Porta-vozes de indígenas mapuches são presos após incidentes no Chile

Três porta-vozes dos presos mapuches, em greve de fome há mais de 60 dias, foram detidos na noite de ontem após graves incidentes em frente ao hospital de Concepción, informou neste domingo a rádio "Bío-Bío".

Os representantes dos indígenas estavam reunidos em frente ao local, quando foram detidos pelos policiais. Eles acompanhavam no centro médico as notícias sobre Jonathan Huillical e José Huenuche, dois dos quatro grevistas do presídio El Manzano e que estão hospitalizados.

Os três detidos seriam os representantes dos manifestantes presos nas penitenciárias de Lebu, Angol e Temuco. Outras 13 pessoas foram presas nos incidentes.

A coordenadora dos familiares dos indígenas presos, María Tralcal, denunciou à mesma rádio que as detenções tiveram conotação política.

Ainda de acordo com tal versão, também foram presos o filho do detido Héctor Llaitul, Ernesto Llaitul, um jovem de 17 anos que ficou ferido após confrontos; e Alejandra Aguilar, encarregada de um acampamento instalado por mapuches próximo a El Manzano.

Trinta e quatro presos mapuches realizam a greve de fome, 32 deles há mais de 60 dias, em protesto contra a aplicação da Lei Antiterrorista, medida da ditadura militar (1973-1990) e que foi utilizada para prendê-los e processá-los.

Há anos, os mapuches lutam para recuperar suas terras ancestrais, na região de Araucanía, no que é considerado um dos conflitos mais antigos da História do país. Após inúmeras reivindicações, eles decidiram intensificar os protestos.

Por sua vez, a presidente do PPD (Partido pela Democracia), Carolina Tohá, reconheceu o erro dos governos da aliança de esquerda Concertación, que esteve no poder por 20 anos e foi derrotada nas últimas eleições, cujo segundo turno ocorreu em janeiro passado elegendo o conservador Sebastián Piñera.

Tohá convidou o governo a abrir imediatamente um diálogo com os indígenas para evitar a morte de qualquer um deles e colocar um fim ao conflito entre os povos do país.