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01/10/2010 - 20h18

Irã indica apoio a Rafael Correa e culpa EUA e Israel por instabilidade no Equador

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DE SÃO PAULO
DA EFE, EM TEERÃ

O Irã expressou "seu apoio total" ao presidente do Equador, Rafael Correa, diante dos violentos incidentes ocorridos na quinta-feira (30) em Quito --que deixaram ao menos quatro mortos e 193 feridos-- revelou nesta sexta-feira o vice-ministro iraniano para Assuntos da América Latina, Behrouz Kamalvandi.

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Em entrevista concedida à agência de notícias estatal "Irna", o responsável sugeriu que os Estados Unidos ou Israel estariam por trás da suposta tentativa de golpe contra o governo do Equador.

"Após a fracassada tentativa de golpe de Estado, o chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki, pediu ao embaixador do Irã no Equador que transmitisse todo seu apoio a Correa", explicou.

"Parece que a recente turbulência no país deve-se a dois fatores: tanto a CIA (aGÊNCIA de inteligência americana) como o regime sionista [Israel] estão por trás da oposição, que inclui o ex-presidente Lúcio Gutiérrez, como acredita o próprio Correa", acrescentou.

"Uma vez que se restabeleça a calma, tanto o chanceler como o presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, ligarão para o presidente Correa para reafirmar seu apoio", disse.

BALANÇO DE MORTOS

Mais cedo o ministério do Interior equatoriano revisou para ao menos quatro o número de mortos pelas rebeliões de quinta-feira na capital, Quito, e aumentou para 193 o número de feridos pelos confrontos, informou a agência estatal Andes. O ministro da Saúde, no entanto, já fala em cinco mortos, diz o jornal "El Comercio".

"Temos quatro pessoas que morreram por esta absurda violência provocada por um punhado de insensatos", disse o ministro de Interior, Gustavo Jalkh, acrescentando que o governo decretou três dias de luto nacional.

Jalkh disse ainda que os quatro mortos seriam dois militares, um policial que protegia o presidente Correa e um estudante de 24 anos.

Apesar de as agências estatais confirmarem somente quatro mortos, o depoimento do ministro da Saúde David Chiriboga ao jornal "El Comercio" dá conta de cinco mortos, sendo dois policiais e um civil em Quito e dois civis em Guayaquil.

O ministro disse ainda que entre os 193 feridos, 132 têm lesões graves, 43 estão em estado moderado, 16 em situação grave e seis em terapia intensiva.

SITUAÇÃO AINDA É INSTÁVEL

Ao mesmo tempo em que o ministério do Interior publicou o novo balanço de mortos e feridos, o governo do Equador informou que ainda não pode ficar totalmente tranquilo após os protestos e advertiu que atacará as raízes da manifestação que terminou num violento enfrentamento com militares.

Patricio Realpe/AP
Exército guarda Palácio de Carondelet; governo diz que ao menos quatro morreram e 193 estão feridos
Exército guarda Palácio de Carondelet; governo diz que ao menos quatro morreram e 193 estão feridos

"Não podemos cantar vitória totalmente. No momento, a situação está controlada, mas não podemos confiar. A tentativa golpista possivelmente tenha umas raízes por aqui, e é preciso buscá-las e erradicá-las", disse o chanceler do Equador, Ricardo Patiño.

Violentos confrontos entre policiais e militares ocorreram na noite de quinta-feira durante uma operação para resgatar Correa de um hospital onde ele foi tratado após ter sido atacado por manifestantes.

PROTEÇÃO AO PALÁCIO

De acordo com o jornal equatoriano "El Universo" durante toda a sexta-feira o Palácio de Carondelet teve forte vigilância do Exército.

Os soldados, armados com fuzis, cercavam a sede do governo e impediam o ingresso inclusive de simpatizantes ao presidente Rafael Correa.

"Ninguém pode passar, por ordens superiores", disse um militar ao jornal.

Apontado pelo presidente Rafael Correa como mentor dos distúrbios que levaram o caos ao Equador nesta quinta-feira, Lucio Gutiérrez estava bem longe de Quito quando membros da Polícia Nacional se sublevaram contra o governo.

OPOSITOR NEGA ENVOLVIMENTO

Apontado pelo presidente Rafael Correa como mentor dos distúrbios que levaram o caos ao Equador nesta quinta-feira, Lucio Gutiérrez estava bem longe de Quito quando membros da Polícia Nacional se sublevaram contra o governo.

Hospedado em um hotel de Brasília para --segundo ele mesmo-- observar o processo eleitoral do próximo domingo (3), o líder do Partido Sociedad Patriótica (PSP) conversou com a Folha por telefone e negou qualquer envolvimento com o levante policial. "Vim saber como funciona o processo de votação eletrônica", alega. "No Equador querem digitalizar as eleições, mas seguindo o modelo da Venezuela. Eu defendo que se utilize o sistema brasileiro."

Gutiérrez não interpreta o episódio como uma tentativa de assassinar Correa. "Se quisessem, o teriam matado dentro do hospital." O ex-presidente tampouco vê inclinações golpistas nas manifestações. "Ninguém quer derrubar Correa. Queremos que ele termine seu mandato, vá para casa e deixe os equatorianos em paz."

O líder da oposição já governou o país por duas ocasiões. Na primeira delas, em 2000, ele fez parte de um triunvirato que durou apenas uma noite antes de ser dissolvido pelas Forças Armadas. Em 2003, voltou ao poder pela via eleitoral, mas foi derrubado por intensos protestos populares que o obrigaram a fugir do Palácio de Carondelet e exilar-se no Brasil.

Maior adversário político de Correa, Gutiérrez deve retornar ao Equador no dia 6 de outubro com uma mensagem de "unidade nacional". "Os equatorianos mais que nunca devemos estar unidos para não permitir as manipulações do governo", diz.

Leia a íntegra da entrevista concedida à Folha

 

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