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21/10/2010 - 21h59

Sob críticas, Israel avança com construções na Cisjordânia em ritmo acelerado

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DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Os colonos israelenses já construíram ao menos 544 casas em apenas três semanas na Cisjordânia, após o fim da moratória que impedia a expansão dos assentamentos, no dia 26 de setembro. Os dados foram revelados nesta quinta-feira por um levantamento da ONG de paz israelense Peace Now [Paz Agora] e da Associated Press.

Segundo a ONG, a construção "está se dando em grande velocidade, quatro vezes mais rápido que antes da moratória, já que durante dez meses eles [os colonos] não puderam construir". Além disso, há cerca de 13 mil imóveis que contam com todas as permissões necessárias para ser construídos.

Jim Hollander/Efe
Apenas um dia após fim da moratória, obras foram retomadas com rapidez nas colônias judaicas na Cisjordânia
Apenas um dia após fim da moratória, obras foram retomadas com rapidez nas colônias judaicas na Cisjordânia

Os colonos aceleraram as obras de construção perante o temor de que o governo de Binyamin Netanyahu anuncie uma nova moratória para dar continuidade às negociações.

Em reação, o premiê de Israel reduziu o impacto da expansão de colônias dizendo que o fato "não tem um efeito real sobre o mapa de um possível acordo [de paz", em direta alusão à definição das fronteiras de um potencial Estado palestino.

O assunto é visto como tema-chave para o sucesso do processo de paz. Muitas das casas, aponta a Associated Press, estão sendo erguidas em áreas que sob qualquer possível cenário de um acordo de paz fariam parte de um potencial Estado palestino.

NEGOCIAÇÕES DE PAZ

A rápida expansão coloca em xeque o sucesso das já novamente estremecidas conversas diretas de paz, retomadas ainda no mês passado sob a mediação dos Estados Unidos.

As negociações diretas de paz, relançadas em 2 de setembro em Washington, se estagnaram no dia 26 de setembro, quando Israel decidiu não prorrogar a moratória sobre construções nos assentamentos judaicos na Cisjordânia.

Os palestinos exigem uma nova moratória para prosseguir com as conversas.

Israel defende que a questão dos assentamentos deveria ser resolvida em discussões sobre as futuras fronteiras, e não ser uma pré-condição para as negociações de paz.

Cerca de 500 mil israelenses vivem na Cisjordânia e em Israel Oriental, entre 2,5 milhões de palestinos.

REAÇÃO

O ex-presidente americano Jimmy Carter --que visita Israel, Gaza e a Cisjordânia-- expressou ultraje. "O sofrimento aqui sob ocupação e as privações do povo de Gaza são evidências das políticas impróprias do governo de Israel", disse ele. "Vamos continuar a trabalhar para uma solução pacífica em que os israelenses saiam de Jerusalém Oriental, e deixem que seja a capital do Estado palestino."

Já o enviado especial da ONU para o Oriente Médio, Robert Serry, qualificou de "alarmante" o ritmo das construções.

"O reatamento da construção dos assentamentos, que é ilegal de acordo com o Direito Internacional, vai na direção oposta dos pedidos da comunidade internacional às partes para que encontrem as condições para a negociação, e isso destruirá a confiança", destacou em comunicado.

"Esses números são alarmantes e mostram mais um indicador de que Israel não leva a sério o processo de paz, que deveria ter como alvo o fim da ocupação", disse Ghassan Khatib, porta-voz de Mahmoud Abbas, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina).

A ANP também pediu uma intervenção dos Estados Unidos para interromper o que classificou como um "desafio" aos palestinos.

"Este desafio flagrante aos palestinos, aos árabes e à administração americana exige uma réplica árabe e internacional, em particular americana", declarou Nabil Abu Rudeina, outro porta-voz de Abbas.

Já o assessor Nimr Hamad declarou que cabe ao líder palestino solicitar aos EUA que reconheçam a necessidade de um Estado palestino limitado pelas fronteiras anteriores a 1967, quando teve início o processo de colonização israelense.

Hamad declarou que ante as evidências de que os colonos judeus continuam com a expansão dos assentamentos, "e dado que o governo americano pediu em inúmeras ocasiões o final da ocupação que começou em 1967, assim como o estabelecimento de um Estado palestino independente, viável e soberano, vamos pedir oficialmente que Washington reconheça o Estado palestino", concluiu.

No último dia 15, o Ministério de Habitação israelense voltou a ser alvo de duras críticas na esfera internacional após licitar a construção de 238 casas para judeus em dois assentamentos situados em Jerusalém Oriental, território palestino ocupado desde 1967.

HILLARY DEFENDE O DIÁLOGO

Os números divulgados pela Associated Press chegam pouco depois de a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, afirmar que as negociações diretas entre israelenses e palestinos "são absolutamente necessárias" e constituem o "único caminho" para um acordo de paz justo e durável no Oriente Médio.

Em discurso pronunciado perante a American Task Force on Palestine, Hillary admitiu que não tem uma "fórmula mágica" para superar o ponto morto no qual estão as negociações diretas entre israelenses e palestinos. No entanto, ela considerou que, se os dois líderes estiverem comprometidos com o processo, um acordo será possível.

"Negociações não são fáceis, mas são absolutamente necessárias", declarou a secretária. "Não há nada que substitua conversas tête-à-tête para conseguir um acordo que leve a uma paz justa e duradoura".

"É o único caminho para cumprir as aspirações nacionais palestinas e a solução necessária de dois Estados", ressaltou.

 

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