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OEA afasta brasileiro do Haiti por crítica à comunidade internacional
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DA EFE
A OEA (Organização dos Estados Americanos) afastou neste domingo o representante especial do grupo para o Haiti, o brasileiro Ricardo Seitenfus, após ter criticado o trabalho da comunidade internacional na ilha, devastada por um terremoto em janeiro deste ano, uma epidemia de cólera e envolta em uma crise política pelas eleições.
Além de suas responsabilidades no âmbito da OEA, Seitenfus foi o delegado do órgão, a Comissão Provisória para a Reconstrução do Haiti (CIRH). Seu mandato deveria acabar nos próximos meses.
Diplomatas da OEA disseram à agência de notícias Efe que Seitenfus foi "destituído" por causa de uma entrevista que deu ao jornal suíço "Le Temps". O brasileiro negou em entrevista a jornais que a entrevista tenha sido a causa única e alegou que o desgaste com a liderança da OEA vinha de longa data.
Na entrevista ao "Le Temps", o brasileiro questionou o papel da Minustah, a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti, que está no país desde 2004 e cujo braço militar é liderado pelo Brasil. Ele criticou ainda a política dos países em relação ao Haiti.
Seitenfus afirmou na entrevista, divulgada em 20 de dezembro, que a ONU tem "imposto a presença de suas tropas no Haiti, apesar de o país não viver uma situação de guerra civil".
"O Haiti não é uma ameaça internacional. Não estamos em situação de guerra civil. Haiti não é o Iraque ou o Afeganistão. E, mesmo assim, o Conselho de Segurança [da ONU], na ausência de alternativas, impôs os capacetes azuis desde 2004, após a saída do presidente [Jean-Bertrand Aristide]", disse o diplomata ao jornal suíço.
O diplomata brasileiro também disse na entrevista que o Haiti "na arena internacional, basicamente, paga pela sua proximidade com os Estados Unidos". "Haiti tem sido alvo de uma atenção negativa do sistema internacional. Isto se trata, para a ONU, de congelar o poder e transformar os haitianos em prisioneiros de sua própria ilha".
"Os haitianos cometeram o inaceitável em 1804 [ano da independência]: um crime de alta traição para um mundo inquieto. O Ocidente é, portanto, um mundo colonialista, escravista e racista que baseia sua riqueza na exploração das terras conquistadas. Assim, o modelo revolucionário haitiano dá medo nas grandes potências", acrescentou.
Seitenfus também analisa o papel das ONGs no Haiti, principalmente depois do terremoto de 12 de janeiro, observando que os voluntários que vieram depois do terremoto "desembarcaram no Haiti sem nenhuma experiência". "Depois do terramoto, a qualidade profissional caiu muito. Existe uma relação maléfica entre a força perversa das ONGs e o enfraquecimento do Estado haitiano".
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