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10/12/2010 - 11h32

China critica "teatro político" e censura cerimônia do Nobel na TV

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Ministério de RElações Exteriores da China criticou nesta sexta-feira o que chamou de "teatro político" do Comitê Nobel, que entregou mais cedo o Prêmio da Paz para uma cadeira vazia, já que o laureado dissidente chinês Liu Xiaobo cumpre pena de 11 anos de prisão por participação em um protesto pró-democracia.

A China, que já havia criticado duramente o Nobel e chegou a criar seu próprio prêmio da paz, afirmou nesta sexta-feira que a escolha de Liu não representa a maioria do mundo, especialmente as nações em desenvolvimento.

"Nós resolutamente nos opomos a qualquer país ou qualquer pessoa usando o PRêmio Nobel da Paz para interferir com os assuntos internos da China ou infringir sobre a soberania chinesa", disse a porta-voz do ministério, Jiang Yu, em comunicado no site da instituição.

A cerimônia de entrega simbólica do prêmio em Oslo (Noruega), que é transmitida ao vivo pelos canais de notícias internacionais, foi censurada na China. Como esperado, a transmissão de canais estrangeiros como BBC, CNN ou TV5 foi interrompida no momento que começou a cerimônia.

Durante todo o dia, as autoridades chinesas bloquearam a transmissão dos programas estrangeiros que falassem sobre o Nobel, tema que não foi nem ao menos citado no noticiário local. Os sites de internet e vários outros meios estavam bloqueados.

China fez um grande esforço para impedir que a população chinesa soubesse do prêmio a Liu, um dos mais proeminentes dissidentes do país. Em 8 de outubro, quando a escolha do chinês foi anunciada, a CNN, BBC e a TV5 também foram censuradas. A televisão estatal CCTV não disse uma única palavra.

CADEIRA VAZIA

Um assento vazio na cerimônia em Oslo simbolizou a prisão de Liu. Foi a primeira vez que nenhum representante de um homenageado preso pôde comparecer à cerimônia desde 1935, quando o pacifista alemão Carl von Ossietzky foi detido pelo regime nazista de Adolf Hitler.

A entrega do prêmio a Liu, atualmente cumprindo pena de 11 anos de prisão por subversão, enfureceu o governo chinês no momento em que o país se torna uma potência no cenário mundial. A China tentou usar a pressão diplomática para convencer os países a não comparecerem à cerimônia em Oslo.

O presidente da comissão norueguesa do Nobel, Thorbjoern Jaglandm, disse que Liu queria dedicar o prêmio às "almas perdidas" de 1989, quando soldados reprimiram manifestações em Tiananmen, a praça central de Pequim. Segundo testemunhas e grupos defensores dos direitos humanos, centenas de pessoas foram mortas no incidente.

"Podemos afirmar, de certa forma, que a China, com sua população de 1,3 bilhão de habitantes, está carregando o destino da humanidade em suas costas", disse Jagland em um discurso.

"Se o país se mostrar capaz de desenvolver uma economia de mercado social com todos os direitos civis, isso terá um enorme impacto positivo no mundo. Senão, existe o perigo do surgimento de uma crise social e econômica... com consequências para todos."

Jagland pediu a libertação de Liu e disse que a reação do governo chinês demonstrava que o prêmio era "necessário e apropriado".

Na ausência de Liu, a atriz norueguesa Liv Ullman leu o discurso que ele pronunciou em seu julgamento há um ano.

"Não tenho inimigos e não tenho ódio. Nenhum dos policiais que me monitoraram, prenderam ou interrogaram, nenhum dos promotores que me indiciaram, e nenhum dos juízes que me julgaram é meu inimigo", disse Liu a um tribunal chinês no dia 23 de dezembro de 2009. "Eu, cheio de otimismo, aguardo ansioso pelo advento de uma China livre no futuro. Pois não existe força que possa por fim à busca humana pela liberdade, e a China, no final das contas, será uma nação regida pela lei, onde os direitos humanos serão supremos."

 

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