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26/09/2010 - 15h06

Após votar, Chávez diz que vai respeitar resultado de eleições parlamentares

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, após emitir o seu voto na tarde deste domingo nas eleições legislativas, defendeu o atual sistema eleitoral do país e disse que vai respeitar os resultados do pleito.

"Há 20 anos, eu vi com estes olhos quando a direita roubou os votos descaradamente da esquerda", declarou o presidente.

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Questionado por um repórter sobre a possibilidade de seu partido, o Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv), não obter a maioria da Assembleia Nacional (Congresso), o mandatário disse preferir "não falar de hipóteses".

Chávez considerou ainda que o que importa hoje é o processo democrático empreendido durante os últimos 12 anos, desde que assumiu o poder. "Tivemos 11 anos de eleições", enfatizou.

Jorge Silva/Reuters
Hugo Chávez acena para a imprensa antes de se dirigir à mesa de votação; líder disse que "vai respeitar" resultados
Hugo Chávez acena para a imprensa antes de se dirigir à mesa de votação; líder disse que "vai respeitar" resultados

O chefe de governo voltou a declarar que vai respeitar os resultados do pleito deste domingo, sejam "favoráveis ou não", pois "este é um processo participativo, senão o maior, um dos maiores do mundo".

Chávez, considerado a grande figura dos governistas durante a campanha, terá nestas votações um grande teste, verificar como anda o seu apoio popular, com base no resultado das urnas.

Iniciada às 6h locais (7h30 no horário de Brasília), as eleições deste domingo têm como objetivo eleger os 165 membros da Assembleia Nacional, que assumem em janeiro do próximo ano para mandato de cinco anos, além dos 12 representantes do país no Parlamento Latino-americano (Parlatino).

Além dos colégios na Venezuela, que permanecem abertos até às 18h locais (19h30 no horário de Brasília), cidadãos residentes em outras nações também podem participar. Foram instaladas seções em 126 representações diplomáticas em 85 países.

Segundo pesquisas de intenção de voto divulgadas recentemente, os candidatos do Psuv devem obter entre 50% e 54% dos votos, ou seja, perderiam a maioria qualificada que têm atualmente.

NORMALIDADE

Apesar da previsão de fortes chuvas para o início da tarde, as eleições parlamentares na Venezuela transcorrem com tranquilidade até o momento, com 85% das cerca de 36 mil mesas de votação instaladas. Não houve registros de violência, indicam as Forças Armadas.

De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) poucas horas após o início das eleições em que cerca de 17,5 milhões de eleitores estão inscritos o processo corre de forma normal.

"Consideramos muito exitoso este início de processo eleitoral", declarou Humberto Castillo, do CNE.

Segundo Sandra Oblitas, também do CNE, a tática do governo tem dado certo e a população do país saiu em massa para votar logo nas primeiras horas da manhã. "Efetivamente já há pessoas nas filas para votar", declarou.

Jorge Silva/Reuters
Venezuelano vota em pleito parlamentar em Caracas; eleição é desafio para Chávez, que pode perder maioria
Venezuelano vota em pleito parlamentar em Caracas; eleição é desafio para Chávez, que pode perder maioria

Diante da possibilidade de alto índice de abstenção em decorrência do mau tempo que afeta o país, o presidente Hugo Chávez e seus ministros pediram que os eleitores compareçam antes das 12h locais aos seus colégios eleitorais.

Mais cedo neste domingo, o presidente Chávez, que está há quase 12 anos no poder, pediu a votação em massa, assegurando que está em jogo "o futuro" da Venezuela.

"Aqui está em jogo o futuro da Venezuela", disse, por telefone, à emissora de TV oficial VTV.

As votações que elegerão 165 membros da Assembleia Nacional (Congresso) devem terminar às 18h locais (19h30 de Brasília). São 12.562 colégios habilitados na nação e centros de sufrágio em 126 sedes diplomáticas venezuelanas em 85 países.

BARULHO

Da mesma forma que em eleições anteriores, pelo menos três horas antes da abertura da votação partidários do governo de Chávez despertaram a população com barulhos de corneta emitidos por carros com equipamentos de som, incentivando a presença dos eleitores nas urnas.

Jorge Silva/Reuters
Atendendo aos chamados do governo após a previsão de fortes chuvas, muitos eleitores votaram logo cedo
Atendendo aos chamados do governo após a previsão de fortes chuvas, muitos eleitores votaram logo cedo

O estrondo matinal foi complementado por fogos de artifício e ensurdecedores rojões, principalmente nos bairros populares, embora a essa hora milhares de eleitores já faziam fila nos colégios eleitorais à espera da abertura das urnas.

