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19/10/2010 - 18h05

Reino Unido corta orçamento de defesa em 8% na 1ª revisão militar desde 1998

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Reino Unido vai perder milhares de soldados, reduzir sua habilidade de combate em missões complexas --como as guerras do Iraque e Afeganistão-- e adiar um programa para renovar suas defesas nucleares, anunciou nesta terça-feira o primeiro-ministro britânico, David Cameron.

Foi a primeira revisão militar britânica desde 1998, e integra o maior corte orçamentário no Reino Unido desde a Segunda Guerra (1939-45). O principal objetivo é tentar combater um deficit orçamentário recorde, de quase 11% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, além de derrubar estratégias militares desenhadas antes dos ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA.

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A revisão foi feita pelo governo liderado pelos conservadores --que, em geral, têm uma tendência pró-militar. A escala dos cortes, no entanto, foi bem menor do que a enfrentada por outros departamentos do governo britânico.

O orçamento do Ministério de Defesa de 36,9 bilhões de libras (R$ 98,2 bilhões) terá um corte de 8% em termos reais nos próximos quatro anos, muito menor do que a média de 35% que outros departamentos do governo têm enfrentado.

Toby Melville/Reuters
Funcionários militares assistem ao pronunciamento do premiê britânico em Northwood, perto de Londres
Funcionários militares assistem ao pronunciamento do premiê britânico em Northwood, perto de Londres

"Mesmo após essa revisão, nós esperamos continuar com o quarto maior orçamento militar do mundo", disse Cameron ao Parlamento.

Cameron disse que a revisão pretende não só cortar o orçamento militar, mas romper decisivamente com as estratégias de seus predecessores --os trabalhistas Tony Blair e Gordon Brown.

Comunidades ao redor do país assistiram ao anúncio nervosas, preocupadas com seus empregos e com o impacto local em tempos de dificuldades econômicas.

CORTES

David Cameron apresentou um resumo da revisão ao Parlamento hoje: um sacrifício de 17 mil soldados, 25 mil funcionários civis, menos navios, menos aeronaves, corte das ogivas nucleares de 160 para 120 e um orçamento reduzido.

Parbul TV/Reuters
Imagem de vídeo mostra David Cameron (centro), entre seu vice Nick Clegg (esq.) e o ministro da Defesa, Liam Fox
Imagem de vídeo mostra David Cameron (centro), entre seu vice Nick Clegg (esq.) e o ministro da Defesa, Liam Fox

O governo afirmou que apenas 6.500 soldados serão comprometidos em operações futuras de estabilização "duradouras", cerca de 3.000 a menos que o número atual de soldados britânicos lutando no Afeganistão.

Intervenções rápidas e pontuais poderiam reunir uma força de 30 mil --um terço a menos que a força enviada ao Iraque em 2003.

Em vez disso, o Reino Unido vai se focar em combater o terrorismo e fortalecer a segurança cibernética, em que vai investir 650 milhões de libras (cerca de R$ 1,7 bilhão) extras, planos que foram esboçados em uma estratégia de segurança na segunda-feira, que analistas avaliaram como uma "fachada" para a corte de gastos.

"A reação geral para mim é de que em vez de ser uma revisão estratégica da defesa, isso é uma farsa política estratégica", disse Howard Wheeldon, estrategista sênior da BCG Brokers.

Um assunto politicamente delicado --a renovação do sistema de defesa submarino Trident foi adiado até 2016, após as próximas eleições gerais britânicas, mas o sistema deve ser reduzido, gerando uma economia de 3 bilhões de libras (quase R$ 8 bilhões) em dez anos. Isso representa uma vitória para o Partido Liberal-Democrata --que governa em coalizão com os conservadores--, pois pressionava por uma alternativa ao Trident.

Ao revelar uma vasta revisão militar, as autoridades reiteraram que o Reino Unido, no entanto, continua com uma forte presença militar na Europa e permanece um aliado-chave dos Estados Unidos.

Apenas os recursos para os soldados britânicos no Afeganistão --que não saem do orçamento militar convencional --parecem ter escapado dos cortes.

APOIO AO GOVERNO

Uma pesquisa Reuters/Ipsos Mori divulgada na véspera do anúncio do corte de orçamento militar mostrou que os eleitores acreditam que os conservadores são melhores que os opositores trabalhistas para gerenciar a economia.

O líder liberal-democrata, Nick Clegg, continua mais popular entre os eleitores conservadores do que entre os eleitores de seu próprio partido, mostrou a pesquisa.

David Moir/Reuters
Britânicos assistem ao pronunciamento em bar perto da base da Força Aérea Real em Lossiemouth, no norte da Escócia
Britânicos assistem ao pronunciamento em bar perto da base da Força Aérea Real em Lossiemouth, no norte da Escócia
 

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