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Itamaraty desaconselha viagens ao Egito e auxilia brasileiros
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DE SÃO PAULO
O Itamaraty informou em comunicado que o Brasil acompanha "com preocupação" a situação no Egito e que a a embaixada brasileira no Cairo desaconselha viagens ao país e auxilia os cidadãos que tentam deixar a capital egípcia.
"Repórter da Folha relata insegurança nas ruas do Egito
Veja galeria com fotos dos protestos
Veja vídeo de confronto entre egípcios e polícia
Ouça relato do repórter da Folha em Suez
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro espera ainda que o governo egípcio não utilize a violência para conter os protestos.
Sem dar maiores detalhes, a nota acrescenta que a embaixada na capital do Egito auxilia os brasileiros que tentam deixar o país de forma antecipada.
O Itamaraty divulgou telefones de emergência que podem ser usados pelos brasileiros que estão no Egito e pelos familiares no Brasil que buscam maiores informações: (00xx202) 2575-6877 e 2577-3013 e (00xx2010) 8177678.
RELATO DE BRASILEIRA
A brasileira Tatiana Cardoso, que estava com casamento marcado para a última sexta-feira (28) no Cairo, afirmou em depoimento à repórter Leila Correia que, após ter sua festa adiada pelas manifestações populares no país, vai participar do megaprotesto convocado pela oposição para esta terça-feira.
Ouça relato da brasileira:
Em entrevista à Folha por telefone, ela contou que teve de adiar indefinidamente a festa, na qual comemoraria seu casamento com seu noivo egípcio, por questões de segurança.
"De manhã, o chefe de segurança do condomínio veio conversar com o meu sogro, dizendo que estava preocupado com a situação", contou. "Os telefones ficaram mudos o dia inteiro. A gente ficou sem celular mais de 24 horas. Você não conseguia falar com fotógrafo, cabeleireiro. A gente percebia que as pessoas que vinham trabalhar no casamento não chegavam."
A brasileira contou que os celulares só voltaram a funcionar no sábado. "Mensagem não funciona ainda. Internet, ninguém que eu conheço tem."
Cerca de 30 pessoas --familiares e amigos-- saíram do Brasil para participar do casamento, incluindo os pais e o irmão de Tatiana. Eles estão em hotéis no centro do Cairo que, segundo ela, estão bem seguros. Mesmo assim, seus convidados estão em uma espécie de isolamento.
Embora os protestos tenham começado no último dia 25, Tatiana acredita que "o grande dia" será esta terça-feira, dia para o qual o o Movimento 6 de Abril, o grupo de oposição que iniciou as manifestações, convocou um megaprotesto, esperando reunir 1 milhão de pessoas exatamente uma semana após o início dos protestos pela queda do ditador Hosni Mubarak.
"Está todo mundo revoltado. Ele [Mubarak] não larga o osso", afirmou. "Eles [os egípcios] não querem que ele refaça a administração dele, o povo quer a cabeça dele."
Com bom humor, a brasileira diz que deve esperar "um pouco a poeira abaixar" para decidir o que fazer a respeito do casamento --a cerimônia oficial ocorreu na última quarta-feira (26); a festa seria na sexta.
"Eu brinquei que amanhã eu vou na passeata porque quero o Mubarak fora porque, como ele avacalhou a data do meu casamento, agora quem quer ele fora sou eu", disse, entre risos.
CENÁRIO
Nesta segunda-feira, ela conseguiu ir até o centro da capital egípcia, mas não conseguiu chegar ao hotel onde está hospedada sua mãe porque o início do toque de recolher estava próximo.
"Quando você chega na cidade, você vê vários carros queimados", contou. "Mais perto do centro, você vê muitos jovens com a vassoura na mão, limpando a bagunça. E olha que aqui é tudo sujo."
Tatiana contou também que é a população que está organizando e controlando o trânsito, já que não há polícia na rua desde que os tanques do Exército chegaram.
Às 19h, os homens vão às ruas, com armas improvisadas --como pedaços de pau-- para proteger as casas de saques. Mas alguns ocorreram. Um hipermercado perto do condomínio onde ela vive foi saqueado.
A vida no Cairo, segundo ela, está longe de estar normal. "Ninguém está indo para os escritórios", relatou. O metrô não está funcionando, o comércio está todo fechado. Nas lojas, tem sempre uma pessoa na porta para não deixar as pessoas saquearem."
APOIO BRASILEIRO
Tatiana reclamou que, desde sexta-feira, não consegue falar com a Embaixada do Brasil no Cairo.
"Todas as embaixadas dão alguma orientação para seus cidadãos. A embaixada brasileira não atende [o telefone de emergência] desde sexta-feira à tarde", contou.
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