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"Conversas começaram", revela Obama sobre o Egito
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ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Aumentando a pressão pública sobre o Cairo, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou ontem que está em negociações diretas com representantes do governo egípcio para conseguir "reformas significativas" que poriam fim a uma ditadura de mais de 30 anos no país.
"Os detalhes dessa transição serão decididos pelos egípcios. Algumas conversas começaram. Estamos fazendo amplas consultas no Egito e junto à comunidade internacional", declarou o presidente, em rápido comunicado na Casa Branca.
"É preciso uma mudança real", prosseguiu o presidente americano. "Não adianta fazer alguns gestos à oposição", disse.
As declarações do presidente vão na mesma direção de informação publicada anteontem pelo jornal "New York Times", de que o plano da diplomacia americana é substituir Mubarak pelo seu vice, Omar Suleiman.
Ele comandaria um governo de transição, com membros da oposição, até eleições, no segundo semestre.
Suleiman, ex-chefe do serviço de espionagem egípcio, é considerado o braço direito do ditador e tem laços fortes com os governos americano e israelense. A dúvida é se sua nomeação seria aceitável para as massas de opositores nas ruas.
Obama, ontem, não chegou a mencionar nominalmente Suleiman como uma opção para resolver o impasse, no entanto. Tampouco pediu explicitamente a renúncia de Mubarak.
Mas afirmou que o atual presidente "tem que escutar o que as pessoas estão expressando e decidir o rumo a seguir de maneira ordenada, significativa e séria".
CIA
Os EUA foram pegos de surpresa pela força da revolta no Egito em parte porque a CIA não prestou atenção em informações disponíveis em sites como Facebook e Twitter, afirmaram nesta semana senadores americanos em duras críticas contra a agência de inteligência.
O presidente Obama também se disse insatisfeito com a atuação recente da agência e enviou um recado ao diretor de Inteligência Nacional, James Clapper, de que está "decepcionado".
As críticas tocaram em dois pontos sensíveis para agentes de inteligência americanos.
Um é a própria falha em se antecipar a acontecimentos muitas vezes previsíveis, uma pecha da CIA exacerbada depois do 11 de Setembro.
Outro é a dificuldade de o governo se adequar aos novos usos de mídias sociais e da internet. Há meses a Casa Branca vem tentando preparar legislação para facilitar espionagem no Twitter e no Facebook, algo controverso e ainda sem sucesso.
A CIA se defendeu afirmando que alertou o governo sobre "sinais de instabilidade" no Egito ainda no ano passado. "Não sabíamos o que seria o estopim [da revolta]", disse Stephanie O'Sullivan, indicada a número dois da agência e que estava sendo sabatinada pelo Senado.
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