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09/11/2010 - 23h22

Justiça não irá indiciar agentes da CIA que destruíram vídeos de tortura em interrogatório

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DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A Justiça americana não vai indiciar nenhum agente da CIA [agência de inteligência americana] pela destruição de fitas de vídeo dos duros interrogatórios aplicados a suspeitos de terrorismo, informou o Departamento de Justiça dos EUA nesta terça-feira. Continua a ser investigado, porém, se os interrogatórios ultrapassaram os limites considerados legais.

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Em 2005, a CIA destruiu um acervo de 92 vídeos em que dois colaboradores da rede terrorista Al Qaeda --Abu Zubaydah e Abd al Nashiri-- foram submetidos à tortura do "submarino", quando eram interrogados em uma prisão secreta da agência de inteligência americana na Tailândia.

A destruição das fitas veio à tona em dezembro de 2007, em reportagem do jornal "The New York Times", e a investigação começou em janeiro de 2008.

A CIA alegou que precisava destruir as fitas para evitar que eventuais vazamentos de informação pusessem em risco os interrogadores, mas críticos acusaram a agência de encobrir atos de tortura ilegais.

O diretor da CIA, Leon Panetta, elogiou a decisão desta terça-feira, e disse que a agência "vai continuar, claro, a cooperar com o Departamento de Justiça em quaisquer outros aspectos do antigo programa que foi revisto".

INVESTIGAÇÕES

"Em janeiro de 2008, o procurador-geral Michael Mukasey nomeou o procurador-assistente John Durham para investigar a destruição de fitas de interrogatórios de detidos por agentes da CIA", informou o porta-voz do Departamento de Justiça, Matthew Miller.

"Desde aquele momento, uma equipe de procuradores e agentes do FBI liderados pelo senhor Durham conduziram uma investigação exaustiva sobre o assunto", continua. "Como resultado dessa investigação, o senhor Durham concluiu que não vai abrir um indiciamento pela destruição de videoteipes de interrogatórios."

O departamento elaborou o anúncio de forma cuidadosa, de forma a não descartar a possibilidade de acusar alguém por mentir a investigadores avaliando a destruição das fitas.

Durham também foi escolhido para investigar possíveis crimes cometidos por funcionários ou terceirizados da CIA em interrogatórios no Iraque e no Afeganistão, usando técnicas além dos limites aprovados por lei.

Outra parte da investigação criminal continua averiguando se os interrogadores passaram dos limites legais no duro tratamento aos suspeitos, disse um representante do Departamento de Justiça, que falou em condição de anonimato.

Separadamente, o Departamento de Justiça alertou aos comitês judiciários da Câmara dos Representantes e do Senador que reviu emails recém-encontrados enviados pelo advogado do governo Bush John Yoo e mantém a conclusão de que Yoo não cometeu erro de conduta profissional ao autorizar os interrogadores da CIA a usarem a tortura do "submarino" e outras táticas duras. A carta do departamento aos comitês, obtida pela Associated Press, mantém a afirmação anterior de que Yoo meramente apresentou um mau julgamento.

Bush admitiu ter autorizado pessoalmente o uso de tortura contra Khalid Sheikh Mohammed, o mentor dos ataques às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001. A revelação foi feita em seu livro de memórias "Decision Points" [Momentos Decisivos, em tradução livre], que chega às livrarias dos EUA nesta terça-feira.

"DECISÃO CERTA"

Jose A. Rodriguez, ex-diretor de Operações Clandestinas da CIA, mandou que sua equipe destruísse as fitas em novembro de 2005. Os vídeos eram mantidos em um cofre no posto da CIA na Tailândia, onde os interrogatórios foram conduzidos, em 2002, informa o "New York Times".

Rodriguez assumiu a responsabilidade pela destruição das fitas, segundo representantes do governo, e disse que os advogados da CIA tinham autorizado sua ordem, segundo o "NYT".

A decisão do Departamento de Justiça "é a decisão certa por causa dos fatos e da lei", disse um advogado de Rodriguez, Robert Bennett, em comunicado.

Bennett chamou Rodriguez de "um herói americano, um verdadeiro patriota que apenas queria proteger seu povo e seu país".

Os agentes da CIA começaram a gravar os interrogatórios para mostrar que Zubaydah já chegou ferido à prisão secreta da CIA na Tailândia, após uma troca de tiros, e para provar que os interrogadores seguiam regras novas estabelecidas por Washington.

BUSH E A TORTURA DO "SUBMARINO"

O ex-presidente dos EUA George W. Bush admitiu ter pessoalmente dado autorização para que os agentes da CIA utilizassem a técnica de tortura conhecida como "submarino" contra outro acusado de terrorismo: Khalid Sheikh Mohammed, o mentor dos ataques às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001.

A revelação foi feita em seu livro de memórias "Decision Points" [Momentos Decisivos, em tradução livre], que chega às livrarias dos EUA nesta terça-feira.

"Com toda certeza", disse Bush quando indagado pela CIA se eles podiam empregar a controversa técnica que simula o afogamento do interrogado.

Bush afirmou que acreditava que Mohammed possuía informações vitais sobre planos terroristas contra os EUA e que tomaria de novo a decisão de autorizar a tortura se isso significasse salvar a vida de americanos.

A CIA empregou a técnica com Mohammed e pelo menos outros dois presos em 2003, incluindo Abu Zubaydah, o primeiro membro de alto escalão da Al Qaeda preso pelas autoridades americanas.

Depois de assumir o governo, o sucessor de Bush, presidente Barack Obama, e seu secretário da Justiça, Eric Holder, descreveram o "submarino" como um ato de tortura.

 

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