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02/02/2011 - 22h48

ElBaradei busca acalmar os EUA; revoltas ferem 1.500 no Egito

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Um dos principais líderes da oposição egípcia, Mohamed ElBaradei, deu entrevista à emissora americana CBS News buscando acalmar os temores de que um novo governo no Egito possa virar as costas aos aliados Israel e Estados Unidos.

"A versão de que uma vez que o Egito seja uma democracia se tornará hostil com Estados Unidos e Israel é uma ficção", disse ElBaradei à rede de televisão americana CBS News.

O veterano diplomata, que era respeitado internacionalmente, mas pouco conhecido nas ruas egípcias, tornou-se uma importante figura nos dias de intensos protestos contra o ditador Hosni Mubarak, há 30 anos no poder.

FERIDOS

A rede de TV Al Jazeera, com base no Qatar, e a agência de notícias Reuters informam que fontes médicas do Cairo confirmam que o número de feridos nos confrontos entre os manifestantes que exigem a queda do ditador Hosni Mubarak, há 30 anos no poder, e seus defensores já deixam ao menos três mortos e 1.500 feridos no Egito somente nesta quarta-feira.

O número mais recente havia sido divulgado pelo ministro egípcio da Saúde, Ahmed Sameh Farid, e dava conta de três mortos e 639 feridos.

De acordo com o ministro, a primeira vítima seria um militar que caiu de uma ponte perto da praça Tahrir, epicentro das manifestações. A segunda vítima teria morrido após sofrer golpes na cabeça. A maior parte dos feridos foi encaminhada para o hospital Qasr al Aini.

Yannis Behrakis /Reuters
Dezenas de coquetéis molotov lançados pelos manifestantes no centro do Cairo incendeiam carro; ao menos três morreram
Dezenas de coquetéis molotov lançados pelos manifestantes no centro do Cairo incendeiam carro; ao menos três morreram

Desafiando o toque de recolher e os pedidos do governo para que deixem as ruas e voltem para suas casas, os críticos e defensores de Mubarak, há 30 anos no poder, continuaram a protagonizar confrontos na praça.

Ainda na noite desta quarta a emissora americana CNN reportou que manifestantes que defendem Mubarak disseram a seus repórteres que são funcionários de uma indústria química estatal e foram enviados por seus chefes à praça Tahrir e que muitos outros são na verdade policiais.

Durante a tarde uma repórter da CNN já havia destacado durante a cobertura ao vivo que os defensores do regime empunhavam cartazes feitos de maneira "extremamente profissional", com fotos de Hosni Mubarak.

Hannibal Hanschke/AFP
Manifestante egípcio antigoverno protesta sobre um tanque do Exército na noite desta quarta-feira; 1.500 ficaram feridos
Manifestante egípcio antigoverno protesta sobre um tanque do Exército na noite desta quarta-feira; 1.500 ficaram feridos

"Não são o tipo de cartaz que alguém empunharia caso estivesse em casa e decidisse espontaneamente ir às ruas para protestar", disse a jormalista da rede enviada ao Cairo, Hala Gorani.

O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, fez referência ao tema durante à tarde. "Se algum tipo de violência no Egito for instigada pelo governo, deveria ser interrompida imediatamente", disse.

Jornalistas do britânico "The Guardian" afirmaram em seu liveblog que manifestantes nas ruas do Cairo revelaram ter encontrado identificações policiais em alguns dos defensores do ditador Hosni Mubarak.

CAOS

Imagens aéreas da CNN dão uma amostra da gravidade da situação no local. Dezenas de manifestantes correm assustados, um tanque do Exército tenta dispersar a multidão e explosões de coquetéis molotov são vistas repetidamente.

Tiros de metralhadora foram disparados ao ar momentaneamente, mas não houve feridos, aparentemente.

