receita Federal fazem operação-surpresa na sede do diário 'Clarín' e em residências de diretores do grupo. O jornal denuncia o diretor da Receita, Ricardo Echegaray, por abuso de autoridade e intimidação
3 - NOVA LEI DE SERVIÇOS AUDIOVISUAIS (out.2009)
O governo consegue aprovar no Congresso lei que regula os setores de rádio e TV. O Grupo Clarín é o mais afetado pelas novas regras, que fixam limites à participação das empresas privadas. O grupo terá de reduzir seus negócios em TV
4 - BLOQUEIO À DISTRIBUIÇÃO DE JORNAIS (nov.2009)
Sindicato de caminhoneiros alinhado ao kirchnerismo interrompe a distribuição dos jornais "Clarín" e "La Nación", ao impedir a saída de caminhões das gráficas
5 - PRESSÃO SOBRE FÁBRICA DE PAPEL JORNAL (nov.2009)
O ministro da Economia, Amado Boudou, afirma desconfiar de irregularidades na gestão da fábrica de papel-jornal Papel Prensa, da qual o "Clarín" é sócio majoritário, e anuncia que tomará medidas para saná-las
6 - REGULAÇÃO DO MERCADO DE TV A CABO (dez.2009)
O governo suspende a autorização dada em 2007 para a fusão das empresas Multicanal e Cablevisión, operação que deu ao Grupo Clarín a liderança no mercado de TV a cabo
7 - VITÓRIA DO CLARÍN (dez.2009)
Grupo consegue medida cautelar sobre dois pontos da Lei de Serviços Audiovisuais, derrubando o prazo de um ano para que as empresas se desprendam de parte de seus negócios e a necessidade de prévia aprovação do governo para transferência de canas de rádio e TV
8 - FIBERTEL (ago.2010)
Governo anula licença de operação da empresa, que pertence ao Grupo Clarín e oferece serviços de internet a mais de 1 milhão de clientes
+ Notícias sobre a Papel Prensa
- Cristina Kirchner acusa jornais "Clarín" e "La Nación" de monopólio integrado
- Imprensa da Argentina critica ofensiva do governo contra o grupo de mídia Clarín
- Clarín perde desconto para comprar papel na Argentina
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