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15/09/2010 - 07h42

Hugo Chávez ataca de garoto-propaganda de eletrodomésticos chineses

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FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Desejam uma geladeira? Uma máquina de lavar? Um ar-condicionado para o calor caribenho de Caracas?

Em plena campanha para as eleições legislativas do dia 26, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, lançou um programa para vender eletrodomésticos a "preços socialistas" que começará, "em breve", na rede estatal de supermercados.

Veja o vídeo de Chávez vendendo eletrodomésticos

"Tremenda máquina de lavar. Grandíssima!", disse na última sexta, ao vivo, pela TV estatal, num comando de cena que causaria inveja ao garoto-propaganda das Casas Bahia.

Logo foi a vez do reclame do ar-condicionado. Lado a lado, os aparelhos importados da China e os "capitalistas". "Abre mais a imagem, compadre, para que vejam os aparelhos completos. Para que se comparem", instruía ao câmera-man.

"Esse é dos ruins", começou Chávez, apontando para o modelo "capitalista". Em seguida, se solidarizou com o aparelho: "O pobre ar não é capitalista. Não tem culpa. É produto do trabalho do homem e transformam em mercadoria", ensinou.

"Olha esse chinês-venezuelano! Tipo ventilador. Te vendo por mil bolívares."

O ar-condicionado chinês Haier custará 1.024 bolívares fortes, US$ 238 no câmbio oficial. "A economia é de 60%. Não é como esses capitalistas que dizem ofeeeeerta! E só tiram um bolívar." Palmas da plateia, na região do Petare, complexo de favelas ao leste de Caracas.

Ao fundo, cartazes exibiam o nome do programa: "Minha Casa Bem Equipada". Serão 300 mil máquinas de lavar, anunciou Chávez. "E por aí vêm o navio com as TVs!" Mais palmas.

Para ter o novo eletrodoméstico, o venezuelano usará um cartão de crédito, o "Bom Viver", a ser lançado pelo estatal Banco de Venezuela, outra oferta de campanha. O banco fechou com a brasileira Caixa Econômica Federal um convênio para se capilarizar em favelas.

REVOLUÇÃO PELA TV

Não é a primeira vez que Chávez se dedica à televenda --os celulares estatais Orinoquia, em 2008, foram um êxito. Mas não é o apelo comercial do presidente que preocupa a oposição.

Ele é o principal garoto-propaganda governista rumo à Assembleia Nacional e as pesquisas de opinião Hinterlaces e IVAD apontam repique de sua popularidade.

É Chávez que estampa cartazes e lidera as caravanas na TV. Segundo a ONG ligada à oposição Súmate, em 15 dias de campanha, ele gastou 63 horas na TV, parte delas em cadeias obrigatórias.

Segundo a Hinterlaces, o presidente passou de 39% de aprovação em março para 46% em agosto, apesar da crise econômica, de segurança e dos apagões.

É difícil fazer previsões sobre os resultados eleitorais com base em pesquisas públicas. Nas medições nacionais, oposição e governo aparecem empatados, na margem de erro.

Mesmo que ganhe em seus bastiões, porém, os opositores poderão tirar de Chávez a maioria qualificada. É improvável que capturem o maior número de cadeiras. Não à toa Chávez esmerou-se no televendas do Petare. Perdeu lá as últimas três eleições.

Não faltou a distribuição da comida da geladeira à venda. "Olha, essa geladeira está lotada. Onde estão as crianças? Que venham os meninos que eu vou distribuir iogurte [de uma fábrica nacionalizada]. Deixa! Solta o menino. Primeiro o loirinho, que chegou primeiro..."

 

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