Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
29/12/2010 - 16h25

Plano de ataque a jornal dinamarquês pode ter conexões internacionais; 5 foram presos

Publicidade

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

As polícias da Dinamarca e da Suécia prenderam nesta quarta-feira cinco pessoas suspeitas de planejarem um ataque contra o jornal dinamarquês que enfureceu muçulmanos em 2005, ao publicar charges mostrando o profeta Maomé.

A polícia de segurança da Dinamarca disse que os suspeitos planejavam entrar em edifício comercial de Copenhague que abriga vários jornais, incluindo a sede do jornal diário "Jyllands-Posten", para "matar o maior número possível de pessoas no local".

Niels Hougaard/AP - 27.out.10
Suspeitos tinham como alvo prédio comercial que abriga vários jornais, incluindo a sede do "Jyllands-Posten"
Suspeitos tinham como alvo prédio comercial que abriga vários jornais, incluindo a sede do "Jyllands-Posten"

O plano parece ter conexões com grupos terroristas internacionais e o objetivo era realizar ataques coordenados semelhantes aos de Mumbai (Índia) em 2008, segundo o chefe da polícia dinamarquesa.

"Nossa conclusão é que esse é um grupo militante islâmico e eles têm ligações com redes terroristas internacionais", disse Jakob Scharf, chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Dinamarquês, em entrevista coletiva.

O chefe da polícia sueca, Anders Danielsson, disse em entrevista coletiva que o plano de ataque na Dinamarca não tinha nenhuma ligação conhecida com as explosões de 11 de dezembro na capital sueca, Estocolmo.

Três dos detidos são cidadãos suecos, disse em comunicado a polícia de segurança sueca, Sapo. Quatro pessoas foram detidas na Dinamarca e uma na Suécia.

A polícia dinamarquesa encontrou uma metralhadora com silenciador, munição e tiras de plástico que poderiam ser usadas como algemas, sem informar onde os objetos foram apreendidos.

O ministro da Justiça dinamarquês, Lars Barfoed, disse que os detidos tinham "passado militante islâmico" e descreveu o plano como a tentativa mais séria desse tipo já feita na Dinamarca.

CHARGES POLÊMICAS

Em 30 de setembro de 2005, 12 cartuns foram publicados pelo jornal dinamarquês "Jyllands-Posten", um deles mostrando o turbante do profeta Maomé em formato de bomba. O jornal justificou dizendo que queria iniciar um debate sobre a liberdade de expressão.

Curiosamente, as manifestações contrárias começaram somente cinco meses depois da publicação, em fevereiro de 2006.

Pervez Masih/AP - 5.fev.06
Manifestantes queimam bandeira da Dinamarca em protesto contra a publicação de charges de Maomé
Manifestantes queimam bandeira da Dinamarca em protesto contra a publicação de charges de Maomé

Protestos violentos atingiram Paquistão, Síria, Irã, Líbano e faixa de Gaza, entre outros locais de maioria muçulmana. Missões diplomáticas dinamarquesas foram incendiadas no Oriente Médio.

Numa demonstração de solidariedade aos dinamarqueses, diversos órgãos de imprensa do mundo, sobretudo na Europa, republicaram as charges, aumentando a tensão. Em resposta, o Irã convocou um concurso de charges sobre judeus.

No ano passado, as charges causaram nova polêmica, quando a editora norte-americana de um livro sobre a crise recusou-se a republicar as imagens, o que causou protestos da autora.

OUTROS ATAQUES

Desde as charges de 2005 a região nórdica, em especial a Dinamarca, vem atraindo a ira de militantes islâmicos em todo o mundo.

Desenhos do profeta feitos em 2007 pelo artista sueco Lars Vilks suscitaram ultraje semelhante, mas não desencadearam violência imediata. Vilks já recebeu várias ameaças de morte, e sua casa foi alvo de um atentado incendiário.

Tanto a Dinamarca quanto a Suécia contribuíram com tropas para as forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), lideradas pelos EUA, no Afeganistão, e soldados dinamarqueses ficaram estacionados no Iraque após a invasão dos EUA.

No ano passado a polícia descobriu uma conspiração para atacar o "Jyllands-Posten", e em janeiro o criador da charge mais controversa foi atacado com um machado por um homem com vínculos com a Al Qaeda, mas escapou.

Em setembro passado, um homem detonou uma pequena explosão em um hotel de Copenhague. Mais tarde se descobriu que ele tinha um mapa com o endereço da sede do "Jyllands-Posten" na cidade de Aarhus.

SUÉCIA

A polícia sueca disse que os suspeitos não têm ligações com um atentado suicida ocorrido em Estocolmo há duas semanas, em que um homem se explodiu no momento em que se preparava para detonar bombas, possivelmente em uma estação de trem ou loja de departamentos, segundo a polícia.

Naquele incidente, um e-mail --que se acredita que tenha vindo do suicida-- foi enviado minutos antes do ataque, protestando contra os desenhos de Vilks e a presença militar da Suécia no Afeganistão.

A polícia disse que a polícia investiga se os suspeitos mais recentes estavam preparando ataques na Suécia.

O cartunista dinamarquês Kurt Westergaard disse ao diário dinamarquês Berlingkse Tidende que não prevê que essas ameaças acabem.

"Temo que isto continue pelo resto de minha vida. São forças islâmicas poderosas para as quais os desenhos viraram símbolos de tudo o que oprime e despreza o islã", ele teria declarado.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página