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16/10/2010 - 14h38

Mineiro chileno que foi guia espiritual do grupo é 1º a voltar ao local do acidente

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DE SÃO PAULO

José Henríquez, um dos 33 operários resgatados da mina San José, foi o primeiro dos homens que ficaram presos a retornar ao local para recolher os pertences que tinham ficado em seu armário.

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Henríquez, "O Pastor", que foi o guia espiritual do grupo, voltou ao lugar do acidente, segundo disse seu irmão Gastón à "Rádio Cooperativa".

"Ele quis estar aqui para ver as coisas mais de perto, após todo este processo, tudo o que vivemos aqui e para estar em paz, tranquilo. Ao mesmo tempo, estamos dando graças a Deus", disse.

Gastón acrescentou que o fato de estar novamente na jazida "traz sentimentos de nostalgia. O processo que vivemos aqui desde a angústia à alegria. É um momento muito forte, de muita emoção, após tudo o que vivemos".

José Henríquez assumiu o papel de guia espiritual entre seus companheiros por sua fé na religião evangélica. Ele pediu 33 bíblias e comandava as preces duas vezes ao dia.

Aos 54 anos de idade, José trabalhava na mina há 33 anos, e em janeiro estava presente no interior da jazida San José quando aconteceu um vazamento de gás. Na ocasião, sofreu um desmaio.

"O Pastor", 24º a sair da mina, chegou à superfície às 17h59 locais (mesmo horário em Brasília) nesta quarta-feira. Ele tem duas filhas gêmeas, que o definem como um homem introvertido e carinhoso.

Neste domingo, os familiares dos mineiros participarão de um ato ecumênico no local onde foi montado o acampamento "Esperanza", mas não estão confirmadas as presenças dos 33, e também não será permitida a presença da imprensa.

RESGATE

Dos 33 mineiros resgatados esta semana, 31 já receberam alta do hospital de Copiapó, confirmou nesta sexta-feira uma fonte do hospital por telefone à Foha.com.

Foram 69 dias de reclusão a 622 metros de profundidade --17 dias sem que o mundo lá fora soubesse se estavam vivos ou mortos. Após quase 23 horas de esforços, o Chile entrou para a história na quarta-feira com uma operação de resgate sem precedentes, e os 33 mineiros viraram um misto de heróis e celebridades aos olhos do mundo.

Apenas dois mineiros continuam internados em observação na Associação Chilena de Segurança, com casos sem alta complexidade médica, segundo a diretora do serviço de Saúde do Atacama, Paola Neumann, reporta o jornal 'La Tercera'.

Os 33 homens devem enfrentar um desafio de se recuperarem emocionalmente após o trauma de passar mais de dois meses em condições desumanas --extrema umidade e temperaturas de 40ºC. O trauma em si pode levar semanas ou até meses para dar sinais.

"Vários mineiros estão em um estado muito delicado do ponto de vista psicológico", disse o ministro da Saúde do Chile, Jaime Mañalich. "Eles terão pesadelos e sentirão angústia. Eles terão um período difícil para se adaptar à vida normal."

TRABALHO

Viveram no inferno, mas querem voltar a brincar com fogo. Apenas dois dias depois de terem sido resgatados, alguns dos 33 mineiros afirmam que querem voltar a trabalhar na mineração.

"Eu quero voltar à mina. Sou mineiro de coração. Isso se traz no sangue", disse Alex Vega, um dos trabalhadores que fez parte da maior façanha de sobrevivência debaixo da terra no mundo.

"Claro que sim", disse o mineiro Osmán Araya, quando lhe perguntaram se voltaria a trabalhar no setor.

"Não temos nada a temer. Temos de continuar trabalhando, é isso. É parte de nosso ofício", disse ele à TV estatal, falando do hospital.

Mas o ministro da Saúde, Jaime Mañalich, disse que para muitos deles não é recomendável que voltem a trabalhar em uma mina.

"Para alguns o retorno é totalmente imprudente. Em alguns casos nos perguntamos o que faziam lá, se tinham micoses ou diabetes", disse Mañalich em entrevista à imprensa diante do hospital.

Ele acrescentou ser também provável que, se algum deles decidir regressar à mineração, no momento exato em que tenha de descer saia correndo em pânico.

Com agências internacionais

 

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