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06/01/2011 - 22h15

Coreia do Sul diz que oferta de diálogo do Norte é "propaganda"

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SYLVIA WESTALL E JACK KIM
DA REUTERS, EM SEUL

A Coreia do Sul não deu importância a um chamado da Coreia do Norte para conversas incondicionais, dizendo nesta quinta-feira que a oferta era "propaganda" que não deve ser levada a sério.

A iniciativa do Norte, na quarta-feira, ocorreu num momento em que um enviado dos Estados Unidos se reunia com autoridades chinesas e sul-coreanas. Eles discutiam formas de acalmar a península coreana e persuadir os norte-coreanos a interromper suas atividades nucleares.

A Coreia do Sul quer que o Norte se desculpe por um ataque que causou mortes em novembro em uma ilha em águas disputadas pelos dois países. O país afirmou que o chamado feito pelo diálogo é um gesto vazio.

"Anteriormente a Coreia do Norte fez afirmativas como essas no começo de ano... elas são feitos normalmente como parte da campanha de propaganda direcionada ao Sul", disse uma autoridade do Ministério da Unificação.

"Nós não consideramos isto como uma proposta séria de diálogo. Não foi sequer feita no formato correto e apropriado."

Os disparos de artilharia e o afundamento de uma embarcação sul-coreana em março, atribuído ao Norte, que nega responsabilidade, elevou a tensão na Ásia e aumentou a pressão pela retomada das negociações.

PODER DE BARGANHA

Os Estados Unidos, que pressionam a China a se impor sobre a Coreia do Norte, da qual é a mais importante aliada, mandaram o enviado Stephen Bosworth para conversações na Ásia. Ele está na China nesta quinta-feira e irá para o Japão na sexta-feira.

Em Washington, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e o chanceler japonês, Seiji Maehara, repetiram que a Coreia do Norte deve cessar o seu comportamento provocador, para que haja progresso na situação.

Analistas dizem que a agressão militar da Coreia do Norte, bem como a revelação de uma instalação nuclear de enriquecimento de urânio, antes secreta, são meios de elevar seu poder de barganha antes das conversações da qual tomam parte seis países -- um fórum de onde anteriormente os norte-coreanos obtiveram substancial ajuda alimentar.

"Ambos os lados mantiveram uma profunda troca de opiniões sobre a situação na península coreana e as negociações envolvendo seis partes", disse o Ministério de Relações Exteriores da China depois do encontro de Bosworth com autoridades locais.

Os dois lados concordaram em manter a paz e a estabilidade na região e levar adiante o processo envolvendo as seis partes no diálogo, afirmou a Chancelaria.

Embora as duas Coreias defendam o diálogo para solucionar a crise, o Sul, bem como os EUA, não querem ser vistos como cedendo ao Norte, com as conversações e concessões que deseja.

ANÁLISE

"Se este intercâmbio (Norte-Sul) é um passo sincero que os tire da beira do precipício ou simplesmente uma pausa antes de uma nova rodada de tensões, não se sabe", disseram Abraham Kim e Jack Pritchard, do Instituto de Economia da Coreia, em nota.

"Não é a primeira vez que Pyongyang age de modo reconciliatório depois de uma série de provocações."

A oferta de Pyongyang para conversações foi feita pela agência oficial norte-coreana de notícias, a KCNA. "Fazemos um apelo para uma abertura incondicional das conversações entre as autoridades com poder e responsabilidade reais", dizia o comunicado.

O funcionário sul-coreano disse que o Norte estava usando a declaração para fins domésticos e que Pyongyang precisava convencer o mundo que estava falando sério.

"O Norte precisa mostrar, não simplesmente fazendo ofertas de diálogo, que é sincero em suas intenções, depois da recente série de eventos."

Os Estados Unidos sugeriram que o Norte deve primeiro parar de provocar o seu vizinho, renovar o compromisso do pacto nuclear de 2005 e assumir a responsabilidade por ataques recentes.

"Estamos determinados a avançar, para acabar com o comportamento provocador, e mais uma vez nos concentrar na extinção de armas nucleares da península coreana", disse Hillary na quinta-feira.

"O importante é que a RDPC (Coreia do Norte) tome medidas concretas com sinceridade e boa fé", disse Maehara, do Japão, acrescentando que se a Coreia do Norte tomar medidas concretas, não haverá "nenhuma razão para rejeitar" a retomada de diálogo entre as seis partes.

O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, disse que pretende discutir a Coreia do Norte ao lado de outras questões como o Irã, quando visitar a China, de 9 a 12 de janeiro.

"Creio que a expansão do diálogo é muito importante", disse Gates.

 

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