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Eleições de 28 de novembro favorecem combate à cólera no Haiti, diz OEA
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FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
Ruim com elas, pior ainda sem elas. Essa é dramática avaliação de organismos internacionais como a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OEA (Organização dos Estados Americanos) a respeito da realização das eleições gerais do Haiti no domingo que vem, em meio ao surto de cólera que já matou mais de mil haitianos.
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ONGs ligadas à saúde e políticos clamam pelo adiamento do pleito -- que provocará aglomeração de pessoas e uma possível aceleração das contaminações.
A OEA argumenta que a eleição pode ser "uma curtíssima janela de oportunidade" para o país e para a comunidade internacional, segundo o brasileiro Ricardo Seitenfus, representante da organização no Haiti.
"É uma situação de urgência. Não pode haver um governo provisório para lidar com ela", diz.
Os desafios são vários e simultâneos: além da doença, dos protestos violentos e dos 1,3 milhão que ainda vivem em acampamentos, há o esforço de construir um registro eleitoral confiável.
Hector Retamal/AFP | ||
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Cartazes eleitorais de candidatos à presidente nas ruas de Porto Príncie, no Haiti, que terá votação em 28/11 |
Seitenfus afirmou que aproximadamente 4,3 milhões de novos títulos eleitorais foram distribuídos, mas o banco de dados dos eleitores ainda está desatualizado, pois não registra quem morreu no terremoto de janeiro.
Para evitar fraudes, o número de votantes será descontado em 6,1% no momento de calcular a porcentagem obtida por cada candidato.
Disputam a sucessão de René Préval, eleito em 2006, 19 candidatos. Pesquisa de opinião recente aponta dois deles na dianteira: Mirlande Manigat e Jude Célestin, ambos com menos de 25% das intenções de voto.
Mirlande, 70, mulher de Leslie Manigat , presidente deposto em 1988 e candidato derrotado em 2006, faz campanha defendendo um "capitalismo com rosto humano" e propondo uma depuração nas ONGs que trabalham no país e, na prática, assumiram a prestação da maioria dos serviços básicos diretos.
Já Célestin é o candidato de René Préval, mas não de todos os aliados dele. Ex-chefe da agência de reconstrução, só foi confirmado como candidato em agosto, e é considerado sem carisma.
POUCA PAIXÃO
O perfil dos até agora mais cotados sugere a pouca paixão provocada pela votação após a saída de Wyclef Jean, haitiano celebridade do hip hop nos EUA que foi impedido de concorrer em agosto por não ter vivido no país nos últimos cinco anos.
Na falta do hip hop, está o ritmo local, "kompa". O maior ídolo do gênero, Michel "Sweet Micky" Martely, tem 11% na pesquisa. É o que lidera em Porto Príncipe, fazendo comícios que chamam os haitianos a acordarem da letargia e prometendo casas a desabrigados.
Não é a primeira vez que Martely se envolve em política. Ele já fez campanha contra o presidente deposto Jean-Baptiste Aristide.
Dividido desde 2004, o partido de Aristide, Fanmi Lavalas, não apresentou candidato próprio.
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