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China prende 4 jornalistas em funeral de acidente
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FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
A polícia chinesa prendeu no sábado quatro jornalistas que cobriam o acidente aéreo envolvendo um avião de fabricação da Embraer, revelou ontem o jornal "Global Times", ligado ao Partido Comunista.
Todos trabalhavam em meios de comunicação chineses e foram liberados no mesmo dia, após um grupo de jornalistas ter organizado um protesto em Yichun, onde ocorreu a queda do avião. Eles ficaram detidos por cerca de duas horas.
Os quatro foram presos quando tentavam registrar funerais de vítimas do acidente ocorrido há uma semana, com um saldo de 42 mortos e 54 feridos.
"Dois policiais se aproximaram de mim e perguntaram se eu era repórter. Eu disse "sim" e então eles me pediram que eu fosse com eles sem explicar o motivo", disse o repórter Shang Qinshuo.
A reportagem da Folha telefonou para os quatro veículos envolvidos no episódio, mas ninguém quis comentar as prisões.
ENGANO
Os jornalistas só foram liberados após um grupo de dez colegas de profissão organizar um manifestação diante da funerária onde os mortos do acidente estavam sendo velados. Eles carregavam cartazes com a mensagem: "A polícia não pode prender jornalistas por expor a verdade". Na foto divulgada ontem, todos tinham os rostos cobertos.
Mais tarde, um porta-voz da Prefeitura de Yichun, Hua Jingwei, afirmou que as prisões haviam sido um mal-entendido e que uma proibição para cobrir os funerais não foi informada a tempo para os jornalistas, afirma o "Global Times".
Os jornalistas chineses vêm sofrendo uma série de ataques neste ano. Três repórteres foram espancados por desconhecidos e um teve a prisão decretada (e logo revogada).
Neste mês, o dirigente máximo do país, Hu Jintao, disse que os jornalistas deveriam ter liberdade para reportar irregularidades. Apesar da declaração, a imprensa do país continua submetida à censura oficial.
O acidente envolvendo o jato E190 foi o mais grave da aviação chinesa desde 2004. As investigações ainda estão em andamento. A Embraer enviou uma equipe ao local do acidente, localizado no nordeste do país.
Entre as queixas do governo divulgadas pela imprensa estatal estavam rachaduras em turbinas e erros nas informações do controle de voo.
A Embraer disse em nota que "promove reuniões periódicas" com os chineses para discutir as "operações das aeronaves".
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