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Reino Unido corta orçamento de defesa em 8% na 1ª revisão militar desde 1998
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O Reino Unido vai perder milhares de soldados, reduzir sua habilidade de combate em missões complexas --como as guerras do Iraque e Afeganistão-- e adiar um programa para renovar suas defesas nucleares, anunciou nesta terça-feira o primeiro-ministro britânico, David Cameron.
Foi a primeira revisão militar britânica desde 1998, e integra o maior corte orçamentário no Reino Unido desde a Segunda Guerra (1939-45). O principal objetivo é tentar combater um deficit orçamentário recorde, de quase 11% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, além de derrubar estratégias militares desenhadas antes dos ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA.
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A revisão foi feita pelo governo liderado pelos conservadores --que, em geral, têm uma tendência pró-militar. A escala dos cortes, no entanto, foi bem menor do que a enfrentada por outros departamentos do governo britânico.
O orçamento do Ministério de Defesa de 36,9 bilhões de libras (R$ 98,2 bilhões) terá um corte de 8% em termos reais nos próximos quatro anos, muito menor do que a média de 35% que outros departamentos do governo têm enfrentado.
Toby Melville/Reuters | ||
Funcionários militares assistem ao pronunciamento do premiê britânico em Northwood, perto de Londres |
"Mesmo após essa revisão, nós esperamos continuar com o quarto maior orçamento militar do mundo", disse Cameron ao Parlamento.
Cameron disse que a revisão pretende não só cortar o orçamento militar, mas romper decisivamente com as estratégias de seus predecessores --os trabalhistas Tony Blair e Gordon Brown.
Comunidades ao redor do país assistiram ao anúncio nervosas, preocupadas com seus empregos e com o impacto local em tempos de dificuldades econômicas.
CORTES
David Cameron apresentou um resumo da revisão ao Parlamento hoje: um sacrifício de 17 mil soldados, 25 mil funcionários civis, menos navios, menos aeronaves, corte das ogivas nucleares de 160 para 120 e um orçamento reduzido.
Parbul TV/Reuters | ||
Imagem de vídeo mostra David Cameron (centro), entre seu vice Nick Clegg (esq.) e o ministro da Defesa, Liam Fox |
O governo afirmou que apenas 6.500 soldados serão comprometidos em operações futuras de estabilização "duradouras", cerca de 3.000 a menos que o número atual de soldados britânicos lutando no Afeganistão.
Intervenções rápidas e pontuais poderiam reunir uma força de 30 mil --um terço a menos que a força enviada ao Iraque em 2003.
Em vez disso, o Reino Unido vai se focar em combater o terrorismo e fortalecer a segurança cibernética, em que vai investir 650 milhões de libras (cerca de R$ 1,7 bilhão) extras, planos que foram esboçados em uma estratégia de segurança na segunda-feira, que analistas avaliaram como uma "fachada" para a corte de gastos.
"A reação geral para mim é de que em vez de ser uma revisão estratégica da defesa, isso é uma farsa política estratégica", disse Howard Wheeldon, estrategista sênior da BCG Brokers.
Um assunto politicamente delicado --a renovação do sistema de defesa submarino Trident foi adiado até 2016, após as próximas eleições gerais britânicas, mas o sistema deve ser reduzido, gerando uma economia de 3 bilhões de libras (quase R$ 8 bilhões) em dez anos. Isso representa uma vitória para o Partido Liberal-Democrata --que governa em coalizão com os conservadores--, pois pressionava por uma alternativa ao Trident.
Ao revelar uma vasta revisão militar, as autoridades reiteraram que o Reino Unido, no entanto, continua com uma forte presença militar na Europa e permanece um aliado-chave dos Estados Unidos.
Apenas os recursos para os soldados britânicos no Afeganistão --que não saem do orçamento militar convencional --parecem ter escapado dos cortes.
APOIO AO GOVERNO
Uma pesquisa Reuters/Ipsos Mori divulgada na véspera do anúncio do corte de orçamento militar mostrou que os eleitores acreditam que os conservadores são melhores que os opositores trabalhistas para gerenciar a economia.
O líder liberal-democrata, Nick Clegg, continua mais popular entre os eleitores conservadores do que entre os eleitores de seu próprio partido, mostrou a pesquisa.
David Moir/Reuters | ||
Britânicos assistem ao pronunciamento em bar perto da base da Força Aérea Real em Lossiemouth, no norte da Escócia |
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