Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
04/02/2011 - 10h39

Ex-general e atual premiê é escolhido presidente de Mianmar

Publicidade

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O premiê de Mianmar, Thein Sein, foi escolhido nesta sexta-feira para se tornar o primeiro presidente civil do país, comandado por uma junta militar, em 50 anos, uma ação tida como "cosmética", já que o Exército continuará influenciando fortemente a política.

A escolha de Thein Sein, 65, leal ao líder militar birmanês, o general Than Shwe, oferece uma pequena chance de reformas econômicas e sociais no país, rico em recursos mas que tem sofrido há décadas sob brutais ditaduras militares.

"Ele é perfeito para Than Shwe. Tem um bom histórico, nenhuma agenda política, nenhum plano de reformas e não tomará nenhuma iniciativa", afirmou Aung Thu Nyein, um proeminente acadêmico birmanês, educado nos Estados Unidos.

Julian Abram Wainwright/Efe
Foto de 6 de junho de 2010 de Thein Sein, atual premiê e eleito o primeiro presidente civil de Mianmar em 50 anos
Foto de 6 de junho de 2010 de Thein Sein, atual premiê e eleito o primeiro presidente civil de Mianmar em 50 anos

Thein Sein é um soldado de carreira e general que entrou para a junta militar em 1997, crescendo até substituir o general Soe Win como premiê em 2007. É a face internacional do regime em fóruns internacionais, nos quais fica longe do foco da mídia.

Sua nomeação é um mau sinal para a reconciliação nacional que a Prêmio Nobel da Paz e recentemente libertada Aung San Suu Kyi disse ser crucial para o desenvolvimento. A afirmação da ativista pró-democracia foi feita por telefone em 28 de janeiro a líderes mundiais que se reuniam em Davos, na Suíça.

Muitos diplomatas e analistas esperam que o novo presidente mantenha o status quo autoritário em Mianmar, com Than Shwe, 78, exercendo influência nos bastidores. Com seu homem de confiança no comando, Than Shwe pode confiar no governo para proteção contra inimigos e rivais.

"Isso é garantia para Than Shwe. Ele não está preocupado com Aung San Suu Kyi ou uma revolta popular. Ele está preocupado com todas as pessoas no Exército que ele desprezou e excluiu", disse Aung Naing Oo, acadêmico birmanês do Instituto de Desenvolvimento de Vahu, um grupo de defesa na Tailândia.

"Ele tem feito muitos inimigos. Ele sabe que seu momento em breve terá acabado e não deseja ir para baixo, pelo mesmo caminho que seu predecessor", afirmou, se referindo ao ex-ditador Ne Win, a quem Than Shwe expurgou e colocou sob prisão domiciliar em 2002.

ELEIÇÃO COREOGRAFADA

A escolha de Thein Sein segue-se a uma eleição coreografada realizada em 7 de novembro na ex-colônia britânica e a abertura do Parlamento em 31 de janeiro na nova capital do país, Naypyitaw, um processo condenado por grupos de direitos humanos como destinado a entrincheiras o poder do Exército por trás de uma fachada democrática.

O Parlamento é 83% controlado por militares na ativa ou aposentados, aliados ao regime, e que irão ocupar cargos no gabinete ou posições ministeriais regionais.

As eleições foram boicotadas por Suu Kyi e seu partido, a Liga Nacional pela Democracia (LND), que consideravam que os generais buscavam se perpetuar no poder.

No final de janeiro, o Supremo Tribunal rechaçou o último de três recursos que Suu Kyi podia apresentar contra a ordem de dissolução de seu partido, ditada em maio passado pela Comissão Eleitoral, alegando que a LND não havia participado do pleito.

Após sete anos e meio de prisão domiciliar continuada e quase 16 anos de prisão descontínua, Suu Kyi foi libertada em 13 de novembro do ano passado, seis dias depois das eleições.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página