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Órgão do Vaticano esclarece declaração do papa sobre uso de camisinha
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DA ANSA
A Congregação para a Doutrina da Fé (órgão do Vaticano) esclareceu nesta terça-feira que as declarações do papa Bento 16 sobre o uso "excepcional" de preservativo "em alguns casos" para evitar a disseminação da Aids "não são uma alteração da doutrina moral nem da praxes pastoral da Igreja".
Segundo a nota da congregação, publicada no jornal "L'Osservatore Romano", do Vaticano, as palavras de Bento 16 divulgadas em um livro teriam sido "instrumentalizadas" e difundidas incorretamente.
A defesa polêmica sobre o uso do preservativo em determinadas situações teria sido feita na entrevista ao jornalista alemão Peter Seewald, publicada no livro lançado em novembro "Luce del mondo. Il Papa, la Chiesa e i segni dei tempi" (Luz do mundo -- O papa, a Igreja e os sinais dos tempos, em livre tradução).
"A ideia que das palavras de Bento 16 se possa deduzir que em alguns casos seja lícito recorrer ao uso do preservativo para evitar gestações indesejadas é totalmente arbitrária e não responde nem a suas palavras nem a seu pensamento", esclareceu a congregação, que foi liderada por Joseph Ratzinger até 2005.
Segundo o comunicado, difundido em várias línguas pela sala de imprensa vaticana, "o santo padre não diz que a prostituição com uso de preservativo possa ser licitamente escolhida como um mal menor, como alguns definiram", uma vez que "a Igreja ensina que a prostituição é imoral e deve ser combatida".
Na "ocasião do livro de entrevista do papa foram difundidas diversas interpretações não corretas que geraram confusão sobre a posição da Igreja Católica em relação a algumas questões da moral sexual", apontou a nota.
A congregação atestou que o pensamento do pontífice "foi instrumentalizado para objetivos e interesses estranhos ao sentido de suas palavras, que fica evidente quando se leem por inteiro os capítulos onde trata a sexualidade humana".
Segundo a congregação, "o interesse do santo padre aparece claro: reencontrar a grandeza do projeto de Deus sobre a sexualidade, evitando a banalização difundida atualmente".
Um exemplo seria quando "algumas interpretações apresentaram as palavras do papa como afirmações em contradição com a tradição moral da Igreja, hipótese que alguns saudaram como uma mudança positiva, e outros a receberam com preocupação, como se se tratasse de uma ruptura com a doutrina sobre a contracepção e com as atitudes eclesiásticas na luta contra a Aids".
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