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17/12/2010 - 14h26

Criador do WikiLeaks se defende e nega conhecer militar detido por vazar documentos

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O fundador do site de vazamentos de documentos secretos WikiLeaks, Julian Assange, aproveitou seu primeiro dia de liberdade condicional para se defender do que chamou de "investigação agressiva" dos Estados Unidos.

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Em entrevista a jornalistas do lado de fora da mansão rural em que vive desde a noite desta quinta-feira, em Londres (Reino Unido), Assange negou conhecer o ex-analista de inteligência do Exército americano Bradley Manning, 23, detido pelos EUA como suspeito de ter vazado milhares de documentos sobre a guerra do Afeganistão ao site.

Os EUA, segundo reportagem do jornal "New York Times",estão procurando provas de que Assange conspirou com Manning para divulgar os documentos confidenciais do governo. Altos funcionários do Departamento de Justiça estão tentando determinar se Assange encorajou ou ajudou o soldado a extrair do sistema de computadores do governo material militar classificado e arquivos do Departamento de Estado.

Se Assange tiver feito isso, as autoridades acreditam que ele possa ser acusado de conspiração, e não apenas ser considerado um receptor passivo que depois publicou o material, afirmou o "NYT", citando como fonte pessoas próximas do caso.

"Eu nunca ouvi o nome Bradley Manning antes de ter sido publicado na imprensa", disse Assange. "A tecnologia do WikiLeaks [foi] feita desde o começo para garantir que nós nunca saibamos as identidades ou nomes das pessoas que nos submetem o material. Isto é, no fim, a única forma de garantir que as fontes permanecerão anônimas", explicou.

Assange chamou ainda Manning de "um jovem que de alguma forma foi envolvido em nossas atividades de publicação". Em uma mensagem contraditória, Assange continuou: "nós podemos ver que ele é a única pessoa, apenas uma de nossas fontes militares, que foi acusada".

Manning está preso desde maio, suspeito de copiar telegramas diplomáticos e pelo vazamento de relatórios sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque ao WikiLeaks. Ele ainda é acusado de vazar vídeo, revelado em abril, que mostra o ataque de um helicóptero militar a civis, que matou dois jornalistas da agência de notícias Reuters.

Questionado se enfrentava uma conspiração dos EUA, Assange disse aos repórteres que "é uma investigação muito agressiva". "Similarmente, nos Estados Unidos, no que parece ser uma investigação secreta contra mim ou contra nossa organização, nenhum comentário foi feito sobre isso".

LIVRE

Assange passou nove dias preso em Londres, e foi solto nesta quinta-feira após o pagamento de uma fiança de 200 mil libras (cerca de R$ 530 mil). Ele rejeita as acusações, feitas por duas ex-voluntárias do WikiLeaks, de que teria adotado comportamentos que na Suécia são considerados formas de abuso sexual.

"Essa tem sido uma campanha difamatória muito bem sucedida, e muito errada", disse Assange à BBC na noite de quinta-feira, já instalado na mansão do ex-oficial do Exército britânico Vaughan Smith, em Suffolk, leste da Inglaterra.

Sem entrar em detalhes, ele previu novas difamações por parte das autoridades suecas, e disse que seus rivais aproveitam o caso para prejudicá-lo por causa do WikiLeaks, site que desde o mês passado vem divulgado mais de 250 mil comunicações sigilosas da diplomacia norte-americana, o que causou constrangimentos para os EUA e seus aliados.

"Basta olhar para o sorriso irônico do secretário de Defesa (dos EUA, Robert) Gates ao saber da minha prisão... para entender o valor disso para os adversários desta organização", disse Assange.

O anfitrião de Assange já disse que a conexão com a Internet na sua mansão, a cerca de três horas de viagem de Londres, não é muito boa. Assange afirmou que as condições no local são "um flagrante impedimento" ao seu trabalho, mas que isso não o impedirá de fazê-lo.

"Como vimos durante minha ausência, as coisas [no WikiLeaks] estão bem encaminhadas para funcionarem mesmo sem o meu envolvimento direto", afirmou.

Além de se instalar na casa de Smith, Assange terá de usar um localizador eletrônico e precisará respeitar um toque de recolher e se apresentar diariamente à polícia. O australiano e seus advogados não escondem o temor de que ele venha a ser indiciado também nos EUA, por espionagem.

Vendo a movimentação de jornalistas no meio da neve à espera de Assange na mansão de Suffolk, uma vizinha, Janice Game, 63, deu crédito ao novo hóspede da região.

"Não acho que Vaughan iria tê-lo em casa se não acreditasse completamente que ele é inocente", afirmou.

 

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