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14/12/2010 - 15h09

Advogado de Assange diz que é impossível dizer quando fiança será obtida

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DE SÃO PAULO

O advogado britânico Mark Stephens afirmou nesta terça-feira que deve demorar para obter a fiança de 200 mil libras (cerca de R$ 535 mil) em dinheiro necessária para libertar o fundador do WikiLeaks, Julian Assange. Ele disse ser impossível saber exatamente quando o australiano deixará a prisão.

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Mais cedo, o juiz britânico Howard Riddle decidiu que Assange, detido há uma semana em Londres (Reino Unido) por acusações de estupro e assédio sexual, pode ser libertado após pagar o valor. A corte de Westminster, no centro de Londres, ainda não emitiu um veredicto quanto ao pedido de extradição da Suécia, país que acusa o australiano.

"Apresentamos o chapéu de doações, caso alguém queira enviar dinheiro à delegacia", disse Stephens, em rápida entrevista a jornalistas do lado de fora da corte de Westminster.

O advogado disse ainda que o valor deve ser entregue em dinheiro para a imediata soltura de Assange, já que cheque demora sete dias para ser depositado na conta da polícia. "Demora um tempo, especialmente para pessoas ricas, para liquidar fundos. Quando o dinheiro for obtido, se for obtido, ele vai ser solto da prisão", disse Stephens, que não deu detalhes sobre possíveis benfeitores dispostos a doar a "quantidade significativa de dinheiro".

Na semana passada, na primeira audiência de Assange, o jornalista John Pilger, o cinegrafista Ken Loach e a socialite Jemima Khan ofereceram até 20 mil libras cada para pagar a fiança de Assange, segundo o jornal britânico "The Guardian".

O advogado lembrou ainda que a libertação de Assange depende da Promotoria sueca desistir de apresentar uma apelação, para a qual tem até às 15h30.

Stephens criticou novamente os promotores suecos e disse que, caso eles apresentem a apelação, mostrarão que se trata de uma perseguição e não um processo judicial. "Eu acredito que o processo sueco é um abuso", disse o advogado. "Ainda não recebemos o material, a evidência para que Assange possa entender a natureza das ações contra ele".

Assange nega as acusações de estupro e assédio sexual apresentadas por duas suecas. Ele alega que são uma forma de desacreditar o trabalho do WikiLeaks, que tem causado grandes constrangimentos para os Estados Unidos ao revelar documentos diplomáticos secretos com comentários sobre líderes estrangeiros e revelações sobre os bastidores da diplomacia.

O advogado confirmou ainda que Assange tem sete dias para aprovar com as autoridades um endereço fixo em Londres, onde deverá estar determinadas horas do dia e da noite, para sua localização com aparelho eletrônico.

Mais cedo, a emissora britânica BBC as condições da liberdade provisória incluem ainda que ele se apresente a uma delegacia de polícia todos os dias às 18h, além de um toque de recolher. Assange estaria livre para sair somente entre as 14h e as 22h.

De acordo com o jornal britânico "The Guardian", as condições impostas pelo juiz também incluem o confisco de seu passaporte e o uso constante de um identificador eletrônico.

O diário adiantou ainda --sem confirmação oficial-- que a próxima audiência de Julian Assange será no dia 11 de janeiro de 2011.

Mais cedo a emissora britânica BBC havia informado que ao menos dez celebridades britânicas haviam se prontificado a ajudar no pagamento de uma potencial fiança estabelecida pela corte, entre elas o cineasta Ken Loach, a milionária Jemima Khan e o jornalista investigativo australiano John Pilger -- todos estavam presentes durante a audiência desta terça-feira.

Ainda segundo o "Guardian", uma amiga de Assange, a proprietária de restaurantes Sarah Saunders, assinou uma declaração oferecendo 150 mil libras, dizendo que era quase todo o patrimônio que possui.

AUDIÊNCIA

Assange foi fotografado ao chegar à corte de Westminster, trazido por uma van da polícia britânica. O "Guardian" publicou uma foto do australiano dentro de um carro de polícia blindado, sendo levado para a audiência.

Desde a última terça-feira (7), quando se entregou à polícia britânica, Assange está preso após a corte de Westminster decidir que ele deveria ser mantido sob custódia ao menos até a próxima audiência.

Assange poderá ser extraditado para a Suécia, onde é acusado de assédio sexual e estupro contra duas mulheres.

Stephens dissera mais cedo nesta terça-feira que seu cliente estava disposto a ser monitorado eletronicamente e a permanecer no mesmo endereço como parte das condições de sua liberdade provisória.

CRÍTICAS

Mais cedo, em comunicado, Assange criticou as operadoras Visa, MasterCard e o site de pagamentos PayPal por terem cancelado os serviços à sua organização, classificando-os como "instrumentos de política externa dos EUA".

"Agora sabemos que Visa, Mastercard e PayPal são instrumentos da política externa dos Estados Unidos. É algo que ignorávamos", afirmou Assange de uma penitenciária do Reino Unido a sua mãe, Christine, que repassou o comunicado à emissora Channel 7.

"Faço um chamado a todo o mundo para meu trabalho e meus funcionários sejam protegidos destes ataques imorais e ilegais", disse.

Na semana passada, as operadoras de cartões de crédito Visa e Mastercard anunciaram a suspensão das transferências para o WikiLeaks.

A Visa destacou que aguardava "elementos adicionais" para saber se a atividade do portal está de acordo com suas regras de funcionamento, enquanto a Mastercard qualificou a atividade do site de "ilegal".

A PayPal reativou a conta do WikiLeaks, liberando os fundos disponíveis, mas adotou certas restrições e advertiu que não aceitaria novos pagamentos até nova ordem.

Os sites do PayPal, Visa e Mastercard foram alvos de ataques virtuais de simpatizantes do WikiLeaks.

CIBERATAQUES

Em função da audiência de Assange nesta terça-feira, em Londres, o governo britânico anunciou mais cedo estar preparado para potenciais ciberataques em defesa do australiano.

O governo britânico se diz especialmente preocupado pela possibilidade de os hackers que vem agindo em represália por uma detenção que consideram política, atacarem sites relacionados com as devoluções da Fazenda ou determinadas prestações sociais.

Anteriormente, os ativistas atacaram empresas como MasterCard, Visa, PayPal e Amazon, acusadas de terem cedido à pressão do governo americano para romper seus vínculos com o WikiLeaks e seu criador, Julian Assange.

Com agências de notícias

 

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