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Em memórias, Tony Blair diz "lamentar desesperadamente" mortes no Iraque
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DA FRANCE PRESSE, EM LONDRES
O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair disse "lamentar desesperadamente" as mortes na guerra do Iraque, em trechos de suas memórias divulgados nesta terça-feira.
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Apesar de "lamentar as vidas abreviadas", Blair manteve a posição de que foi correto destituir o ditador Saddam Hussein do poder, em trechos de "A Journey" (Uma Jornada, em tradução livre), livro de memórias no qual relata a década em que permaneceu no poder.
Blair considerou "terrível" a sequência da invasão ao Iraque, em 2003, admitindo ter chorado pela perda de vidas e que ainda sente "angústia" pelos familiares dos mortos no conflito.
"A angústia vem de um senso de tristeza que vai além da descrição convencional ou do choque que se sente ao ouvir uma notícia trágica", escreveu. "Embora tenham sido abundantes, as lágrimas não dão conta disso".
"Lamento desesperadamente por eles, pelas vidas abreviadas, pelas famílias cuja perda piora com a controvérsia de porquê seus entes queridos morreram, lamento pela absolutamente injusta seleção segundo a qual a perda deveria ser deles", acrescentou.
"Nós não antecipamos o papel da Al Qaeda ou do Irã" nos planos pós-invasão, admitiu.
"No âmbito do que nós sabíamos, eu ainda acredito que deixar Saddam (Hussein) no poder era um risco maior para nossa segurança do que destituí-lo e que, por terrível que tenham sido os efeitos, a realidade de Saddam e seus filhos permanecerem no poder no Iraque seria muito pior", acrescentou.
DOAÇÃO
Este mês, Blair anunciou que doará todo o lucro obtido com a venda de sua autobiografia à Legião Real Britânica, uma organização de caridade que ajuda veteranos de guerra seriamente feridos em combate.
Segundo informes, o ex-premiê teria recebido um adiantamento de 4,6 milhões de libras (R$ 12,5 milhões) pelo livro e espera-se que as vendas rendam uma quantia muito superior.
A livraria virtual Amazon anunciou que "A Journey" já ocupa a 11ª posição em sua lista dos mais vendidos em seu site britânico, embora tenha se recusado a fornecer números de vendas.
O volume chega às lojas nesta quarta-feira, embora Blair vá estar nos Estados Unidos atendendo a convite para um jantar na Casa Branca, oferecido pelo presidente americano, Barack Obama, por sua atuação como enviado de paz ao Oriente Médio.
A emissora BBC exibirá, também nesta quarta-feira, a primeira entrevista política à TV gravada por Blair desde que ele deixou o poder, em 2007.
Depois da visita aos Estados Unidos, o ex-premiê seguirá para a Irlanda para uma noite de autógrafos, antes de voltar ao Reino Unido em 8 de setembro para evento semelhante, que deverá ser cercado de um intenso esquema de segurança.
Em algo incomum para uma autobiografia deste porte no Reino Unido, as memórias de Blair não tiveram partes publicadas.
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