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23/11/2010 - 18h00

Impostor se passa por líder do Taleban e engana EUA e Afeganistão, diz jornal

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DE SÃO PAULO

Em uma história digna de ficção, um homem enganou por meses as autoridades dos Estados Unidos e do Afeganistão ao se passar por mulá Akthar Muhammad Mansour, um dos principais comandantes do grupo islâmico Taleban. Mansour, segundo relata o jornal "The New York Times", era um dos principais nomes do grupo nas negociações secretas de paz no Afeganistão, mediadas pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

"Não era ele", disse um diplomata ocidental em Cabul que esteve fortemente envolvido nas negociações. "E nós lhe demos muito dinheiro", revelou ao jornal.

Funcionários da Otan e do governo afegão afirmaram ter realizado três reuniões com o homem, que vinha do Paquistão, onde a liderança do taleban está refugiada, para os encontros.

O falso líder do Taleban chegou até a se reunir com o presidente Hamid Karzai, depois de ser transportado a Cabul por um avião da Otan, e foi recebido no palácio presidencial, diz o "NYT".

O episódio mostra as dificuldades do esforço de negociação com figuras de nome temido, mas de rosto desconhecido. Muitos integrantes da liderança do Taleban, composta em larga medida por religiosos pouco letrados e de origem rural, nunca foram vistos em pessoa pelas autoridades norte-americanas, afegãs ou da Otan.

As dúvidas sobre o verdadeiro Mansour, relata o jornal, surgiram depois do terceiro encontro, quando um homem que conhecia o mulá há anos disse que o homem presente à reunião nem ao menos se parecia com ele. Até então, contudo, o impostor já recebera uma grande quantia em dinheiro para que aceitasse participar das conversações.

As hipóteses para explicar o golpe são inúmeras. Alguns defendem que ele não passa de um trapaceiro que decidiu se fazer passar por líder do Taleban a fim de ganhar dinheiro. Outros dizem que o homem talvez fosse um agente do Taleban com intenção de manipular as conversas de paz.

Outros ainda suspeitam que o falso mulá possa ter sido plantado pelo serviço de informações paquistanês, o ISI, acusado há tempos de ajudar os insurgentes.

Oficialmente, a liderança do Taleban nega qualquer negociação e alega que os boatos foram criados pelos EUA para disfarçar o fracasso da ofensiva militar no país.

"O ardiloso inimigo que ocupou nosso país está tentando, por um lado, expandir suas operações militares com base em uma política dúplice, e por outro iludir as pessoas ao espalhar rumores de uma negociação", afirmou recentemente o líder do Taleban, mulá Mohammed Omar.

Omar afirmou que nunca conversará com o que chamou de um governo corrupto e manipulado pelas forças estrangeiras no país.

O presidente Karzai incluiu eventual diálogo com o Taleban como parte de um plano maior de reintegração. Oficiais americanos e afegãos negam oficialmente os relatos de conversas com insurgentes do alto escalão e afirmam que tudo ainda está no nível preliminar.

 

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