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12/10/2010 - 14h04

Nobel da Paz prejudica relações entre China e Noruega

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DA EFE, EM PEQUIM

O governo chinês afirmou nesta terça-feira que suas relações com a Noruega estão seriamente prejudicadas pela concessão do prêmio Nobel da Paz ao dissidente preso Liu Xiaobo e acusou os "políticos de alguns países" de usar o prêmio para atacar seu sistema.

"O Comitê do Nobel norueguês demonstrou que não respeita o sistema judiciário da China, ao conceder o prêmio a um dissidente", disse hoje em entrevista coletiva o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Ma Zhaoxu.

"Os políticos de alguns países estão usando esta oportunidade para atacar a China, o que gera uma grande dúvida sobre suas verdadeiras intenções", declarou o porta-voz sobre os pedidos feitos por UE (União Europeia), Estados Unidos, dezenas de países e instituições como Nações Unidas para que Liu Xiaobo seja libertado.

"O que quero dizer é que se alguém tenta mudar o sistema político chinês desta maneira ou frear o avanço do povo chinês está, obviamente, cometendo um erro", afirmou.

O presidente dos EUA e prêmio Nobel da Paz em 2009, Barack Obama, pediu a liberdade do dissidente. Em resposta, o porta-voz chinês disse que Pequim "se opõe a qualquer interferência em seus assuntos internos".

O intelectual e dissidente chinês Liu Xiaobo, de 54 anos, foi agraciado em 8 de outubro com o prêmio Nobel da Paz 2010 por sua luta pacífica pela aplicação de direitos democráticos na China, como a liberdade de imprensa e o pluripartidarismo.

Após o anúncio do ganhador do Nobel, Pequim deteve dezenas de dissidentes e isolou ainda mais a esposa de Liu Xiaobo, a poetisa Liu Xia, de 49 anos, que vive sob prisão domiciliar, mas ganhou permissão para visitar seu marido no domingo.

Perguntado pela situação de Liu Xia e se o regime permitirá que ela ou seu marido viajem para Oslo para receber o prêmio, o porta-voz disse não conhecer "essa pessoa" e que seu caso está em mãos de autoridades judiciais.

No entanto, as palavras mais duras do funcionário hoje foram contra o governo norueguês por ter "permitido" que o Comitê do Prêmio Nobel concedesse o prêmio a Liu Xiaobo.

"O que o governo norueguês tem que fazer está muito claro", declarou.

"Oslo apoiou a errônea decisão do Comitê, o que danifica as relações bilaterais. O povo chinês tem todos os motivos para estar infeliz", acrescentou.

O porta-voz se negou a explicar as sanções que Pequim adotará contra Oslo ou como o país escandinavo poderá "reparar o dano", mas o Executivo cancelou ontem uma reunião em Shanghai entre os ministros de Pesca dos dois países e questiona a assinatura de um tratado de livre-comércio bilateral.

A esposa do Nobel disse estar "agradecida por todo o apoio que está recebendo do exterior", em conversa telefônica com Simon Sharpe, secretário de Assuntos Políticos da UE na China.

Ontem Sharpe tentou encontrar-se com ela para transmitir-lhe as felicitações do presidente da Comissão Européia (órgão executivo da UE), José Manuel Barroso, acompanhado de uma dúzia de funcionários e diplomatas europeus.

No entanto, eles não puderam entrar na residência de Liu Xia, que se encontra vigiada e onde dezenas de jornalistas continuam tentando captar alguma imagem ou falar com ela.

Um parente da poetisa declarou hoje à Efe o "orgulho que toda a família sente" pela concessão do prêmio a um professor de Literatura que liderou as manifestações estudantis pela democracia em 1989, quando muitos estudantes foram mortos pelo Exército chinês.

A esposa de Liu Xiaobo relatou que ele chorou quando soube que tinha sido o ganhador do prêmio e o dedicou "aos mártires da Praça da Paz Celestial". Além disso, ele disse que as Mães da Praça da Paz Celestial também eram merecedoras.

O Partido Comunista, no poder desde 1949, nunca divulgou a lista dos mortos nem julgou os responsáveis pelo massacre, que ainda hoje é um tabu no país.

 

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