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02/09/2010 - 11h38

Espanha recebeu mais um dissidente político cubano nesta quinta-feira

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DA FRANCE PRESSE, EM MADRI

Mais um dissidente político cubano chegou nesta quinta-feira à Madri numa operação de libertação resultante do diálogo entre o governo de Raúl Castro e a Igreja Católica de Cuba, informou o chanceler espanhol Angel Moratinos.

Próspero Gaínza Agüero, de 53 anos, chegou acompanhado por dois familiares ao Aeroporto Internacional de Madri-Barajas, e é o primeiro do grupo de seis ex-presos políticos que chegarão nos próximos dias à Espanha.

Os demais são Alfredo Rodolfo Domínguez Batista, de 48 anos, Víctor Arroyo, de 57 anos, Alexis Rodríguez, de 40, Leonel Grave de Peralta, de 34, e Claro Sánchez, de 56 anos.

A chegada de Gaínza eleva para 27 o número de dissidentes cubanos que já foram para a Espanha desde 12 de julho em função desse acordo do governo cubano com a Igreja local.

CRÍTICAS

Ainda no dia 21 de agosto um grupo de 164 dissidentes cubanos enviou uma carta ao papa Bento 16 para criticar a "lamentável e vergonhosa" postura da hierarquia católica da ilha em sua mediação com o governo de Raúl Castro sobre os presos políticos.

"Alguns dos católicos que assinam esta carta e outros que talvez incorporem suas assinaturas não estão de acordo com a postura da hierarquia eclesiástica cubana em sua intervenção pelos presos políticos, é lamentável e de fato vergonhosa", diz o documento entregue na Nunciatura Apostólica em Havana, de acordo com o relato da dissidente Marta Beatriz Roque, uma das signatárias.

A carta dirigida a Bento 16 critica o processo de diálogo aberto em maio passado entre o governo do presidente cubano, Raúl Castro, e a Igreja Católica da ilha, representada pelo cardeal Jaime Ortega e o presidente da conferência dos bispos cubanos, Dionisio García.

Como resultado desse diálogo, que foi apoiado pela Espanha, o regime cubano assumiu o compromisso de libertar 52 presos políticos em quatro meses, todos membros do grupo dos 75 opositores condenados na repressão da Primavera Negra de 2003.

Os dissidentes que assinam a carta ao papa defendem que a mediação deveria ter ouvido a dissidência interna e o exílio, que há mais de 20 anos, dizem, estão lutando pelo restabelecimento da democracia.

EXPATRIAÇÃO

Segundo os signatários, as 26 libertações ocorridas até agora constituem a "solução da expatriação", já que esses presos políticos foram libertados e imediatamente conduzidos a um avião para tirá-los de Cuba rumo à Espanha.

Depois de sete anos "injustamente presos", esse "êxodo", dizem os dissidentes, "só beneficia a ditadura".

Em reação, o Arcebispado de Havana chamou de "ofensivo" o conteúdo dessa carta e disse que despertou "indignação" entre muitos fiéis católicos.

Em comunicado, o Arcebispado afirma também que a Igreja Católica sabia que sua mediação perante o governo seria interpretada de diversas formas, mas "permanecer inativa não era uma opção válida para a Igreja por sua missão pastoral".

"A ação da Igreja a favor do respeito à dignidade de todos os cubanos e a harmonia social em Cuba não começou há 20 anos, e foi uma ação que não se apoiou, nem se apoiará nunca, em tendências políticas", acrescenta a nota do Arcebispado.

Segundo o comunicado, a Igreja em Cuba "não desviará sua atenção daquilo que a motivou a atuar neste processo: a exigência humanitária de famílias que sofreram pelo encarceramento de um ou mais de seus membros".

"Isto é algo que o papa Bento 16 conhece muito bem", ressalta a nota.

 

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