DESAFIO PARA O CHAVISMO

O presidente Hugo Chávez foi o protagonista da campanha pelas eleições legislativas deste domingo na Venezuela. Apoiado pela imprensa oficial e seu carisma, Chávez transformou a disputa pela maioria da Assembleia Legislativa em uma prévia da eleição presidencial de 2012 --onde concorrerá ao seu terceiro mandato consecutivo.

Segundo pesquisas de intenção de voto, a base governista deve obter mais de 50% dos votos. A dúvida é o exato tamanho da maioria. Uma maioria simples, entre 99 e 109 das 165 vagas no Parlamento, força o governo a negociar com a oposição para a aprovação de leis orgânicas e de novos integrantes dos demais poderes públicos, como o Supremo Tribunal, a Procuradoria e o Conselho Eleitoral (CNE) --o que pode resultar num freio às medidas radicais da revolução bolivariana chavista. Se ganhar ainda mais cadeiras, Chávez pode considerar acelerar ainda mais as reformas rumo ao "socialismo do século 21".

Reuters-23set.10
Presidente venezuelano Hugo Chavéz cumprimenta apoiadores em comício em Barquisimeto
Presidente venezuelano Hugo Chavéz cumprimenta apoiadores em comício em Barquisimeto

"O comandante Chávez precisa da Assembleia Nacional que temos hoje: revolucionária, 100% chavista e devemos mantê-la assim", ressaltou a dirigente do PSUV, Jacqueline Farías.

Chávez investiu pesado na campanha pelo seu Partido Socialista Unido (PSUV), lembrando as "conquistas da revolução" em educação e saúde. No poder desde 1999, o presidente percorreu vários Estados do país em caravanas com os candidatos governistas e acompanhado por milhares de simpatizantes.

"Quero que ganhemos as eleições por nocaute", disparou Chávez, em ato de encerramento da campanha do PSUV no Estado Carabobo (norte), aos gritos de "Uh, ah, Chávez não se vá", mesmo que seu cargo não esteja em jogo.

O presidente não se preocupa em esconder o olho em 2012 e enfatizou que a "batalha eleitoral" legislativa é apenas uma prévia da eleição presidencial. "O objetivo final é 2012, onde vamos ganhar de novo a Presidência", declarou Chávez, na semana passada, em um comício do PSUV no Estado de Zulia, um dos poucos governados pela oposição.

Chávez foi eleito pela primeira vez em dezembro de 1998, com 56,2% dos votos. Dois anos depois, foi ratificado com 59% dos votos nas eleições presidenciais convocadas para legitimar os cargos públicos diante da nova Constituição de 1999. Os chavistas passaram a controlar ainda a Assembleia Nacional e mais municípios e Estados.

OPOSIÇÃO

Diante do rolo compressor do chavismo, as forças da oposição encerraram a campanha discretamente, lembrando os venezuelanos da insegurança, crise energética ou aumento do custo de vida.

A chamada Mesa da Unidade Democrática, que reúne cerca de 30 organizações políticas, têm como principal oferta constituir uma Assembleia "plural", para que cumpra com seu papel de controlar o governo de Chávez, a quem acusam de autoritário, ineficaz e corrupto.

A aposta da oposição é conseguir entre 60 e 70 dos assentos parlamentares, o suficiente para tirar a maioria qualificada dos governistas e ganhar voz no processo político após o boicote ao pleito em 2005, em protesto contra irregularidades no processo. O ato não deslegitimou a votação e garantiu a Chávez cinco anos de plenos poderes na Assembleia Nacional.

Eitan Abramovich/AFP
Candidato da oposição Julio Borges faz comício em busca de cadeira na Assembleia Nacional
Candidato da oposição Julio Borges faz comício em busca de cadeira na Assembleia Nacional

A coalizão aposta que, depois de 11 anos de governo de Chávez, os venezuelanos estão decepcionados com as altas taxas de criminalidade, com a recessão econômica e com a vida política protagonizada por setores irreconciliáveis.

"Estas eleições trazem a possibilidade de estabelecer uma visão diferente da que controla atualmente o destino do país. Estamos vivendo em duas Venezuelas: a simpática ao governo, que goza de benefícios, e a que é constrangida, perseguida, marginalizada", disse à agência de notícias France Presse Enrique Mendoza, veterano político social-cristão.

O diretor do instituto privado de pesquisa Datanálisis, Luis Vicente León, alerta que ainda há espaço para surpresas neste domingo. A decisão, afirma, deve estar nas mãos dos 37% de indecisos, que podem mudar a balança de 52% dos votos ao PSUV e 48% da oposição. Os primeiros resultados devem ser divulgados horas depois do fechamento das urnas.

 

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