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Papa admite que pedofilia mina credibilidade da Igreja e foi combatida de forma inadequada
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DA ANSA, EM BIRMINGHAM
O papa Bento 16 admitiu neste domingo que os escândalos de pedofilia atingem a credibilidade da Igreja e que este crime foi combatido inadequadamente no passado. As afirmações foram feitas pelo pontíficie em encontro com bispos da Inglaterra, do País de Gales e da Escócia em seu último compromisso no Reino Unido, em seu quarto dia de visita ao país.
De acordo com o chefe de Estado do Vaticano, o "vergonhoso abuso de jovens da parte de sacerdotes e religiosos" "mina seriamente a credibilidade moral dos responsáveis" pela instituição.
"Em muitas ocasiões falei das profundas feridas que tal comportamento causou, acima de tudo nas vítimas, mas também no relacionamento de confiança que deveria existir entre sacerdotes e povo, entre sacerdotes e seus bispos, como entre as autoridades da Igreja e as pessoas", comentou o papa no encontro realizado em Birmingham.
Ao falar aos religiosos britânicos, Bento 16 disse saber que foram dados "passos muito sérios para remediar essa situação, para assegurar que os jovens sejam protegidos de maneira eficaz de qualquer dano, e para confrontar de modo apropriado e transparente as acusações quando estas surgem".
"Sua crescente compreensão da extensão dos abusos sobre crianças na sociedade, de seus efeitos devastadores e da necessidade de fornecer adequado suporte às vítimas deveria servir de incentivo para dividir com a sociedade mais ampla as lições aprendidas", acrescentou ele.
Bento 16 afirmou que "o melhor caminho" é o de tentar reparar "tais pecados" se aproximando com "humilde espírito de compaixão" dos jovens que foram molestados. "Nosso dever de cuidar da juventude exige exatamente isso e nada menos", completou.
Durante os quatro dias de sua estadia no Reino Unido, o papa falou diversas vezes sobre os escândalos de pedofilia que envolvem religiosos do Reino Unido, além de diversas outras nações. Em uma coletiva de imprensa durante o voo que o conduziu a Edimburgo na quinta-feira ele admitiu que a Igreja não foi vigilante o suficiente e expressou "grande tristeza" e "choque".
Na sexta-feira, ao encontrar estudantes, fez uma referência indireta aos episódios ao dizer que era necessário oferecer um "ambiente seguro" aos alunos das escolas católicas. Já ontem, o pontífice presidiu uma missa na catedral de Westminster novamente manifestando "profunda dor", "vergonha e humilhação" pelos "crimes inqualificáveis" que produziram "imensos sofrimentos".
Ainda no sábado, ele se reuniu de forma privada com cinco vítimas de pedofilia, rezou com elas e ouviu seus relatos, em um evento que o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, definiu como "comovente e importante". O papa também conversou com profissionais e voluntários que trabalham para defender as crianças dos abusos no ambiente eclesial, afirmando que tais iniciativas fazem parte da resposta da Igreja ao problema.
De acordo com Bento 16, os "trágicos eventos" revelam "a fragilidade humana" de maneira muito "dura", e ao mesmo tempo recordam que "para sermos guias cristãos eficazes, devemos viver na mais alta integridade, humildade e santidade".
Ainda no encontro de hoje, o o papa renovou o convite a "ser generosos" na acolhida dos anglicanos que quiserem entrar em comunhão com a Igreja de Roma -- entre as atividades da agenda da visita estavam celebrações e reuniões ecumênicas com líderes desta religião, e a beatificação do cardeal John Henry Newman, anglicano que se converteu ao catolicismo --, o que seria "um gesto profético que pode contribuir positivamente no desenvolvimento das relações" entre as duas crenças.
Depois de se reunir com os bispos ingleses, galeses e escoceses, Bento 16 segui para o aeroporto de Birmingham, onde fará um novo discurso e se despedirá das autoridades britânicas. A partida para Roma está prevista para as 18h45 (14h45 no horário de Brasília).
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