Hannibal Hanschke/Efe
Manifestantes correm assustados após tiros de metralhadora serem disparados para o alto; caos se intensifica
Manifestantes correm assustados após tiros de metralhadora serem disparados para o alto; caos se intensifica

A CNN mostra lado a lado suas imagens e as transmitidas pela TV estatal egípcia, gravadas de um ângulo muito mais afastado que não revela os detalhes do que ocorre na praça Tahrir neste momento.

VICE

Mais cedo, o vice-presidente egípcio Omar Suleiman disse à agência estatal Mena que os manifestantes deveriam voltar para casa.

"Os participantes nesses protestos transmitiram suas mensagens, tanto aqueles exigindo reformas como aqueles que saíram em apoio ao presidente Hosni Mubarak", disse.

Logo depois ele reforçou seu pedido a "todos os cidadãos que voltem para suas casas e respeitem o toque de recolher para aumentar os esforços das autoridades para restaurar a calma e a estabilidade, e limitar as perdas que os protestos já causaram ao Egito desde a semana passada".

Amr Abdallah Dalsh /Reuters
Vista aérea da praça Tahrir, no centro da capital egípcia; à noite, local ainda é palco de intensos confrontos
Vista aérea da praça Tahrir, no centro da capital egípcia; à noite, local ainda é palco de intensos confrontos

Anteriormente o ministro da Saúde do Egito, Ahmed Farid, confirmou à TV estatal egípcia que os confrontos entre os manifestantes que protestam contra o ditador egípcio Hosni Mubarak e seus defensores já deixaram 611 feridos, acrescentando que até o momento não há ferimentos a bala.

Mais cedo fontes oficiais tinham indicado que mais de 400 pessoas já tinham sido feridas. O único morto confirmado até o momento seria um soldaso que caiu de uma ponte, indica o governo.

PROTESTOS

Manifestantes pró e antigoverno no Egito se enfrentaram nesta quarta-feira na praça Tahrir, epicentro dos protestos pela queda do ditador Hosni Mubarak, no poder há 30 anos. O enviado especial da Folha ao Cairo, Samy Adghirni, estava no local e relata como aconteceram os confrontos.

Samy Adghirni

Um grupo de milhares de partidários de Mubarak invadiu mais cedo a praça Tahrir, onde há nove dias manifestantes contrários ao regime acampam e protestam por sua renúncia imediata. Portando paus e chicotes, eles entraram com cavalos e dromedários na praça localizada no centro do Cairo.

Ben Curtis/AP
Manifestantes pró-governo (abaixo) enfrentam os egícpios anti-Mubarak na praça Tahrir, no centro do Cairo
Manifestantes pró-governo (abaixo) enfrentam os egícpios anti-Mubarak na praça Tahrir, no centro do Cairo

Os manifestantes antigoverno afirmam que alguns dos simpatizantes de Mubarak eram policiais à paisana, em uma estratégia para acabar com os protestos --que levaram o ditador a anunciar, na véspera, que não concorrerá nas eleições de setembro.

"O PND (Partido Nacional Democrata) pró-Mubarak e a polícia secreta vestida à paisana invadiram a praça para acabar com o protesto", afirmou o manifestante Mohammed Zomor, 63.

Não há sinal, contudo, de intervenção do Exército para conter o conflito. Mais cedo, um porta-voz das Forças Armadas pediu aos manifestantes que encerrassem os protestos, já que as demandas foram ouvidas, e permitissem que o país voltasse à normalidade.

Imagens da televisão Al Jazeera mostraram manifestantes pró e contra o governo atirando objetos uns contra os outros. Alguns carregavam porretes. Já as imagens da rede americana CNN mostram partidários de Mubarak atacando os manifestantes com cassetetes e pedaços de pau, montados sobre dromedários e cavalos.

As agências de notícias citam dezenas de feridos sendo removidos do local, alguns com sangue escorrendo da cabeça. Mas não há nenhum saldo oficial de vítimas.

###CRÉDITO###

 

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