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09/12/2010 - 17h06

Prêmio da Paz a dissidente chinês se baseia em "valores", diz Comitê do Nobel

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WOJCIECH MOSKWA E SUI-LEE WEE
DA REUTERS

O comitê do Prêmio Nobel da Paz defendeu nesta quinta-feira a concessão do prêmio ao dissidente preso Liu Xiaobo, dizendo que se baseou em "valores universais" e rejeitando a acusação de Pequim de que esteja tentando impor ideias ocidentais à China.

Kyodo News/AP - abr.08
Foto de arquivo mostra o dissidente chinês Liu Xiaobo, vencedor do prêmio Nobel da Paz em 2010
Foto de arquivo mostra o dissidente chinês Liu Xiaobo, vencedor do prêmio Nobel da Paz em 2010

A China conservou o tom combativo na véspera da cerimônia de entrega do prêmio, em Oslo, e anunciou a concessão de seu próprio "Prêmio Confúcio da Paz" ao ex-vice-presidente de Taiwan Lien Chan, embora o gabinete dele tenha dito que ele não tinha conhecimento do prêmio.

No Natal do ano passado a China colocou Liu na prisão por 11 anos, acusando-o se subversão do poder do Estado, por ele ser o autor principal da Carta 08, um manifesto pedindo reformas democráticas no país, onde só existe um partido, o Comunista.

O presidente do comitê do Nobel, Thorbjoern Jagland, disse em coletiva de imprensa que a concessão do prêmio a Liu não foi um protesto.

"É um sinal à China de que seria muito importante para o futuro da China combinar desenvolvimento econômico com reformas políticas e apoio aos que lutam por direitos humanos fundamentais na China", disse ele.

"Este prêmio transmite o entendimento de que esses são direitos e valores universais, e não padrões ocidentais", ele acrescentou.

É pouco provável que suas declarações acalmem o governo chinês, onde ideólogos do Partido Comunista consideram "valores universais" é um termo sinônimo de liberalização ocidental.

CHINA CRITICA EUA

A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês Jiang Yu criticou a Câmara dos Representantes dos EUA por ter lançado um chamado à China pela libertação de Liu e sua mulher, Liu Xia, que está em prisão domiciliar.

Jiang disse em comunicado regular à imprensa que quaisquer tentativas de impor pressão ou "desviar a China de seu desenvolvimento" não terá sucesso.

"A China exorta os parlamentares relevantes dos EUA a suspender as palavras e atividades erradas com relação a Liu Xiaobo e a mudar sua atitude arrogante e grosseira", disse Jiang. "Eles deveriam demonstrar respeito pelo povo e a soberania legal da China."

"A chamada resolução do Congresso americano distorce a verdade e constitui uma ingerência ampla nos assuntos internos da China."

"Liu Xiaobo não foi condenado por suas declarações", escreveu a porta-voz. "Liu escreveu e publicou na Internet artigos inflamados, organizando e persuadindo outros a assiná-los, para agitar e derrubar a autoridade política e o sistema social da China."

A repressão movida pela China contra dissidentes, ativistas dos direitos humanos e amigos e familiares de Liu continua.

A polícia impediu advogados, acadêmicos e representantes de ONGs de assistir a um seminário sobre o Estado de direito na embaixada da União Europeia em Pequim, disse o embaixador da União Europeia na China.

A China exerceu seu poder econômico para conseguir apoio a um boicote da cerimônia de entrega do Nobel a Liu, em Oslo, na sexta-feira.

A maioria dos 18 ou 19 países que aderiram ao boicote tem laços comerciais fortes com a China ou compartilha a hostilidade desta às pressões ocidentais pelos direitos humanos.

A China afirma que a "imensa maioria" das nações vai boicotar a cerimônia. O comitê norueguês do Nobel diz que dois terços dos convidados vão comparecer.

 

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