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30/12/2010 - 02h32

João Paulo 2º marcou uma nova era no Vaticano

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IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
LUIZ FELIPE PONDÉ
COLUNISTA DA FOLHA

João Paulo 2º, papa de 1978 a 2005, foi contra a modernização da Igreja? Sim e não.

Não porque ele manteve as preocupações com o mundo moderno (ciência, democracia, geopolítica, novos costumes), sim porque ele preferiu um retorno às práticas espirituais, pastorais e litúrgicas da Igreja Católica, tais como a valorização dos santos, dos milagres, dos sacramentos e dos mistérios da fé, em detrimento das soluções modernas (soluções científicas e políticas).

Após sua morte em 2005, Bento 16 manteve o mesmo movimento, que podemos chamar de "reação de Roma". Mas reação a quê? À herança do Concílio Vaticano 2º (1961-65), importante marco para um período da Igreja Católica cujo "encerramento" se daria com a eleição de João Paulo 2º.

Plinio Lepri-28.dez.03/AP
O papa João Paulo 2º acena para fiéis durante missa celebrada na praça São Pedro, no Vaticano; ele marcou uma era no Vaticano
O papa João Paulo 2º acena para fiéis durante missa celebrada na praça São Pedro; ele marcou uma era

Todavia, não se trata de dizer que esses papas tenham negado o Vaticano 2º (o que seria um absurdo dentro da sistemática conciliar católica), mas sim que eles operaram uma correção de percurso desta herança.

O Vaticano 2º significou uma abertura da Igreja ao que seria um mal estar entre esta e a ciência, a modernização dos costumes e as injustiças sociais, assim como também uma tentativa de "democratização" da Igreja, isto é, uma ampliação da participação do laicato no seu cotidiano.

São basicamente dois os focos da reação romana:

1. A relação entre teologia católica e a politização desta, principalmente no Terceiro Mundo, por movimentos de matriz marxista.

2. As pressões por mudanças nas práticas institucionais da Igreja e suas relações com aspectos da doutrina católica tais como exegese bíblica liberal, fim do celibato, aborto, métodos de contracepção, ordenação de mulheres entre outros temas.

Testemunha da perseguição à Igreja sob o regime comunista, João Paulo 2º recusou o marxismo como "parceiro". O papa polonês teve sua figura associada à ruína do mundo soviético. Outro traço de seu papado foi a centralização ("romanização") da vida institucional e espiritual da instituição católica.

EXPLOSÃO DE PALMAS

"Entre os vários clichês do jornalismo, há o tal prazer de ser testemunha da história de seu tempo --como se todos não o fossem, em especial nessa era de conectividade tão exacerbada quanto vazia", afirma Igor Gielow, secretário de redação da sucursal de Brasília e repórter enviado para cobrir a escolha do papa Bento 16, que substituiu João Paulo 2º.

"Isso dito, a explosão de palmas na praça de São Pedro às 18h03 daquele nublado 19 de abril de 2005 é um tentador catalisador de clichês. Foi a hora em que os sinos confirmaram: a fumacinha cinza era branca, e "habemus papam". Depois da exaustiva cobertura da morte do popular João Paulo 2º, foram dias de espera inócua durante o conclave", lembra Gielow.

"A frustração estava encerrada, o clímax atingido, e mesmo o desalento de parte do público pela escolha óbvia de Ratzinger não empanou a satisfação de, perdoem-me enfim, ser um dos narradores daquele momento".

 

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