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Rússia diz que EUA coagiram "mercador da morte" a confessar crimes
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DA REUTERS, EM MOSCOU
Um diplomata russo disse nesta quinta-feira que as autoridades dos Estados Unidos pressionaram o suposto traficante de armas Viktor Bout a confessar crimes, oferecendo-lhe em troca benefícios não-especificados. A coação teria ocorrido a bordo do voo em que o suspeito foi extraditado da Tailândia para os Estados Unidos.
Bout, 43 anos, ex-oficial da Força Aérea soviética, pode ser condenado à prisão perpétua pelas acusações de terrorismo e tráfico de armas. Em declarações à TV estatal de seu país, o cônsul da Rússia em Nova York, Andrei Yushmanov, disse que Bout recusou o acordo que lhe foi oferecido.
O russo foi preso em 2008 num hotel de Bancoc, num flagrante preparado por autoridades que se fizeram passar por representantes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). O governo da Tailândia autorizou a extradição dele na terça-feira, apesar dos alertas de Moscou de que isso prejudicaria as relações entre Rússia e EUA.
"Alguma pressão foi aplicada sobre ele, quando estavam em trânsito. Nas palavras de Viktor Bout, eles tentaram 'persuadi-lo' a admitir coisas que ele não fez, prometendo em troca certas vantagens", disse Yushmanov a jornalistas russos.
"Viktor (.) rejeitou esses esforços", acrescentou o diplomata, sem entrar em detalhes. Não ficou claro se o que estava em discussão era um acordo judicial para que ele confessasse os crimes.
Bout é acusado de ter fornecido armas a ditadores e zonas de conflito da África, América do Sul e Oriente Médio a partir de meados da década de 1990. Ele afirma ser um empresário inocente, vítima de uma "fantasia norte-americana". O caso de Bout inspirou o personagem de Nicholas Cage no filme "O Senhor das Armas."
A Rússia diz que a extradição de Bout foi ilegal, e que a Tailândia preferiu ceder à pressão norte-americana.
Bout - conhecido no Ocidente como "mercador da morte" -- havia passado vários anos vivendo em Moscou antes de ser preso em Bancoc. Aparentemente ele nunca foi incomodado pelas autoridades russas, o que irritava Washington.
Um juiz dos EUA decidiu na quarta-feira que Bout deve permanecer preso sem direito a fiança. Uma nova audiência foi marcada para 10 de janeiro. Um defensor público federal foi designado para o caso, mas Yushmanov afirmou que a Rússia o ajudará a contratar um advogado "se for necessário".
O cônsul se queixou também de que as autoridades tailandesas teriam confiscado dinheiro, roupas e objetos pessoais de Bout, dando-lhe roupas "sujas" para vestir.
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